05

Rachael e eu somos os únicos que a conhecemos tão intimamente. "Com certeza. Me sinto tão viva!", proclamo, me abanando enquanto forço os olhos para enxergar através das luzes estroboscópicas e da névoa de corpos se contorcendo na pista de dança.

Rachael ri, arqueando as sobrancelhas enquanto toma seu coquetel de frutas. "Que divertido! E a noite é uma criança. Acho que a gente devia jogar um jogo de desafios para apimentar as coisas", sugere ela, apontando para mim.

Talvez seja a coragem líquida transparecendo, ou o fato de eu achar que estou supergata de vermelho escarlate, mas estou me sentindo superconfiante esta noite. "Topa o desafio. Vamos lá", grito por cima da música enquanto mais pessoas se juntam à nossa mesa.

Sophia e Rachael trocam olhares hesitantes, mas mantenho minha palavra. Eu quero isso. Seja qual for o desafio que me propuserem, eu topo.

"Ok, mas você tem que seguir em frente e não desistir", testa Rachael.

"Não vou. Aceito o desafio", digo a ela corajosamente, com as batidas do meu coração disparadas nos ouvidos.

"Ok, ok, já que você quer ir primeiro e está disposta a arriscar", diz Rachael animadamente com um rufar de tambores, "você tem que ir até o bar e beijar o primeiro homem que se aproximar de você".

"O primeiro homem que se aproximar de mim", digo lentamente, com um sorriso sereno. Concordo com a cabeça, pego uma bala de menta na bolsa e tiro um hálito. "Ok, vou primeiro ao banheiro me refrescar. Vou para o bar logo depois."

"Não corra! Vamos ficar de olho, e você vai ser cronometrada", grita Sophia enquanto eu pisco de volta. A fila está curta quando entro, mas o vago pensamento que eu tinha durante a semana sobre perder a virgindade está vindo à tona.

Estou pronto para provar que meus amigos estão errados de todas as maneiras, e o álcool no meu organismo está ajudando. Ao chegar ao bar, o nervosismo começa a aumentar, mas prometi a mim mesmo que seguiria em frente.

O barman se aproxima rapidamente da minha seção do bar com um sorriso no rosto. "O que você quer?"

"Hum, vou querer uma tequila sunrise", digo a ele enquanto ele sorri, e eu dou uma risadinha, apontando para minhas amigas, que me observam como falcões do lado de fora. Virando-me para elas, aponto maliciosamente para o barman, me perguntando se ele conta. Elas balançam a cabeça enquanto continuo bebendo, pensando nas minhas interações limitadas com homens. Foram poucas, e as que me abordaram no passado foram grosseiras.

Não ter uma figura paterna na minha vida também não ajudou. Eu nem sei quem é o fantasma de um cara. Meus amigos — especialmente Sophia, que é estudante de direito — se ofereceram para me ajudar a encontrá-lo.

"Não", respondi com firmeza no dia em que conversamos sobre isso durante o almoço. "Se ele não consegue me encontrar, por que eu deveria ir atrás do cara? Que se dane."

Deixando a lembrança escapar, juro não deixar o fantasma de um homem assombrar meu presente. Não é que eu não queira um namorado, só tenho medo de ser magoada pelo tipo errado de cara.

Eu joguei com inteligência. Todas as minhas outras amigas foram interpretadas por homens. Até Sophia e Rachael.

Tomando um gole do meu nascer do sol, sinto como se tivesse escapado de uma bala. Já tenho drama suficiente no trabalho e prefiro ficar longe de problemas e dramas por completo. Mas às vezes, só às vezes, sinto que não me importaria de compartilhar minha vida com alguém.

Esta noite está um pouco divertida, e não preciso ir mais longe. Viro meu corpo levemente para a pista de dança, verificando se há alguém de quem eu goste, mas há muitos corpos e eles estão envoltos em uma luz fraca, então não consigo reconhecer ninguém.

Olhando para o banco vazio à minha frente, sinto um peso no peito. Talvez ninguém vá se aproximar de mim, mas quando estou perdendo as esperanças, um homem alto, cuja presença sombria e enigmática me dá arrepios, aparece.

Lentamente, levanto a cabeça enquanto o homem alto e barbudo, de jaqueta de couro preta, calças e sapatos engraxados, se aproxima.

Puta merda. Quem é esse cara? Consigo sentir sua importância enquanto ele está parado ao lado do banco vazio, o calor escuro irradiando de sua pele pálida. Seus olhos quase parecem órbitas profundas e escuras do espaço, e por alguma razão, sei que não são para mergulhar, mas estou tão sufocantemente hipnotizada pelo homem que quero.

Esse homem é perigoso pra caralho, e ele é o tipo perfeito de homem para arruinar a minha vida. Charmoso como uma cobra e atraente. O oposto do que eu quero na minha vida.

"Este lugar está ocupado?", ele pergunta educadamente, com apenas uma leve curvatura na boca.

"Não, este lugar não está ocupado, sinta-se à vontade para se sentar", digo a ele com uma voz alegre.

"Oi, eu sou o Ruslan. Prazer em conhecê-lo." Aperto a mão dele, ondas de calor escaldante dançando entre nossas palmas. É cintilante o suficiente para eu retirar os dedos da palma dele com uma carranca confusa. Ruslan é como um fio desencapado de energia de sangue quente, e é um tipo com o qual não estou familiarizada.

"Prazer em conhecê-lo também", digo com a voz rouca, minha centelha de confiança temporária vacilando sob o peso intenso do seu olhar. Omito meu nome, na esperança de que isso me faça parecer mais misteriosa.

Os olhos semicerrados de Ruslan prendem minha atenção enquanto ele admira abertamente meu corpo da cabeça aos pés. "É difícil não notar você nesse vestido vermelho. Ele veste você perfeitamente."

Corando, seguro a minha, sorrindo recatadamente para ele. "Obrigada, você também está muito bonito. Suas tatuagens significam alguma coisa?", pergunto, sem palavras. O sorriso enganador de Ruslan se alarga enquanto suas mãos grossas batem no balcão. "É uma longa história, mas sim, cada pedaço de tinta no meu corpo tem um significado."

"Ah, sim? Então por que você tem três crânios na parte interna do antebraço?", pergunto enquanto Ruslan me observa.

Ruslan ri sombriamente, gesticulando para o garçom com um dedo e voltando seu olhar para mim.

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