AMOR DENTRO DA PRISÃO

AMOR DENTRO DA PRISÃO

Apresentação dos personagens e início da jornada

Apresentação dos Personagens – Amor através das Grades

Dra. Helena Sobral

Idade: 33 anos

Profissão: Médica clínica geral, coordenadora da área médica do Presídio Central do Estado.

Aparência: Possui cabelos castanho-escuros presos em um coque, olhos verdes intensos, pele clara e uma expressão decidida. Usa óculos para leitura e adota um estilo de vestir discreto.

Personalidade: É reservada, ética, inteligente e introspectiva. Guarda uma vida marcada por perdas e teve uma relação amistosa com seu pai, que foi policial.

Histórico: Aceitou o cargo na penitenciária para recomeçar. Apesar de ser uma médica jovem, é justa e enfrenta dificuldades em criar vínculos, mas possui uma empatia profunda que tenta ocultar.

Miguel dos Santos Avelar

Idade: 36 anos

Profissão: Ex-policial militar, preso por crimes como homicídio, roubo qualificado, agressão e resistência à prisão.

Aparência: Tem pele morena, barba por fazer, olhos castanho-escuros penetrantes, corpo magro porém robusto. Possui tatuagens discretas com significados pessoais espalhadas pelo corpo, incluindo uma coruja no braço.

Personalidade: Irônico, culto, provocador e extremamente estratégico. Possui uma inteligência aguçada e um ceticismo natural em relação à autoridade. No entanto, esconde um senso de justiça próprio e uma sensibilidade inesperada.

Histórico: Está preso há quatro anos por homicídio. Tornou-se um alvo por não se submeter às regras não-oficiais do sistema. No Presídio Central de Santa Verena, ele tem uma liderança natural e desafia as estruturas invisíveis do local.

Capítulo 1 – O Primeiro Dia

Helena Sobral nunca previu que sua primeira manhã no Presídio Central de Santa Verena seria tão intensa. Ao chegar, o carro parou diante de portões altos e oxidados, onde o som das correntes e o barulho metálico das portas se fechando do lado de fora eram um claro aviso de que nada mais seria igual.

Ela respirou fundo, agradeceu ao motorista com um leve aceno de cabeça, enquanto ele a encarava com uma expressão de desconforto. Helena já estava acostumada com olhares, mas naquele dia, eles tinham um significado diferente, tanto dentro como fora do carro. O ambiente estava carregado de medo ou, talvez, de curiosidade.

A porta do carro fechou com um barulho forte, e ela se dirigiu aos portões, onde um agente de segurança a aguardava com um semblante sério. Ele não falou nada, apenas fez um sinal breve com a mão para que ela o seguisse. Os olhares impassíveis dos outros agentes, armados e inexpressivos, a acompanhavam enquanto ela caminhava pelo local.

Helena não era ingênua. Estava ciente de que a penitenciária era um ambiente hostil, onde as pessoas eram reduzidas a números e suas histórias pessoais, ignoradas. Mas sua presença ali não era motivada por curiosidade ou bravura. Ela acreditava que sua profissão servia para salvar vidas, independentemente de quem fossem. Queria entender e ajudar de alguma forma aqueles que, mesmo encarcerados, ainda eram seres humanos e necessitavam de cuidados. Pelo menos, era isso que importava para ela.

Ao passar pelo pátio, dezenas de detentos a observavam. Alguns com curiosidade, outros com hostilidade oculta. Os rostos dos homens, marcados pelo tempo e experiências passadas, exibiam uma mistura de desespero e ceticismo.

— Doutora Sobral, seja bem-vinda. — disse o agente Russo, um homem robusto e de expressão sempre carrancuda, enquanto ela atravessava o portão principal.

Ele não acrescentou mais palavras, apenas apontou em direção ao edifício onde ela começaria seu trabalho.

— Aqui é onde você vai fazer milagres, se conseguir. — falou ele, antes de se afastar.

Helena entrou na ala médica e foi saudada por Estênio, que parecia mais amigável do que qualquer outro funcionário do presídio em um primeiro contato.

— Bom dia, doutora! Como foi a viagem? — perguntou ele, com um sorriso genuíno, como se quisesse aliviar a tensão que ela mal conseguia disfarçar.

— Foi tranquila. — respondeu Helena, sem desviar o olhar da sala à sua frente. Estava estranhamente vazia. — Estou pronta para começar.

— Então vamos. Mas saiba que não será fácil, especialmente com os internos. Cada um tem suas histórias, e não são histórias agradáveis.

Helena assentiu e seguiu Estênio até a sala de triagem. O som dos passos pesados no corredor a fazia se sentir menor, mas ela manteve a postura. Precisava estar à altura do desafio, pelo menos por agora.

Quando a porta se abriu, ela foi surpreendida pelo calor do ambiente, que contrastava com o frio lá fora. Alguns detentos estavam alinhados, aguardando atendimento. Havia homens de diferentes idades e aparências, mas algo os unia: o olhar distante de quem já havia experimentado dor, culpa e, de certa forma, aceitação da prisão.

Estênio chamou o primeiro da fila, um homem alto e magro, com o rosto coberto por uma barba desgrenhada.

— Sente-se, senhor Lima. Vamos começar a triagem. — disse Estênio, com uma calma que parecia natural naquele ambiente.

Helena observava, anotando mentalmente os pequenos detalhes. Havia algo curioso na maneira como o detento a olhava. Não era raiva, nem indiferença, mas curiosidade, quase como se ele estivesse tentando avaliá-la, medir sua confiabilidade.

— Doutora, o senhor Lima se queixa de dor nas costas. — informou Estênio enquanto o detento se sentava.

Helena fez um sinal para Estênio e se aproximou.

— Lima, você mencionou dor nas costas. Há quanto tempo sente isso? — ela perguntou com voz suave, mas firme.

O homem deu de ombros, como se aquilo fosse uma resposta comum.

— Já faz tempo. Aqui, a gente aprende a suportar. Não faz diferença. — respondeu ele, com um sorriso amargo.

Ela fixou seus olhos nos de Lima e, por um momento, percebeu que havia algo mais por trás daquele sorriso. Algo oculto, algo que ela precisaria desvendar. Mas ele rapidamente desviou o olhar, como se quisesse evitar qualquer aproximação emocional.

Helena terminou o atendimento, anotando algumas observações e solicitando medicação para o detento. Quando ele se levantou, trocou olhares com outros na fila. Alguns pareciam aliviados por sua saída, enquanto outros estavam desinteressados, mas todos a observavam. Cada movimento seu, cada palavra dita, parecia ser parte de um jogo cujas regras ela ainda desconhecia.

Após os primeiros atendimentos, Helena começou a perceber as dinâmicas do lugar. O presídio era mais do que apenas um espaço de confinamento físico; era uma rede complexa de relações de poder, medos não expressos e alianças silenciosas. Ficou claro que a hierarquia não se limitava apenas aos guardas. Os próprios presos, com suas relações de influência, também ditavam o ritmo.

Miguel dos Santos Avelar, embora não estivesse na fila de atendimento naquele dia, estava presente e observava da sala ao lado, onde os detentos aguardavam sua vez. Seus olhos pareciam encontrar os dela sempre que ele achava que ela não estava olhando. Não houve gestos evidentes, nem troca de palavras. Mas a tensão era palpável, como se ele estivesse fazendo anotações mentais sobre ela.

Helena, por sua vez, sentia os olhares, mas se esforçava para manter a compostura. Não queria ceder à sensação de ser um peixe fora d'água. O presídio não era um lugar para demonstrar qualquer tipo de vulnerabilidade, e ela sabia disso.

Com o passar dos dias, Helena sabia que as barreiras entre ela e os internos se tornariam cada vez mais tênues.

E, embora ela soubesse que a prisão era um ambiente onde tudo podia acontecer, ainda não tinha ideia de até onde sua presença ali a levaria.

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Comments

Vitoria Barbosa

Vitoria Barbosa

começando hoje 28/07/2025

2025-06-29

0

Nakayn _2007

Nakayn _2007

Já estou sofrendo de abstinência dessa história! 😵

2025-05-01

2

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