Teste final (ou a quase derrota de um plano meticuloso)

A conversa seguia. Tranquila. Fluida. Razoavelmente sem drama. O churrasco já era só memória (e gordura na borda do prato), Ana ria com Dylan, Elijah respondia alguma piada com a voz rouca e arrastada, e Noah...

Noah tava em pânico.

Claro, por fora era só sorrisinho educado, ajeitada no cabelo, mão repousada no colo, respiração impecavelmente controlada. Mas por dentro? Um apocalipse de pensamentos rodando em velocidade 5G.

Porque, sinceramente?

Ele não fazia ideia do que fazer agora.

Desde que o churrasco começou, Elijah tinha passado em todos os testes. Sim, todos. Inclusive os escondidos. Os que Noah nem sabia que tava aplicando até ver o alfa sair ileso.

E esse era o problema.

Noah nunca foi “exigente” de verdade. Isso era só o que ele dizia, repetia, fazia parecer. Mas na real? Aquilo começou como escudo. Porque três anos atrás — ou oitocentos ciclos lunares, dependendo de como se conta trauma — ele namorava. E o tal alfa era, com todas as letras, um babaca. Daqueles que te fazem repensar toda a existência do afeto.

Depois disso? Noah até tentou. Deu chances. Se esforçou. Foi fofo. E adivinha? Todos os outros alfas conseguiram, de alguma forma, superar o anterior em estupidez. Era como se os deuses do destino tivessem falado “Ah, você quer se apaixonar? Que tal mais um idiota?”.

Então, em vez de amar, Noah passou a testar.

Em vez de confiar, ele analisava.

Em vez de sentir, ele catalogava sinais de alerta.

Mesmo pros ficantes. Mesmo pra um beijo. Mesmo pra um churrasco.

E aí estava Elijah.

Passando em tudo. Sem tentar.

Sem pose, sem truque, sem charme ensaiado.

Só sendo ele: um vagabundo aparentemente funcional com a voz mais sexy de Los Angeles e a cabeça... surpreendentemente boa.

Noah nem conseguia se irritar com ele. E isso era desesperador.

Porque Elijah não fazia o tipo “confiável”. Ele fazia o tipo “acordei na sua casa, mas juro que não roubei nada”.

Só que, no fundo, Elijah era gentil. Atencioso. Sabia conversar. Sabia ouvir. Sabia até de moda, por algum milagre divino envolvendo quatro irmãs e uma mãe solo que, segundo ele, era a Mulher-Maravilha versão latina com um chinelo na mão e sabedoria de vida no olhar.

E Noah, que nunca admitiria em voz alta, já estava formulando pensamentos perigosos do tipo “se ele não fosse tão vagabundo eu casava”. Ou, pior: “dava até pra ter um ninho juntos”.

ALERTA. ALERTA. DESVIAR.

Ele respirou fundo. Estalou os dedos. Ajeitou a postura. Olhou pro copo.

Qualquer coisa pra não olhar pra aquele alfa que estava... ganhando.

Até Elijah virar pro lado, olhar pra ele de canto e perguntar, baixinho:

— Tá tudo bem?

Noah se viu forçado a encarar. Os olhos dourados. O rosto meio amassado de preguiça. A boca entreaberta como sempre, como se estivesse prestes a soprar uma resposta idiota ou um beijo de surpresa.

— Tô — respondeu Noah, rápido demais. — Só pensando.

— Em quê?

Noah deu de ombros, fingindo casualidade.

— Em como você ainda não foi reprovado.

Elijah sorriu. Devagar. Como quem entendeu tudo. Mas preferiu não comentar.

— Boa. Vamos ver até quando eu fico com nota azul.

E voltou a olhar pra frente, como se não tivesse acabado de cravar um flerte com duplo sentido e nota mental de “esse ômega me testa e eu adoro”.

Noah virou o rosto.

E sorriu.

Sozinho.

Sem ninguém ver.

Perigo. Perigo real. Emoção detectada.

Reavaliar estratégia em 3... 2...

Mas era tarde demais.

Capítulos
Capítulos

Atualizado até capítulo 26

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!