O dia amanheceu envolto em névoa sobre São Petersburgo. No interior da mansão Ivanov, Alina tomava o café da manhã em silêncio, observando a xícara à sua frente mais do que realmente saboreando o conteúdo. Mássimo, sentado à sua frente, lia algo no tablet com a expressão concentrada.
A troca de palavras entre eles foi mínima. Não havia frieza direta, tampouco agressividade. Mas também não havia calor. Não como antes. Eram dois corpos ocupando o mesmo espaço, compartilhando a rotina, mas não mais os sentimentos na mesma intensidade. Um casal funcional, talvez até harmonioso aos olhos de fora, mas a centelha que outrora incendiava seus momentos íntimos parecia agora reduzida a brasas adormecidas.
— Vai passar o dia na sede hoje? — perguntou Mássimo, quebrando o silêncio.
— Sim. Temos a apresentação do novo projeto romeno e vou revisar os relatórios financeiros. Dimitry pediu atenção nos números — ela respondeu, sem levantar os olhos.
— Cuidado com a pressão. Você anda dormindo mal — comentou ele.
Alina assentiu com um pequeno sorriso. Mássimo esticou a mão sobre a mesa, tocando levemente os dedos dela. Um gesto mecânico, mais por hábito do que desejo.
— Nos vemos no almoço? — sugeriu.
— Claro.
Saíram juntos da mansão rumo à sede do Grupo Ivanov, mas nem mesmo o trajeto no carro blindado foi suficiente para aquecer a relação. Conversaram sobre os compromissos do dia, mas nenhuma troca de olhares mais profunda, nenhum toque espontâneo. Apenas estratégia, rotina e deveres. O império os consumia, e o amor, que antes incendiava seus olhares, agora sobrevivia em faíscas espaçadas.
Ao chegarem ao prédio, foram recebidos com a notícia de que o novo parceiro internacional havia chegado. Viktor Malikov. O nome soou como uma nota grave no ar. Alina sentiu um frio inexplicável percorrer sua espinha, uma antecipação instintiva, como se seu corpo soubesse algo que sua mente ainda não compreendia.
Viktor estava na sala de conferências quando Alina entrou. Era a primeira vez que o via. Ele estava de pé, vestindo um sobretudo preto elegante, os cabelos escuros levemente úmidos da neve lá fora. Tinha uma postura impecável, e seus olhos — embora desconhecidos — encontraram os dela com uma firmeza que a desestabilizou por dentro.
Ela não o conhecia. Nunca o tinha visto. Mas havia algo naquele homem que desafiava a lógica. O modo como ele a olhou não era invasivo, mas profundo. Como se a estivesse lendo, camada por camada. Alina hesitou por um segundo, algo raro para alguém com sua compostura, antes de cruzar a sala e cumprimentá-lo.
— Viktor Malikov. Seja bem-vindo a São Petersburgo. Sou Alina Ivanov — disse, estendendo a mão.
— Um prazer finalmente conhecê-la, senhorita Ivanov — respondeu ele, apertando sua mão com firmeza. A voz era grave, mas suave, e algo nela reverberou em Alina como um eco distante de algo que ainda viria.
Ao toque, ela sentiu algo diferente. Um calor sutil, inesperado. Não era atração imediata, não como nos romances clichês. Era curiosidade. Um alerta silencioso. A sensação de que aquele homem não era apenas mais um parceiro de negócios.
— Espero que a viagem tenha sido tranquila — ela comentou, buscando recuperar o controle.
— Tranquila o suficiente. Apesar do frio — ele respondeu, os olhos ainda fixos nela. — Mas a recepção já compensa a temperatura.
Mássimo entrou na sala em seguida, e cumprimentou Viktor com mais formalidade. Havia tensão entre os dois, ainda que não verbalizada. Viktor se mostrou cortês, educado, mas mantinha um olhar perspicaz, observando tudo ao redor com atenção.
A reunião transcorreu com formalidade. Dimitry conduziu os pontos principais do acordo, e Alina, como sempre, se destacou ao apresentar os dados da empresa com clareza e precisão. Ainda assim, durante toda a apresentação, sentia o olhar de Viktor sobre ela — nunca agressivo, mas sempre presente. Ele a estudava, e ela, embora quisesse ignorar, também o estudava.
Quando a reunião terminou, Viktor aproximou-se de Alina enquanto todos se dispersavam.
— Posso confessar algo? — disse ele, com um leve sorriso.
— Depende — ela respondeu, cruzando os braços.
— Já participei de dezenas de reuniões como essa. Nenhuma com alguém que prendesse tanto minha atenção — respondeu, sem rodeios.
Alina arqueou uma sobrancelha, mantendo a compostura.
— Cuidado, senhor Malikov. Palavras assim podem ser mal interpretadas nesta empresa — ela respondeu, mas o sorriso em seus lábios denunciava certo incômodo com o impacto que ele causava.
Ele se aproximou levemente.
— Eu nunca digo algo que não possa sustentar com ações. — E então, com um gesto sutil, inclinou a cabeça. — Até breve, senhorita Ivanov.
Ele se afastou, e Alina ficou por um instante parada, respirando fundo. O ar parecia diferente com ele por perto. Mais denso. Mais... real. E naquele momento, pela primeira vez em muito tempo, ela não pensou em Mássimo, nem nos relatórios ou nos números da Romênia. Pensou em Viktor. No homem que a fizera sentir algo novo com um simples olhar.
No elevador, voltando para sua sala, Alina tocou os próprios lábios com os dedos, sem saber ao certo o porquê. Estava intrigada. Desconcertada. E viva.
Seria o início de algo perigoso? Ou apenas uma distração passageira?
No mundo dos Ivanov, nada era tão simples.
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Atualizado até capítulo 41
Comments
Dulce Gama
nossa autora só escolhe foto de homens bonitos e mulheres TBM KKK /Rose//Rose//Rose//Rose//Rose//Rose//Gift//Gift//Gift//Gift//Gift//Gift//Gift//Heart//Heart//Heart//Heart//Heart//Heart//Heart//Good//Good//Good//Good//Good//Good/
2025-05-09
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Andressa Silva
Viktor deve ter visto alguma foto de alina, ele já conhecia ela
2025-05-09
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claudia gomes
Que homem e esse gnt? desenhadinho!
2025-05-13
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