A tarde se arrastou como uma eternidade para Alina. Cada minuto no escritório parecia mais longo que o anterior. Ela tentava se concentrar nos relatórios à sua frente, mas seu corpo insistia em lembrá-la da ligação de Viktor — da voz profunda e rouca que fez sua pele se arrepiar e do calor que percorreu seu ventre apenas com a lembrança do jeito que ele disse “aguardarei ansiosamente sua chegada”.
Quando o relógio marcou 17h40, ela respirou fundo, se levantou e foi até o espelho. Retocou o batom, penteou os cabelos com os dedos e trocou a blusa por uma de tecido acetinado que valorizava sua pele clara. O blazer por cima era só uma desculpa para esconder o decote discreto, mas que Viktor saberia decifrar com os olhos. E, embora quisesse se convencer de que aquela seria apenas uma reunião de negócios, seu corpo gritava outra coisa.
A sede da empresa dele ficava num dos prédios mais altos do centro empresarial. A recepcionista a conduziu até um elevador privativo que a levou diretamente à cobertura. As portas se abriram para uma sala ampla, moderna e minimalista. Um único detalhe destoava do ambiente frio: a presença de Viktor à frente das enormes janelas de vidro, de costas para ela, observando o pôr do sol tingindo a cidade.
— Senhor Ivanov... — ele a cumprimentou sem virar-se, como se soubesse que era ela só pelo som dos passos.
— Viktor — ela respondeu com um tom mais firme do que esperava, tentando controlar a pulsação acelerada.
Ele se virou devagar. Vestia uma camisa social preta com as mangas dobradas até os antebraços e a gravata solta no pescoço. Os cabelos castanhos estavam um pouco desalinhados, o que dava a ele um ar perigoso e atraente ao mesmo tempo. E os olhos... aqueles olhos verdes ardiam.
— Agradeço por ter vindo pessoalmente — ele disse, caminhando até ela. — Achei que preferiria resolver por e-mail, mas fico feliz que tenha aceitado meu convite.
— Não sou o tipo que foge de reuniões — retrucou com um leve sorriso. — Quais cláusulas estão confusas?
Viktor apontou para uma mesa de reuniões próxima, onde havia apenas duas taças de vinho já servidas e uma pasta aberta.
— Antes de falarmos de contratos, aceite um brinde — disse ele, estendendo-lhe uma taça. — Pelo início da nossa aliança.
Ela hesitou por alguns segundos. Mas depois pegou a taça, sentindo os dedos dele tocarem os seus de forma sutil e intencional.
— Que seja uma parceria longa... — disse ela, olhando nos olhos dele.
— ...e proveitosa — completou Viktor.
Sentaram-se lado a lado. Ela abriu a pasta, mas não teve tempo de focar nos papéis. A proximidade entre eles era uma distração gritante.
— Algumas cláusulas sobre exclusividade territorial... — ele começou, mas sua voz era baixa, quase hipnotizante. — ...e porcentagens de distribuição.
— Entendo... — ela respondeu, analisando rapidamente os pontos indicados. — Isso é ajustável. Podemos propor um adendo, mas...
Ela se calou ao perceber o olhar dele fixo em seu rosto. Não era o olhar de um parceiro de negócios. Era o olhar de um homem que observava uma mulher — com desejo, com intensidade, com fome.
— Está tudo bem, Viktor? — perguntou, tentando soar casual, mas a garganta seca denunciava sua tensão.
— Você sabe que está linda hoje? — ele disse, sem o menor pudor.
Ela piscou, confusa, sem saber se agradecia ou repreendia. Mas seu corpo respondeu antes que ela pudesse formular qualquer frase. Um arrepio percorreu sua espinha, e ela desviou os olhos.
— Não estamos aqui para isso — disse, baixando a voz.
—Não? — ele se aproximou mais, inclinando-se. — Está me dizendo que não sentiu absolutamente nada desde que nos vimos? Nem um arrepio? Nem uma pontada de curiosidade?
— Você está confundindo as coisas — ela rebateu, erguendo o queixo. — Eu estou em um relacionamento, Viktor.
— Mas não está feliz — ele disparou, cortando o ar entre eles. — Eu vi nos seus olhos. Vi quando nos cumprimentamos. Você pode estar tentando manter as aparências, mas sua alma grita outra coisa.
Alina se levantou, furiosa e confusa.
— Isso é invasivo, arrogante... você não me conhece!
Viktor se levantou também, a passos lentos, se aproximando dela como um predador que cerca sua presa com calma.
— Talvez não te conheça ainda, mas sinto você — ele disse, com a voz baixa e rouca. — Sinto o que você está tentando esconder. Sei como é olhar para alguém todos os dias e sentir que a conexão está se apagando. Você merece mais do que mornidão, Alina. Você é fogo.
Ela respirava fundo, tentando conter o coração disparado. Suas palavras haviam tocado um ponto que nem Mássimo ousara abordar.
— E você acha que é esse fogo, Viktor?
— Acho que posso reacendê-lo — respondeu com firmeza. — Mas só se você permitir.
Silêncio.
O sol já havia desaparecido do céu. A sala agora era iluminada pela luz âmbar das luminárias e pela tensão espessa que pairava entre eles.
— Essa reunião acabou — disse ela, por fim, caminhando até a porta.
Ele não a deteve. Mas quando ela já estava com a mão na maçaneta, ele falou:
— Vou respeitar sua decisão, Alina Ivanov. Mas saiba que o fogo não se apaga apenas porque a gente vira as costas. Ele continua queimando... em silêncio.
Ela saiu sem olhar para trás. Mas, no elevador, sozinha, encostou-se à parede e fechou os olhos.
E, pela primeira vez em muito tempo, não pensou em Mássimo. Pensou em Viktor. No olhar. Na proximidade. No fogo.
E esse pensamento ardeu mais que o vinho, mais que as lágrimas... mais do que ela gostaria de admitir.
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Atualizado até capítulo 41
Comments
Lorrainecristinioliveira Oliveira
o Victor só de olhar para vc já viu tudo
2025-05-09
1
claudia gomes
sei nao heim. Ela MSM cm tesao nele Fez O certo.
2025-05-13
1
Andressa Silva
Viktor leu ela todinha kkkkkkkk
2025-05-09
1