Mated My Nemesis

Mated My Nemesis

Isso Tem Cheiro de Armadilha

Se Los Angeles fosse um cenário de romance clichê, Noah Sinclair seria o figurante bonito que ofusca os protagonistas.

Corta a cena: céu limpo, sol dourado de fim de tarde, aquelas folhas secas voando artisticamente pelo chão, como se o vento tivesse feito estágio em cinema francês.

Noah estava sentado num banco de madeira em um parque qualquer — um daqueles que ninguém sabe o nome, mas todo mundo já viu em story alheio. Fones de ouvido enormes repousavam sobre os ombros, o estojo do violino ao lado, aberto como se fosse uma obra de arte exposta. E ele estava ali, tocando como se o parque fosse sua plateia pessoal.

Cabelo loiro escandalosamente bonito, jogado de um lado pro outro como se ele tivesse feito um comercial de shampoo antes de sair de casa (spoiler: ele fez mesmo, só que no espelho). Pele impecável, olhos de quem já julgou 17 passantes só naquela tarde e não se arrepende de nenhum julgamento. Blusão de tricô vintage, calça bem cortada e um tênis branco tão limpo que dava vontade de andar descalço perto dele por respeito.

No colo, repousava um romance — com um marcador personalizado e anotações nas margens, claro. Ele tinha acabado de ler um capítulo digno de suspiro, talvez até um “ai, queria”. Mas foi interrompido.

VIBRAÇÃO.

Celular tocando. Tela: “Ana – Aquela Desesperada por Pares”.

— “Se for sobre arrumar um namorado pro amigo do seu namorado, pode desligar,” ele disse... sozinho, antes mesmo de atender.

Mas atendeu.

— “Oiiiii... você tá ocupado?” veio a voz da Ana, melosa, disfarçando culpa com açúcar.

— “Se for convite pra ajudar a escolher look pro encontro, talvez.”

— “Pior! É convite pra SER o look.”

— “Recusado.”

— “Você nem ouviu!”

— “Se envolve homem hétero ‘desconstruído’ ou gente que fala ‘me chama de vida’, tô fora.”

— “Não, calma! O cara é bi. Ômega-friendly, segundo meu boy.”

— “Parabéns, então agora ele é gourmet?”

— “Ele é gato, Noah.”

— “Gato não limpa banheiro, Ana.”

— “Ele é tatuado.”

— Silêncio.

— “Ele tem cara de bad boy meio perdido e trabalha editando vídeo.”

— Silêncio mais longo.

— “Ele toca violão.”

Noah suspirou. Alto. Daqueles que saem com legenda: “Estou prestes a cometer um erro.”

— “Ok. Mas só se for churrascaria chique. E se eu não gostar, eu sumo no meio do passeio.”

— “Perfeito! 20h, Chamas Prime Grill. Depois a gente vai andar pela cidade, tomar um sorvete, ver as luzes, talvez se beijar com gosto de picanha... enfim!”

Desligou antes que Noah se arrependesse.

Ele olhou pro nada. Depois pro livro. Depois pro céu.

— “Eu vou mesmo numa armadilha de casal hétero com um alfa aleatório viciado em whey e ego.”

Mas ele já estava aceitando. E no fundo, lá no fundo mesmo... uma parte dele estava curiosa.

Corta a cena. Sol indo embora. Violino sendo guardado. Um ômega muito bonito encarando a própria sorte e escolhendo o perfume mais caro pra lidar com o desconhecido. Porque se vai passar raiva, que seja perfumado.

---

Cena Extra – “Mas Que Roupa Se Usa Pra Armadilha?”

Corta a cena: apartamento do Noah. Organizado, cheiroso, com mais cremes de skincare do que panelas na cozinha.

Noah estava de frente pro espelho, de toalha na cabeça, pele brilhando mais que a alma de quem acabou de sair de banho caro com espuma até a alma.

O armário estava escancarado como se ele estivesse sendo assaltado por si mesmo.

— “Roupa de churrascaria casual sexy sem parecer desesperado... Existe esse dress code?”

Ele puxou uma blusa. Jogou em cima da cama. Puxou outra. Fez a mesma coisa. Em menos de cinco minutos, já tinha mais tecido no colchão do que em desfile da Prada.

— “Pelo menos eu vou encontrar um alfa. Um alfa. Sem precisar abrir app, dar like, lidar com esquisito que chama de ‘mozão’ no segundo dia...”

Ele disse isso enquanto passava creme no rosto. Claro.

— “E se for bonito... talvez eu até fique com ele. Só hoje. Só uma ficadinha básica. Ninguém se apega. Nada sério.”

Ele parou. Se olhou no espelho. Deu uma risadinha debochada.

— “Como se alguma coisa na minha vida nunca virasse drama.”

Noah voltou pro closet improvisado (também conhecido como ‘metade do quarto dele’) e ficou encarando duas opções de camisa: uma branca, decotada no limite da classe, e outra preta, justa no limite da indecência.

— “Se ele for feio, eu volto pra casa e mato a Ana.”

— “Se ele for insuportável, eu volto mais cedo e mato a Ana.”

— “Se ele for um gostoso que me deixa sem paciência, eu fico... e depois mato a Ana por me enfiar nisso.”

Enquanto passava gloss com acabamento de passarela, Noah nem imaginava que aquele alfa que ele nem conhecia ainda…

...iria entrar na vida dele como quem não quer nada, e acabar nunca mais saindo.

Nunca mais.

Tipo, mesmo.

(Talvez nem na próxima encarnação.)

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Comments

Deise💙Fujoshi sem salvação💙

Deise💙Fujoshi sem salvação💙

Já gostei do primeiro capítulo/Smile/

2025-05-30

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Atualizado até capítulo 26

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