Mesmo com o acontecimento inusitado, Maya não perdeu tempo; aproveitou para dançar bastante e no retorno para casa, pode rir muito com as histórias que Stephen contou do início do namoro dele com Damien, que parecia morrer de vergonha dos detalhes que foram revelados.
Na suíte, e já sozinha, refletiu sobre o desconhecido. Ele havia falado que eles já se viram antes, mas onde? Ela não se recordava de nada que ele pudesse estar envolvido. Aliás, parece que a maioria das coisas que aconteceram desde a sentença de Scar, haviam sido deletadas da sua mente.
Maya, se livrou do vestido e das joias, entrando no box do banheiro em seguida para tomar um banho de água morna para relaxar. Fechou os olhos e deixou a água escorrer por seu corpo, foi então que outro flash de memória surgiu, onde ela estava tomando banho com Max e lavava os longos cabelos dele.
Uma leve tontura a atingiu. Como assim? Ela e Max ficaram juntos? Quando aquilo havia ocorrido? E por que ela havia feito tamanha tolice, já que era de conhecimento público que aquele homem era casado? Até onde ela havia mantido um caso com ele? E onde havia ficado seu amor por Theron? E por que ela se sentia mal todas às vezes que pensava em Theron?
A despedida dele foi uma forma de promessa ou apenas para segurá-la? Foi então que as coisas começaram a fazer sentido. Com Scar morto, ela estava livre para ficar com quem quisesse, inclusive com o próprio Theron; agora se ele e Max como homens comprometidos a procuraram, a culpa era mesmo dela? Não mesmo.
Com esse pensamento, Maya saiu do banho, se enxugou e colocou um conjunto de dormir, de tecido leve; se deitou na grande cama de casal e pegou o celular para verificar as mensagens. Não havia nada de Theron ou de Max, o que reforçava sua ideia de que realmente foi algo passageiro e que não merecia a sua atenção. Ela acessou as redes sociais e lá estava as fotos dela com Damien e Stephen, que foram tiradas pela equipe da casa noturna.
Aproveitou para ver mais fotos da festa e foi então que encontrou uma onde o abusado que a beijou estava com seu grupo de amigos, sendo três homens e uma mulher. Se eles estavam ali, era porque tinha alguma influência. Stephen informou que a casa noturna só postava fotos de pessoas conhecidas da cidade, e isso explicava o motivo da Barman ter falado daquela maneira com ela. Na manhã seguinte, perguntaria a Stephen se ele conhecia o abusado. Com um sorriso divertido, acabou pegando no sono.
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O som do vento batendo na porta da varanda despertou Maya. O Sol estava tímido, indicando que ainda era cedo. Como se sentia bem, logo saiu da cama, tomou uma ducha rápida e desceu para caminhar um pouco pela areia e depois tomaria café da manhã para ir para academia; à tarde estava marcado um passeio com guia pela cidade.
Daquela vez, optou por usar um biquíni branco e uma calça de praia da mesma cor, peças que havia comprado e usado em sua última viagem com Scar. A viagem que foi o ponto inicial para sua separação. Afastando os pensamentos, Maya saiu da suíte para o corredor vazio e foi até o elevador, onde o chamou para o andar onde estava. Logo o elevador chegou e ela entrou, apertando o botão térreo. Em segundos estava na recepção, onde o atendente do turno da noite estava.
O jovem sorriu para ela, que sorriu de volta e acenou. Maya saiu pela porta lateral que levava a praia e respirou o ar marítimo, sentindo o corpo relaxar. A praia do hotel era privada, reservada para os hóspedes, ao lado, havia a praia reservada para os moradores de um condomínio e do outro lado havia a praia aberta ao público, onde havia movimento de pessoas, quiosques e lojas. Ao fim da faixa de areia havia um píer, onde havia um parque com uma grande roda gigante.
Ao olhar para a roda gigante, mais um flash atingiu sua mente: dessa vez era uma memória dela com Max em um parque de diversões. Na memória, eles pareciam se divertir bastante e ao que parecia, foi bastante divertido e especial. Será que ela havia se apaixonado por Max e não se recordava?
Perdida em pensamentos, caminhou pela faixa de areia até a parte pública, onde observou algumas pessoas realizarem seus exercícios e alguns surfistas aproveitaram as ondas. Foi então que um dos surfistas chamou sua atenção, ali estava o abusado que lhe beijou na noite anterior.
Os cabelos dele estavam molhados, a pele era bronzeada, usava uma bermuda azul, da mesma cor da prancha. Ele pareceu reconhecê-la e deslizou a prancha para a área do hotel, com maestria chegou à praia, saindo da água próximo de Maya, com um sorriso no rosto:
— Sereia! — A voz dele soou animada.
— Abusado. — Maya respondeu e acabou sorrindo.
— Oh! Sou abusado? — Ele se aproximou e parou na frente dela, fincando a prancha na areia.
— Sim, você me beijou e nem falou seu nome.
— E você também não falou o seu, apesar de eu saber.
Maya o encarou desconfiada, fazendo o rapaz gargalhar:
— Sei que nosso primeiro encontro foi rápido, mas se esquecer de alguém que te salvou de uma surra, já é demais. — Ele riu.
— Surra… — Maya respondeu pensativa e foi então que se lembrou do rapaz segurando Scarlet para não bater nela. — Meu Deus! É você!
— Sim, sou eu. Seu nome é Maya, certo?
— Sim, e o seu?
— Warde. Desculpe por ontem, acho que fico um pouco sem noção quando bebo. Nem perguntei se era solteira.
— Não se preocupe, eu estou solteira.
— Já que está solteira, você aceitaria ir em um luau comigo hoje a noite?
— Luau? — Maya o encarou com curiosidade.
— É uma festa realizada na praia. O pessoal do surfe vai fazer e se quiser vir comigo…
— Qual horário? Ontem fiquei acordada até tarde e me sinto um lixo. — Maya confessou fazendo Warde rir.
— É cedo, vamos começar umas dezoito horas e as vinte devem terminar. É aqui na praia mesmo, bem seguro e qualquer um pode vir, caso queira trazer alguém.
— Tudo bem. Aceito o convite. Agora preciso voltar, vou tomar café da manhã com os meus amigos.
— Esta hospedada nesse hotel? — Warde indicou a construção.
— Sim.
— Vamos, vou te acompanhar até lá. — Warde pegou a prancha. — Quem sabe não vejo o senhor Netuno. Ele foi meu instrutor de surfe por anos. Até estudei na mesma escola que a filha dele, apesar de não sermos próximos.
— Interessante. — Maya passou a fazer o caminho de volta, seguida por Warde. — O sobrinho do Netuno é namorado do meu amigo que me trouxe aqui.
— Ah, já sei que é o seu amigo, então. — Warde mantinha um sorriso enquanto caminhava. — Falei com ele algumas vezes na balada. É um cara legal.
— Sim, ele tem sido um bom amigo para mim.
Os dois caminharam em silêncio até a área externa do restaurante, onde Damien já os observava do parapeito do deque:
— Então, até mais tarde? — Maya perguntou.
— Claro! Passo aqui às dezoito para te buscar. — Warde sorriu e como um garoto, passou a correr na direção do mar.
Maya olhou para Damien e riu, subindo as escadas do deque em seguida para se juntar ao amigo, que logo foi recebê-la:
— Até mais tarde? — Damien repetiu as palavras dela, enquanto a acomodava ao lado de Stephen.
— Então… — Maya riu constrangida. — Esse cara, me pagou um drinque e me beijou ontem, agora me convidou para um luau.
— Opa! Que cara? — Stephen perguntou curioso.
— O surfista, loiro, acho que ele ainda deve estar na água.
Stephen se levantou rapidamente e observou o mar, soltando um suspiro de alívio em seguida, o que chamou a atenção de Maya e Damien:
— Quando falou em surfista loiro, imaginei que fosse um problema que mora aqui perto. Mas aquele ali é de boa, se não me engano o nome dele é Warde. Ele gosta de carros e tem uma equipe disso. — Stephen retornou para mesa.
— Ele me salvou de uma surra algum tempo atrás. — Maya confessou e passou a tomar um pouco do suco que Damien havia servido.
— Que surra? — Damien perguntou.
— Lembra do evento que fui e voltei para casa com o vestido destruído?
— Sim.
— Ele foi a pessoa que segurou a Scarlet para eu fugir.
— Já tem a minha benção!
— Não sei bem o que houve, mas se ele te salvou e você se sente bem em tentar, só vai. — Stephen falou ao tomar um pouco de café.
— Acho que não custa nada eu conhecer alguém, não é mesmo?
— Não mesmo.
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Atualizado até capítulo 82
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