A sala de reuniões da Cooper Enterprise estava silenciosa, mas não era o silêncio comum de uma noite vazia. Era um silêncio denso. Carregado. Quase sufocante.
Sarah observava da copa, escondida atrás de uma das colunas, enquanto os seguranças do prédio circulavam nervosos, limpando tudo. Havia um ar de pânico contido. O ataque ao galpão não só feriu a reputação da empresa — destruiu coisas que não deveriam ser sequer mencionadas.
E Ruan Cooper… não tinha mais o controle total da situação.
O relógio marcava 23h47 quando ele chegou.
Dois carros pretos pararam em frente ao edifício. A porta do primeiro se abriu.
Primeiro saíram dois homens — guarda-costas armados, com olhos frios e passos sincronizados.
E então, a figura dele.
Elijah Parker.
Postura ereta. Ombros alinhados. A forma como desceu do carro foi medida, exata, como se cada movimento tivesse sido ensaiado mil vezes. Trajava um terno escuro impecável, camisa preta e luvas de couro. A gravata levemente frouxa parecia casual, mas nada naquele homem era casual.
Ele caminhava como se o mundo lhe devesse espaço.
As luzes do saguão refletiram no par de óculos de armação fina que ele retirou com calma, dobrando e guardando no bolso do paletó. Seus olhos estavam escondidos nas sombras, mas não precisavam ser vistos para serem temidos.
— Onde está o senhor Cooper? — perguntou ao recepcionista com voz grave, pausada, sem emoção.
O recepcionista engoliu em seco e apenas apontou.
No elevador, o silêncio era ainda mais opressor. Nem os seguranças ousavam falar.
No andar executivo, Ruan já o aguardava com o nó da gravata solto e o rosto suado. Tentava manter a compostura, mas o medo escorria pelos olhos.
Elijah entrou na sala sem pedir permissão.
— Pensei que tivesse deixado claro — começou, colocando uma pasta sobre a mesa. — Limpeza total. E no entanto... eu assisti seus capangas tropeçando em suas próprias merdas na minha tela de segurança. Foi divertido. Quase poético.
Ruan deu um passo à frente.
— Olha, eu... eu posso resolver isso. Só preciso de um pouco mais de tempo.
Elijah ergueu uma sobrancelha. Tirou as luvas com lentidão.
— Tempo, senhor Cooper, é o luxo que você perdeu quando tentou enganar alguém com menos moral que você.
A tensão explodiu no ar como eletricidade.
Do lado de fora, Sarah assistia pela fresta da porta. A respiração presa. O coração acelerado.
Aquele homem... não era um investidor. Não era sócio. Não era político. Ele era o predador.
E pela primeira vez em muito tempo, Ruan Cooper parecia ser a presa.
Elijah se virou, já satisfeito com o efeito causado. Antes de sair, fez uma última observação:
— Seu império está fedendo. Estou aqui pra decidir se queimo tudo… ou se deixo você apodrecer nele.
Passou por Sarah sem sequer notá-la. Ou notou — mas não demonstrou.
O perfume amadeirado, o andar controlado, a presença quase sufocante. Elijah deixou o prédio.
Mas deixou a sensação de que a morte tinha passado por ali — vestindo alfaiataria.
O ar parecia ter voltado a circular — mas não por muito tempo.
Não se passaram nem dez minutos até que um berro furioso explodisse pelos corredores.
— SARAAAAH! — o nome foi cuspido com ódio, como se fosse venenoso. — SEU LIXO INÚTIL, VEM AGORA!
Alguns funcionários encolheram os ombros. Outros apenas baixaram a cabeça, aliviados por não serem o alvo da vez.
Sarah fechou os olhos. A imagem da noite anterior ainda estava ali, latejando na mente: A mulher caída. As drogas. O sangue. A frieza. Mas quando abriu os olhos novamente... o rosto estava calmo. Impecável. Até gentil.
Ela ajeitou a saia, segurou a pasta contra o peito e caminhou até a sala de Ruan.
Ele estava de pé, com os punhos cerrados, a testa suada e os olhos vermelhos de raiva.
— O senhor me chamou?
— Me chamou? — ele repetiu em deboche, rindo com raiva. — É isso que você tem a dizer depois de destruir o que sobrou da minha reputação, sua idiota? Você dorme no ponto, esquece documento, entra e sai como se essa empresa fosse um shopping!
Ela abaixou o olhar.
— Me desculpe, senhor Cooper. Não era minha intenção.
— Não era sua intenção? — ele socou a mesa. — Você acha que intenção salva alguém? Você acha que alguém como eu pode se dar ao luxo de pagar por erros dos seus estagiários fracassados?
Sarah se manteve em silêncio. Não respondeu. Não desviou o olhar do chão. Isso o enlouqueceu.
— Olha pra mim quando eu falo com você! — ele gritou.
Ela levantou os olhos devagar, com expressão dócil.
Ruan pegou o copo de vidro em cima da mesa — ainda com restos de uísque — e lançou na direção dela com força.
O som da explosão contra a parede foi como um trovão.
Os cacos voaram para todos os lados. Alguns riscaram o braço de Sarah, outros cortaram de leve seu rosto. Um filete fino de sangue escorreu pela bochecha.
Ela piscou. Só uma vez. E então, como se nada tivesse acontecido, apenas puxou um lenço de dentro da bolsa e limpou o sangue com cuidado.
— Me desculpe novamente, senhor Cooper. O senhor gostaria que eu refizesse os relatórios de hoje?
O silêncio foi absoluto.
Ruan a encarava com ódio. Mas por trás da raiva... havia um desconforto. Uma sensação estranha. Aquela menina não se quebrava. Não chorava. Não reagia.
Ela apenas... existia. Como uma sombra dócil. Como algo que não sabia que estava vivo.
Sarah então se curvou levemente, pegou os papéis da mesa e saiu da sala. Sem drama. Sem pressa.
Ruan ficou ali, sozinho, com a sensação de que algo escapava por entre seus dedos. E pela primeira vez… ele se sentiu incomodado com a ideia de não saber quem, de fato, era Sarah.
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Atualizado até capítulo 29
Comments
Magna Regina
pra sofrer tanta humilhação deve ter um motivo porque de mulher forte sinta não vi nada
2025-05-27
0
tae Yeon
Estou louca para saber o que vai acontecer! 🤯
2025-05-04
1