Eduarda voltou para a sala com a mesma expressão de antes: neutra, tranquila, quase entediada. Mas por dentro, a adrenalina ainda dançava em suas veias. Sentou-se ao lado de Catarina e deu um leve sorriso.
— Tá tudo bem? — perguntou Sofia, sussurrando, ao perceber que Eduarda ajeitava a blusa como se algo tivesse acontecido.
— Tudo certo. Arthur só queria... falar besteira. Nada importante.
Mentiu com uma naturalidade assustadora.
As duas amigas se entreolharam, desconfiadas, mas não insistiram. Ao longe, Arthur observava da porta da sala, confuso. Ele não havia mandado recado nenhum. Muito menos chamado Eduarda pra ir atrás da escola.
O que aquela garota estava escondendo?
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Minutos depois, atrás da escola, o caos reinava.
Os três garotos do terceiro ano gemiam de dor, espalhados pelo chão. Um deles tentava levantar com dificuldade, com a boca sangrando. O outro tossia sem parar. O terceiro sequer conseguia falar.
Eloá chegou esbaforida, saltando o muro baixo da lateral com um brilho de triunfo nos olhos... que se apagou assim que viu a cena.
— O que... que aconteceu?! — perguntou, correndo até eles.
— Aquela... maluca... — murmurou um dos garotos. — Ela bateu na gente. Em nós três. Sozinha!
— Vocês deixaram uma menina de um metro e meio derrubar os três? — gritou Eloá, furiosa. — COMO?!
— Ela luta, sei lá! — respondeu o outro. — Nunca vi aquilo... parecia um furacão. Fria. Rápida. Perigosa.
Eloá sentiu o sangue ferver. Não apenas seu plano falhou — ele voltou contra ela.
Ela fechou os punhos, o rosto vermelho de vergonha e raiva.
— Isso não vai ficar assim... — sussurrou, antes de sair dali às pressas, ignorando os gemidos atrás de si.
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Durante a última aula, Arthur mal prestava atenção no quadro. Seus olhos não saíam de Eduarda. Ela estava tranquila demais. Serena até demais.
Na cabeça dele, as peças não se encaixavam. Se ela não foi atrás da escola por ele, por que foi? E com quem falou?
Na saída, ele decidiu tirar a dúvida direto.
Esperou ela sair do portão, sozinha, já que Catarina e Sofia ficaram na biblioteca, e a alcançou com passos firmes.
— Eduarda.
Ela se virou devagar.
— Oi, Arthur.
— Eu não mandei ninguém te chamar hoje. Só pra deixar claro.
Ela arqueou uma sobrancelha, como se isso não fosse surpresa nenhuma.
— Eu sei.
Ele franziu a testa.
— E por que você foi?
Ela sorriu de leve, inclinando a cabeça.
— Curiosidade. Gosto de ver até onde certas pessoas conseguem ir quando estão desesperadas.
Arthur engoliu seco. Aquilo era uma indireta clara... pra Eloá. E talvez mais do que isso.
— Aconteceu alguma coisa lá? — perguntou, tentando parecer casual.
— Nada que eu não soubesse lidar.
Ela deu um passo mais perto dele.
— Mas obrigada por se preocupar... mesmo sem ter chamado.
E então, como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo, Eduarda virou as costas e foi embora, deixando Arthur com uma mistura de admiração e apreensão nos olhos.
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Naquela noite, enquanto Eloá trancava a porta do quarto com raiva, jogando as coisas no chão, Arthur deitava na cama sem conseguir dormir. E Eduarda, deitada olhando pro teto do quarto, sussurrava para si mesma:
— A próxima que tentar, não vou ser tão gentil.
Porque agora, ela tinha um alvo nas costas — e quem atira primeiro, raramente vence
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Atualizado até capítulo 55
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