C 04

O céu amanheceu dourado, e a casa dos Valmont-Romano estava mais agitada que o normal. Rafaela arrumava os lanches na lancheira azul com estampa de dinossauro enquanto Lucas amarrava o tênis de Benjamim, que pulava animado, ainda meio sonolento.

— Pronto, campeão — disse Lucas, ajeitando a gola da camisa do uniforme. — Está preparado para conquistar o mundo?

Benjamim abriu os bracinhos.

— Estou pronto pra fazer amigos!

Rafaela se abaixou, segurando seus ombros com carinho.

— E não esquece da nossa estrela, hein? Está no bolso, como prometido.

Benjamim assentiu, colocando a mão sobre o bolsinho da calça com um sorriso corajoso.

O caminho até a escola foi cheio de risadas, cantorias desafinadas e mãos dadas. Ao chegarem, uma multidão de pais, crianças e balões coloridos recepcionava os pequenos aventureiros.

Mas, na hora da despedida na porta da sala, o olhar de Benjamim mudou.

— Papai... você vai mesmo embora?

Lucas se abaixou e olhou nos olhos do filho.

— Vou, meu amor. Mas é só por algumas horinhas. Eu e Rafaela vamos estar te esperando aqui na saída, e vamos querer saber tudinho o que aconteceu.

Benjamim olhou para Rafaela, e ela sorriu, segurando a mão dele.

— Você é muito corajoso, Ben. E se não quiser brincar de primeira, tudo bem. Só de estar aqui, você já é um campeão.

O garotinho respirou fundo, deu um passo... depois outro... e antes de entrar, voltou correndo e deu um abraço forte nos dois.

— Amo vocês!

— Também te amamos, meu pequeno — disseram em uníssono.

Horas depois…

Na saída, Rafaela e Lucas esperavam ansiosos. Assim que Benjamim surgiu no portão, correndo com os bracinhos abertos e o rosto iluminado, o alívio e a alegria tomaram conta dos dois.

— Eu brinquei de massinha! E comi tudinho do lanche! — ele anunciou com orgulho, abraçando os dois. — E a professora disse que eu tenho o sorriso mais bonito da turma.

Lucas o ergueu nos braços.

— Claro que tem. Você é incrível.

Rafaela beijou sua bochecha e sussurrou:

— Você fez meu coração ficar quentinho de orgulho hoje.

Naquele fim de dia, voltando pra casa com o carro cheio de histórias e um coração transbordando, Lucas teve certeza: mesmo nos dias mais corridos, a alegria de ver seu filho crescer e ser feliz era o melhor presente da vida.

---

Lucas caminhava pelo imenso hall do prédio onde ficava seu escritório de arquitetura. Com o blazer escuro perfeitamente alinhado e uma pasta em mãos, ele carregava o peso de ser um dos arquitetos mais respeitados da Itália — e o coração de um pai que, apesar da correria, não perdia o encanto de ver o filho crescer.

— O cliente de Milão confirmou a reunião para terça — informou sua assistente, Bianca, enquanto caminhava ao lado dele. — E o projeto do resort na Costa Amalfitana precisa da sua assinatura final até sexta.

— Ótimo. Peça ao Lorenzo para revisar a planta da ala leste. Eu quero tudo perfeito.

Lucas adentrou sua sala envidraçada, moderna, repleta de maquetes, prêmios e livros de design. Sobre a mesa, estava o esboço de seu projeto mais ambicioso: uma fundação para crianças com poucos recursos, que incluía uma escola com jardim sensorial, brinquedoteca e salas de inclusão.

Era sua forma de retribuir ao mundo a sorte que tivera — e, talvez, uma maneira de tornar o mundo mais gentil para o futuro de Benjamim.

Enquanto organizava os papéis, seu olhar caiu sobre um pequeno desenho colado na lateral do monitor: um sol com pernas e um bonequinho segurando uma estrela. “Papai e eu”, dizia com letras tortas.

Ele sorriu.

Na pausa para o café, ao conversar com um colega arquiteto, Lucas foi questionado:

— Como você dá conta de tudo isso e ainda cria um filho sozinho?

Lucas apoiou a xícara sobre o pires.

— Não dou conta o tempo todo. Mas cada sacrifício vale quando chego em casa e ouço um “te amo, papai”. O sucesso só faz sentido se puder ser dividido com quem você ama.

No fim do expediente, ele deixou a última reunião com os clientes estrangeiros com a mente ainda a mil. Mas bastou ouvir a voz de Rafaela ao telefone — rindo com Benjamim ao fundo — para que o homem de negócios desse lugar ao pai, ao homem comum que só queria chegar em casa e ver seu pequeno correndo até ele.

O arquiteto brilhante que dominava projetos colossais era o mesmo que se derretia com um “papai, me ajuda a desenhar?”. E Lucas sabia: era nesse equilíbrio entre aço e afeto que sua verdadeira obra-prima estava sendo construída.

---

Era sábado, e o sol brilhava generoso sobre os jardins da mansão Valmont. A brisa leve balançava as cortinas enquanto Leonor preparava a mesa do lanche com bolinhos e sucos naturais. Adam, sentado em sua poltrona preferida da varanda, folheava uma revista de arquitetura com um sorriso sereno no rosto.

— Eles estão chegando — anunciou Leonor ao ouvir o som do portão eletrônico se abrindo.

Benjamim foi o primeiro a descer do carro, correndo com seus passinhos apressados até os braços da avó.

— Vovóóó!

— Meu amor! — Leonor o acolheu com um abraço apertado. — Como você está lindo! Já está mais alto, sabia?

Rafaela vinha logo atrás, com um sorriso nos lábios e um pote de biscoitos caseiros nas mãos.

— Trouxe esses pra acompanhar o chá. São simples, mas feitos com carinho — disse, meio tímida.

— E isso é o que importa, querida — respondeu Leonor, recebendo os biscoitos com um carinho sincero. — Entre, Rafaela. Você já é da casa.

Adam se levantou para cumprimentá-la com um abraço caloroso e gentil.

— Estávamos ansiosos para passar a tarde com vocês.

Benjamim corria pelo jardim, pegando folhas, inventando histórias e mostrando cada descoberta aos avós. Rafaela assistia à cena com o coração aquecido. Era como se estivesse vendo o futuro que nunca teve – uma família grande, acolhedora, que se reunia só pelo prazer de estarem juntos.

Na varanda, Rafaela se juntou aos dois mais velhos.

— Ele ama vocês — disse com sinceridade. — É lindo ver como se sente à vontade aqui.

— E nós amamos esse menino — respondeu Adam. — Mas também aprendemos a gostar muito de você, Rafaela. Seu carinho por ele é visível.

— É... eu me apego fácil às crianças — disse ela, desviando um pouco o olhar, emocionada.

— E ao pai delas? — Leonor perguntou com aquele jeito sagaz de quem vê além do óbvio.

Rafaela corou.

— Eu... admiro muito o Lucas. Ele é incrível com o Benjamim. Um homem justo, dedicado. Mas... não é algo que eu tenha parado pra pensar. Estou focada no trabalho.

— Às vezes, o coração já pensou antes da gente — brincou Leonor, arrancando um sorriso tímido de Rafaela.

A tarde passou entre jogos de tabuleiro, histórias contadas por Adam e risadas soltas. Rafaela se sentia leve, acolhida. Ao final do dia, quando Lucas chegou para buscá-los, encontrou seu filho dormindo no sofá, com a cabeça no colo de Rafaela e os pés sobre o colo da avó.

E por um instante, ele parou e apenas observou. Aquela cena parecia mais familiar e perfeita do que qualquer projeto que já desenhara.

— Tive saudade de vocês — disse ele, num tom suave.

— Nós também — Rafaela respondeu, sorrindo.

E ali, na varanda da casa dos pais, Lucas sentiu, mais uma vez, que o destino estava lhe apresentando algo especial. Talvez... algo que fosse além da sorte. Algo chamado amor.

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Fim do capítulo!

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🖤 até aproxima tchau

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Comments

Luiza Maria Dos Santos Silva

Luiza Maria Dos Santos Silva

tá linda a história, mui envolvente ❤️👏👏👏👏

2025-05-15

0

Áurea dias Dias

Áurea dias Dias

amando autora lindaaaaa

2025-05-15

0

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