Capítulo 03

...Mikaela Alencar...

O sol ainda nem nasceu direito e já estou na ativa. Fiz questão de vir com minha equipe hoje.

Estaciono discretamente com minha equipe em frente à casa onde Júlia e os comparsas estão. Soubemos a localização graças aquele moleque e eu nem sei porque arrisquei meu pescoço por ele. Menti para os meus superiores e disse que recebi uma denuncia anônima, pois se fizesse o moleque depor novamente ele acabaria preso e eu deveria ter deixado ele ir em cana, para deixar de ser otário e se arriscar por alguém que não merece.

Essa operação é sigilosa, montada após semanas de investigação e, principalmente, depois do depoimento não o oficial daquele moleque.

— Todos prontos? — pergunto no rádio com a voz firme. — Entramos em três. Equipe dois pela lateral. Equipe três cobre os fundos.

Ao meu sinal, a porta foi arrombada. O barulho seco ecoou no interior da casa, seguido pelos gritos de surpresa de quem dormia ou fingia dormir.

— Polícia! Mãos na cabeça! — digo com minha arma em punho.

Júlia foi a última a sair do quarto. Está de moletom, cabelo preso, e com os olhos arregalados. Até tentou correr, mas deu de cara comigo na sala.

— Achou que eu não ia voltar, Júlia? — digo encarando-a com calma. — Que a carinha de anjo ia te livrar de novo?

— Você tá me confundindo. Eu não fiz nada! — Júlia diz tremendo. — Isso é um erro!

— Não é o que as mensagens do seu celular dizem. Nem os depoimentos. Nem os pacotes com cocaína no fundo do armário.

Dois agentes a algemaram e outros dois rapazes da gangue, um deles ainda tentou argumentar e Júlia, acuada, virou-se de novo para mim.

— Isso é por causa do Miguel, né? Ele te contou alguma coisa. Ele sempre foi um moleque apaixonado, você caiu no papo dele?

Me aproximo dela lentamente e olho duro.

— Não foi por ele. Foi por justiça. Mas quer saber? Você subestimou ele. E subestimou a mim também.

— Eu sou menor, você não pode me prender! — Júlia grita, em desespero e eu arqueio uma sobrancelha.

— Você tem dezoito, é maior, assim com ele, mas ao contrário dele, você escolheu seguir o caminho errado até o fim.

 E sem mais palavras, viro-me, sinalizando com a cabeça para os agentes.

— Levem todos. E cuidem bem da documentação. Essa garota sabe mentir com a cara limpa.

Enquanto os carros saem com sirenes desligadas, fico por um momento sozinha diante da casa, respiro fundo. Isso não

é só mais uma prisão. É o fim de um ciclo... e, talvez, o começo de outro.

Hoje estou extremamente cansada e estressada. Uma mulher não deveria trabalhar quando está menstruada, principalmente uma que fica extremamente estressada quando está nesse período e há mais um agravante, essa mesma mulher tem uma arma e precisa se controlar para não estourar os miolos de qualquer filho da p*ta que tirar sua paz, pois pode jogar sua carreira no lixo.

Agora seguiremos com os trâmites e toda a burocracia que exige uma prisão.

Primeiro vamos para a avaliação da legalidade e liberação, o delegado, no caso, eu, posso liberar o detido mediante fiança, ou comunicar o caso ao Ministério Público e à Justiça, que será o caso.

Depois vamos para a audiência de custódia, em até 24 horas, o juiz avalia a legalidade da prisão e decide sobre a sua manutenção ou a concessão de liberdade provisória. O próximo passo é a instrução do inquérito policial, o delegado, no caso eu, irei conduzir as investigações para coletar provas e construir o inquérito. Depois temos a denúncia do Ministério Público, se houver elementos suficientes, o Ministério Público pode oferecer denúncia e iniciar a ação penal e por fim temos o processo criminal, se a denúncia for aceita, o acusado responderá ao processo criminal, com direito à defesa.

Sou fascinada pela minha profissão, amo o que faço e não me imagino fazendo outra coisa, eu nasci para fazer isso. A princípio minha mãe ficou apreensiva por minha escolha e meu pai sempre me apoiou, na verdade ele acha o máximo ter uma filha que é da polícia e é mais orgulhoso ainda por eu ser delegada. Minha mãe hoje em dia já aceita melhor, mas ainda fica com medo e com razão. Minha profissão não é fácil e temos alvos em nossas costas, mas eu não tenho medo, se tiver de morrer em missão, morrerei sabendo que cumpri meu dever e morro fazendo o que amo.

Meu celular vibra no bolso da calça e sorrio ao ver o nome e foto da minha mãe na tela. Ela me liga todos os dias, três vezes por dia, de manhã para me dar bom dia, à tarde para saber se me alimentei e à noite para me dar boa noite.

— Bom dia filha. — ela diz com a voz animada quando atendo.

— Bom dia mãe.

— Dormiu bem amor?

— Dormi pouco, mas deu pra descansar. E a senhora?

— Dormi bem.

— Que bom. Como a senhora e meu pai estão?

— Bem filha… Queria saber se você vem domingo, faz tempo que você não vem. — respiro fundo.

Desde o acontecido entre minha sobrinha e meu marido que eu não tenho aparecido nas reuniões de domingo da minha família, pois sei que Natasha sempre está por lá, ela gosta muito dos avós e não perde a oportunidade de estar perto deles.

— Vou pensar mãe, agora preciso desligar, tenho muito trabalho.

— Estou com saudades.

— Também estou mãezinha, vou ver se consigo ir almoçar com a senhora algum dia dessa semana.

— Tudo bem filha, bom trabalho, se cuida.

— Pode deixar. — encerro a chamada, respiro fundo e entro na viatura que Clarisse está dirigindo.

— E essa cara chefe?

— Minha mãe quer que eu vá na reunião de domingo.

Clarisse sabe de tudo que aconteceu, ela é a única que sabe dentre os meus colegas. Na verdade ela é mais que uma colega, ela é minha amiga. Ela foi muito importante para mim no momento da minha separação, ela segurou minha barra. Eu sofri muito, não pelo traste do meu ex marido, homem tem aos montes. Minha pior decepção foi com minha sobrinha, que para mim era como uma filha. Eu só queria a lealdade dela, se ele fosse dar em cima dela, gostaria que ela desse um chega para lá nele e viesse me contar imediatamente, mas ao contrário disso ela preferiu se esfregar nele e na minha cama.

— E você vai?

— Claro que não.

— Eu tenho dó da sua mãezinha, ela é tão maravilhosa.

— Ela é, mas não quero ter que dar de cara com a Natasha.

— Eu imagino, sua saúde mental vale mais do que qualquer coisa. Depois você visita seus pais.

— Isso que eu falei pra ela, depois vou almoçar com ela, na semana, porque sei que não vai ter ninguém lá.

Meu celular vibra anunciando que chegou uma nova mensagem e eu pego para ver quem é.

Maicon: Não quero ser eu o correio das más notícias, mas Natasha e seu digníssimo ex assumiram um relacionamento, a mãe já disse que não quer nenhum dos dois lá em casa. Natasha chorou, deu aquele show e a mãe disse que se fosse só ela ok, mas o traste não, a Maira tá inconsolável, ela não quer nem te ver, pois não sabe onde pôr a cara.

Eu: Parabéns pra eles, diz pra Maira sossegar o coração, ela não tem culpa de nada.

Maicon: Você tá bem?

Eu: Ótima!

Maicon: Certeza?

Eu: Claro! Acha que me abalo com pouca coisa? Esses dois nem me surpreendem mais.

Maicon: Vai almoçar lá em casa qualquer dia, os meninos estão com saudade.

Eu: Vou sim.

Maicon: Ótimo, se cuida.

Eu: Pode deixar.

Maicon: Amo você.

Eu: E eu a você.

Desligo o celular e sigo para mais um dia de trabalho, pois tenho muito o que fazer no dia de hoje.

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Comments

⭐𝐕𝐞𝐫𝐚 𝐅𝐫𝐞𝐢𝐭𝐚𝐬💫

⭐𝐕𝐞𝐫𝐚 𝐅𝐫𝐞𝐢𝐭𝐚𝐬💫

Hulk ficou com a sobrinha

2025-05-12

2

Dulce Gama

Dulce Gama

é uma canalhice da partes dos dois ex e sobrinha traíram e querem ainda participar da reunião em família é muita denvergonice /Rose//Rose//Rose//Rose//Wilt//Gift//Gift//Gift//Gift//Gift//Heart//Heart//Heart//Heart//Heart//Heart//Good//Good//Good//Good//Good//Good//Good//Good/

2025-05-12

3

Eufrasia Agizzio

Eufrasia Agizzio

É uma situação difícil ir na reunião da família e ver a sobrinha que ela gostava mas foi pra cama com o marido dela. Se fosse eu dava uma surra 😜

2025-05-11

6

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