04

Milena

Após a festa de ontem, acordei sem saber se tudo aquilo tinha sido um sonho ou se realmente aconteceu. Levantei, fiz minha higiene e saí do quarto. Pelo olhar da minha mãe, percebi de imediato: não foi sonho, foi real. Ela me confirmou tudo o que aconteceu depois que eu fui levada para casa, e contou com detalhes como os seguranças agiram.

Pedi que agradecessem à segurança que me protegeu, e eles me levaram até ela. A abracei, agradeci de coração e depois voltei pra casa.

Algum tempo depois, ouvi uma gritaria vinda da sala. Desci apressada para ver o que estava acontecendo — meus pais estavam discutindo com o Marcos, e eu não fazia ideia do motivo.

Meu pai, exaltado, dizia:

— Como você teve a audácia de fazer uma coisa dessas? Não foi essa a educação que eu te dei, me fala!

Minha mãe tentava defender meu irmão:

— Mas o que foi que ele fez? Por que defender tanto essa segurança?

Meu pai respondeu firme:

— Porque essa não é a primeira besteira que seu filho faz aqui. Ontem mesmo, ele apareceu na portaria completamente alcoolizado. Tive que ir buscá-lo, e essa mesma segurança estava lá, evitando que ele fosse conduzido pela polícia e levasse uma tremenda multa. E você ainda acha pouco? Ou você se conserta… ou eu te deserd*!

Ficamos em choque com a fala do papai. Não falei nada, apenas subi para o meu quarto, calada.

Peguei meu celular e vi várias ligações e mensagens: uma do Humberto, outra do Sebastian… meu amor.

Abri primeiro a mensagem do Humberto. Ele pedia desculpas, dizendo que nunca achou que a ex dele fosse capaz de algo contra mim, mas agora estava arrependido e desejava que ela passasse muito tempo na cadeia. Só que, segundo ele, isso seria difícil, já que a família dela é rica e influente. Apesar de não ter sido culpa dele, decidi que seria melhor me afastar um pouco. Não quero problemas com ex-namoradas desequilibradas.

Mudando de assunto, fui falar com meu amor.

— Alô?

— Meu amor, como você tá? Estou tentando falar com você desde cedo!

— Estou bem, vida. Foi só um susto…

— Já te falei que não gosto desse cara. Você achava que era implicância, e olha no que deu!

— Eu sei, mas ele não teve cul...

— Nem termina a frase, né? Ainda vai defender? Olha a ex maluca dele! Se os seguranças não tivessem com você, eu nem gosto de pensar no que poderia ter acontecido.

— Eu sei, amor. Agora me diz, você volta quando? Estou morrendo de saudade...

— Hoje à tarde. Tô doido pra te ver. Não vejo a hora da gente poder ficar junto sem medo, sem esconder nada da sua família. Você sabe o quanto é difícil, ainda mais por causa da minha amizade com o Marcos… Mas, por você, eu abro mão de tudo. Te amo.

— Eu também te amo. Só me dá um tempinho pra preparar o terreno, tá? Quando chegar, me avisa. Quero te ver logo. Boa viagem, meu amor.

Desliguei com o coração leve… mas a leveza durou pouco.

Minha mãe entrou no quarto sem bater e soltou:

— Não tem banda pra contar, não?

Fiquei sem entender. Ela cruzou os braços e falou direto:

— Eu sei que você e o Sebastian estão juntos. Já falei o que penso dele: um mulherengo. Preferia mil vezes você com o Humberto!

Respirei fundo e falei com sinceridade:

— Mãe… é do Sebastian que eu gosto.

Ela fez cara feia, mas respondeu:

— Não vou me meter, mas é bom tomar cuidado. Ou então, conta logo pro seu pai!

Fez uma pausa e me olhou com aquele olhar de mãe curiosa:

— Filha… você já é bem grandinha, né? Uma mulher feita… Tá se cuidando? Tá usando preservativo? Não quero ser avó tão cedo!

Fiquei sem graça.

— Ainda não chegou “nos finalmentes”, mãe...

Ela soltou um suspiro, deu uma risadinha e disse:

— Pois então vamos fazer o seguinte: essa semana mesmo eu te levo no ginecologista. E depois a gente passa no sex shop pra você escolher um brinquedinho. Tem que saber do que gosta ou não.

Quase morri de vergonha, mas… no fundo, até que achei fofo da parte dela.

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