Se alguém visse a cena, ia achar que eu era só mais um cara bonito tomando café da manhã com vista para a piscina, sem camisa, cabelo bagunçado, calça de moletom baixa o suficiente para deixar tatuagem à mostra e… sorriso de quem dormiu bem demais, um sábado diferente, uma folga em família, e amava isso.
Mas a verdade? Eu nunca dormia tranquilo. Não quando se é um herdeiro Mansur, o sobrenome traz um grande alvo e como não podem nos tocar tentam atingir as meninas, precisamos estar sempre observando.
Eu sou Théo. O filho de Suzan — aquele que fazia os chefes ajoelharem só com o olhar — e de Laura, a italiana que nunca parava de sorrir… até meter uma faca em alguém que desrespeitasse a mesa.
Sangue quente. Do tipo que ferve fácil e que ninguém consegue apagar.
Elas me criaram no meio de armas, ternos caros, códigos antigos e abraços de verdade. Cresci no meio do caos, mas com ternura. Sou o resultado de duas mentes perigosamente brilhantes e, segundo minha última ficante, eu deveria ser considerado “a primeira maravilha da terra” — modesta ela.
Dou risada até hoje.
Meus primos todos já casaram. Aqueles idiotas corajosos. Noah com Alana, Enzo com Giulia, Belinda, Rafa, enfim, sou o último solteiro. Juro, é como se todo mundo aqui decidisse colecionar esposas explosivas.
Minha obrigação agora é me divertir e ajudar a cuidar da Laurinha, a menina linda de oito anos hoje, ela foi adotada pela minha mãe e virou minha princesa.
Eu? Ainda tô no time dos livres.
Mulheres? Amo. Mas nenhuma conseguiu ficar mais do que uma madrugada — e nem tentei. Porque o que eu faço… não dá para dividir com ninguém.
E não me leve a mal. Eu sou educado, charmoso, bom de cama — modéstia zero — mas também sou letal. Não tem como separar as coisas, facilmente colocaria alguém em risco e não estou pronto para isso.
Aqui no complexo, as crianças correm no jardim como se vivessem num conto de fadas. Acham que somos só uma grande família com seguranças demais.
E talvez sejamos.
Mas quem conhece o outro lado… sabe que a Máfia Mansur não é só sangue e tradição. É o poder. É o controle. É o nome que nunca caiu — e nunca vai cair.
Quem vê a gente em jantares familiares não imagina as guerras que vencemos, nem os corpos que deixamos para trás.
É por isso que eu gosto dessas manhãs. Antes do caos.
O sol batendo no café. O mar calmo. A ilusão de que sou só um cara bonito com a vida perfeita.
Até que…
📱 Telefone vibrando: Delegado Marcus
Arqueei a sobrancelha. Interessante.
Atendi, girando a xícara entre os dedos.
— Delegado Marcus? A que devo a ligação, meu amigo?
Sorri.
Porque se ele me ligou…
É porque vem merda grande por aí.
E, sinceramente?
Tô pronto.
***
Noah estava de pé no terraço, como sempre, de braços cruzados, parecendo mais velho do que os 30 anos que tinha. O novo Don da família. Meu primo. Meu irmão de vida. O cara mais racional e estrategista que eu conheço.
— Vai me dizer que a Suzan descobriu que você usou o helicóptero dela para pegar uma ruiva na Sardenha? — ele soltou, sem me olhar.
— Não dessa vez, capo.
— Então? — ele questionou.
Cheguei perto, coçando a nuca.
— Preciso ir para os Estados Unidos.
— Motivo?
— Marcus me chamou. Uma garota que ele mantém um relacionamento foi atacada com a filha e a baba. Situação estranha, gente grande envolvida. Ele quer que eu cuide da situação com tráfico de meninas. Que descubra quem tá por trás.
— É missão de proteção ou execução?
— Vai acabar sendo os dois. Você me conhece.
Noah encarou o horizonte, depois me olhou nos olhos.
— Théo… isso não é férias.
— Eu sei.
— Se for pessoal, volta. Se for pesado, chama reforço. Não some.
— Relaxa. Tô levando meus instintos. E duas pistolas.
— Leva o colete. E evita se apaixonar.
— Agora você tá me pedindo o impossível.
Ele riu — só de um lado da boca, como sempre fazia quando algo o preocupava.
— Vai. Mas volta inteiro.
Bati no peito dele duas vezes, como fazíamos desde moleques.
— Sempre volto, primo.
Minutos depois, entrei na ala residencial e ouvi vozes baixas e o cheiro de café fresco. Meus pais estavam juntos, como sempre — uma lendo o jornal, a outra distribuindo frutas como se fossem armas.
— Suas malas tão prontas? — perguntou Laura, sem nem levantar os olhos.
— Você leu minha mente.
— Eu leio seu andar. Tá indo para guerra?
— Ainda não. Mas posso acabar lá.
— Estados Unidos? — perguntou meu pai, com a sobrancelha arqueada.
— Sim. Um velho amigo pediu ajuda. Vou ficar fora por tempo indeterminado.
Ele se aproximou, me analisando. Depois, colocou a mão na minha nuca e me puxou para um beijo na testa.
— Volta vivo, filho.
— Esse é o plano.
Nesse instante, um furacão de riso e cabelo castanho-claro surgiu correndo pelo corredor.
— THÉÉÉÉÉO!
Laurinha. Minha irmã caçula. Minha menina.
Se jogou no meu colo com força suficiente para me derrubar — quase.
— Vai mesmo viajar? Vai trazer doce? Vai me esquecer? Vai conhecer uma namorada linda e me trocar?
— Hahaha! Vou trazer chocolate, uma boneca ninja e talvez… uma americana chata para você dar bronca.
Ela riu alto.
— Promete que volta?
— Prometo que volto, estarei aqui para fazer o cara que te olhar torto, sumir.
Ela sorriu de lado.
— Tô com dez, não com dezoito, não posso namorar.
— Tanto faz. Para mim, você sempre vai ser a pirralha que chorou porque um pombo te ignorou.
Ela me empurrou, rindo. Eu beijei sua testa e me afastei antes que ela chorasse.
Ou eu.
Enquanto o jatinho era preparado, eu olhei mais uma vez para casa.
Não sei por quê, mas tive a sensação de que essa missão ia mudar tudo.
E não fazia ideia de que, do outro lado, me esperava ela.
A garota que ia ensinar até o herdeiro das sombras a sentir medo.
Medo de perdê-la.
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Atualizado até capítulo 37
Comments
Alessandra
Autora linda vai no seu tempo mais posta mais capítulos mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais,não demora muito.
2025-05-16
1
Irene Saez Lage
Estou curtindo e achando interessante a história está sendo comovente parabéns
2025-05-17
2
Andrea Freire
A irmãzinha enganou ele dizendo que tá com 10 anos, mais ela tem 8 anos kkkk
2025-05-16
1