A cidade acordou em silêncio, mas o submundo da máfia rugia como uma fera ferida. Nos corredores escuros de Palermo e nos becos úmidos de Madrid, boatos já se espalhavam. Dois dos homens mais temidos do crime organizado haviam passado a noite juntos — e não para selar um tratado.
Enzo, de volta à Itália, encarava o espelho com olhos distantes. Seus homens o observavam com desconfiança: o lobo estava diferente. Mais letal, mais silencioso. Durante uma reunião com seus conselheiros, ignorou um pedido de execução de um dos aliados de Viktor.
"Ele nos desrespeitou," disseram.
"Não sem motivo," respondeu Enzo, cortando o assunto ali. Mas o que ele não disse foi que o motivo ainda dormia em sua memória, deitado nos lençóis de Berlim.
Do outro lado da Europa, Viktor Salazar recusava contratos que envolviam as rotas de Enzo. Seus próprios aliados começaram a questionar sua lealdade. “Você está suavizando para Moretti,” acusou um deles.
Viktor apenas riu, com um olhar sombrio. “Se eu quisesse ele morto, já estaria no chão.”
Mas o mundo da máfia não perdoa fraquezas — e paixão é a pior delas.
Uma semana depois, um carregamento de drogas de Viktor foi interceptado na fronteira italiana. A assinatura era clara: um recado das famílias que não aceitavam a aliança implícita. Na mesma noite, o primo de Enzo foi encontrado morto em Madrid, com uma carta na boca: "O amor é a ruína dos reis."
Ambos sabiam: estavam sendo testados.
E então, sem aviso, a guerra começou. Não entre eles — mas ao redor deles. Soldados começaram a cair. A lealdade dos aliados se partia. Os impérios se desmoronavam como castelos de cartas, enquanto Enzo e Viktor, em segredo, se encontravam entre o sangue e o desejo.
Num desses encontros, escondidos em uma casa segura na fronteira da França, Viktor olhou para Enzo, cansado, manchado de sangue.
“Se continuarmos, tudo isso vai arder até o chão.”
Enzo o encarou, os olhos carregados de dor e certeza.
“Então vamos queimar juntos.”
O galpão abandonado na costa francesa era escuro, úmido, com cheiro de maresia e pólvora. Lá fora, o som das ondas quebrando se misturava ao silêncio tenso de dois homens frente a frente.
Enzo chegou primeiro, como sempre. Casaco preto, olhos cansados, mandíbula cerrada. Esperava encontrar respostas. Em vez disso, encontrou um muro.
Viktor entrou segundos depois. Sem guarda-costas. Sem armas visíveis. Apenas o olhar frio — aquele mesmo que, dias atrás, queimava de desejo.
“Então é assim que vai ser?” Enzo começou, voz baixa, mas firme. “Você me chama aqui depois de dias de silêncio... depois de corpos caírem de ambos os lados... e não diz uma palavra?”
Viktor parou a poucos passos dele, olhando de cima, os ombros tensos.
“A gente se perdeu no meio disso tudo, Enzo. A noite que tivemos... não significou nada.”
O silêncio que se seguiu foi mais brutal que qualquer disparo. Enzo piscou devagar, como se as palavras tivessem demorado a feri-lo. Mas elas feriram. E sangraram por dentro.
“Não significou nada?” ele repetiu, em um tom quase incrédulo. “Você mentiu na minha cama, Viktor. E mentiu olhando nos meus olhos. Não era só desejo ali. Eu senti. Você também sentiu.”
“Você sente demais,” Viktor disse, e seus olhos desviaram por um segundo. Mas foi o bastante.
Enzo recuou um passo. “Você está com medo...”
“Não,” Viktor cortou. “Estou cansado. Dessa guerra. De você. Disso.”
Foi quando Enzo sentiu. Um clique atrás dele. Muito suave. Muito lento. Mas inconfundível: o destravar de um rifle.
Ele não se virou.
“Emboscada,” murmurou. “Você me atraiu pra cá como se fosse uma lembrança boa... e tudo o que tinha era uma armadilha.”
Viktor não respondeu. Seu maxilar tremia, mas sua expressão permanecia fria.
Enzo virou apenas o rosto, encarando-o de perfil. “É assim que termina? Você me entrega? Me mata?”
Viktor caminhou até ele, devagar. Os olhos agora denunciavam o conflito que a boca escondia. Ele parou a poucos centímetros.
“Não é pessoal, Enzo.”
“Mentira,” sussurrou Enzo.
E então, no último segundo, um disparo ecoou.
Mas não partiu de trás.
Viktor sacou sua arma e atirou no próprio homem que esperava na sombra. O traidor caiu, morto.
O silêncio voltou, tenso e sufocante.
“Eu disse que não significou nada,” Viktor murmurou, guardando a arma. “Mas isso também foi uma mentira.”
Enzo o encarou, o peito subindo e descendo com raiva contida. Mas não disse nada. Não ainda.
Ali, entre a verdade e a traição, os dois sabiam: o amor deles era uma ferida aberta — e alguém ainda sangraria até a morte por ela.
Momento da autora e o ??? (seu marido)
AUTORA (ainda abraçada com ele, sorrindo com o canto da boca):
Aliás… você realmente acha que o romance entre os dois não vai funcionar?
??? (afastando-se só o suficiente para encará-la com um olhar desafiador):
Com toda sinceridade? Não. Não acho que vá funcionar. Dois mafiosos, com históricos de traição, cercados por armas, códigos de lealdade, sangue e poder? Isso não é cenário pra romance, é cenário pra tragédia.
AUTORA (cruzando os braços, com um sorriso de provocação):
Você tá subestimando o poder do sentimento. Mesmo os mais frios sentem. O Enzo pode ser implacável, mas ele tem um coração, mesmo que escondido sob mil camadas de controle. E o Viktor… ele é tudo aquilo que desafia Enzo. Por isso funciona.
??? (erguendo uma sobrancelha, zombando):
Funcionar? Ou explodir em mil pedaços? Esses dois juntos são uma bomba-relógio. É tipo... gasolina e fósforo. Só serve pra uma coisa: combustão.
AUTORA (dando um passo à frente, rindo):
Ah, mas é isso que torna a relação deles irresistível! A tensão, o perigo, o fato de que cada gesto pode ser o último, que cada toque pode ser uma traição ou uma rendição… isso é intensidade, é paixão real. O amor não precisa ser tranquilo pra ser verdadeiro.
??? (faz uma cara pensativa e, depois, brinca):
Ou seja… você tá romantizando um romance entre dois criminosos perigosíssimos, onde um pode matar o outro a qualquer momento, e ainda assim acha que vai acabar com flores e aliança?
AUTORA (pondo a mão no peito como se tivesse sido ofendida):
Jamais flores! Eles não são desse tipo. Mas quem disse que precisa terminar bem? O romance deles pode ser trágico, pode ser cruel, mas será inesquecível. A questão não é se vai dar certo. A questão é: até onde eles vão por esse sentimento?
??? (encostando-se à bancada da cozinha, cruzando os braços):
Tá… e se um dos dois morrer? Você já pensou nisso? Ou melhor… se Viktor trair Enzo, como todo bom mafioso faria? Você vai perdoar isso só porque “há paixão envolvida”?
AUTORA (sem hesitar):
Se ele trair, Enzo vai saber. Ele não é burro. E aí vai ser outro tipo de capítulo: de fúria, de mágoa, de guerra. Mas é isso que torna tudo mais real. Porque eles amam, mas também odeiam, e vivem em um mundo onde confiança custa caro. Se não tiver risco, não tem história.
??? (encarando-a com aquele sorriso de quem vai provocar):
Então você admite que eles podem não ficar juntos no final?
AUTORA (olhando firme):
Admito que talvez não fiquem juntos. Mas mesmo separados, mesmo se tudo der errado, eles vão ter mudado um ao outro para sempre. E isso, meu querido, é mais forte do que final feliz. Isso é impacto.
??? (apontando com o dedo, rindo):
Ah-ha! Sabia! Então não é bem um romance... é tipo uma batalha emocional em forma de relacionamento!
AUTORA (junta-se a ele, debruçando-se na bancada, com um olhar vibrante):
Exatamente. Um romance perigoso, onde o amor não é gentil, mas feroz. Onde eles se testam, se ferem, mas ainda assim se procuram. Você pode não entender, mas tem gente que vai sentir isso na pele ao ler.
??? (pegando uma xícara e servindo café para os dois):
Certo, autora genial. Mas se no fim eles acabarem se matando... só digo: eu avisei.
AUTORA (pegando a xícara e piscando):
E se no fim eles largarem tudo por esse amor... eu é que vou dizer: eu te avisei.
??? (erguendo a caneca num brinde):
Então vamos ver quem ganha essa. Romance impossível ou tragédia inevitável?
AUTORA (brinda com ele):
Ou os dois ao mesmo tempo.
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Atualizado até capítulo 21
Comments
Gabi Barbosa
assim esperamos kkkkkk
2025-06-10
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