Anny
Como eu estava de folga da portaria e também não ia trabalhar como segurança no dia seguinte, pretendia dormir até mais tarde. Mas, como dizem, alegria de pobre dura pouco. Recebi uma ligação do meu superior pedindo que eu comparecesse ao condomínio. Na mesma hora, fiquei em alerta. Quando o seu Edgar — administrador do condomínio — liga, coisa boa não é.
Arrumei-me rapidamente e fui até lá. Ao chegar, deparei-me com o senhor Ferraz e uma mulher elegante, que se apresentou como mãe da Milena. Achei estranho ela não se apresentar como esposa dele, mas não era da minha conta.
Vieram me agradecer pessoalmente pelo que fiz na noite anterior, pelo meu “olhar de águia”, segundo as palavras deles. Disseram que, mesmo com vários seguranças de confiança, ninguém percebeu o que estava acontecendo bem debaixo dos seus narizes.
Foi-me oferecido um cargo como segurança pessoal — mais precisamente, guarda-costas dos filhos dele. Fiquei em choque e, ao mesmo tempo, honrada com o convite. Mas, infelizmente, tive que recusar. Expliquei que, apesar da confiança, esse tipo de trabalho é muito arriscado. Tenho uma família que depende de mim.
Milena apareceu e me abraçou. Percebi que já tinha criado um certo afeto por eles.
Não sei explicar, mas sempre que estou perto do senhor Ferraz… sinto algo estranho. Um tipo de tensão. Ele me olha de um jeito que parece tentar ler minha alma pelos olhos. Tento disfarçar, mas ele percebe.
A senhora Juliana, mãe da Milena, me lançou um olhar que não sei decifrar — não sei se foi de simpatia ou desprezo. Deixei pra lá.
Já estava me retirando quando um dos gêmeos se aproximou e soltou:
— Ora, ora… se não é a salvadora do dia. De manhã me barra na portaria, à noite salva minha irmã. Mil e uma utilidades... — disse, com um sorriso debochado. — Olhando você assim, sem uniforme, você é bem gostosa. Quanto você cobra pra passar a noite comigo?
Fiquei em choque. Pensei: não é possível que ouvi isso. Virei as costas para ir embora, mas ele segurou meu braço e disse:
— Quem você pensa que é pra me deixar falando sozinho, sua p*ta?
A partir dali, não enxerguei mais nada. Dei um tapa no rosto dele com a mão cheia. Ele se levantou furioso e veio me atacar. Dei uma joelhada entre as pernas dele. Ainda assim, insistente, tentou me agarrar novamente. Apliquei um mata-leão. Foi difícil, ele era mais alto e forte, mas consegui imobilizá-lo.
Começou a me xingar em inglês:
— You son of a bitch! I'm going to finish you off. You pay me. You won't work anywhere else. I'll take care of that!
(Sua filha da puta! Eu vou acabar com você. Você me paga. Você não vai trabalhar em nenhum outro lugar. Eu vou cuidar disso!)
Bateu no meu braço várias vezes tentando se soltar, até que as pessoas começaram a se aproximar. O pai dele chegou, tocou meu ombro, mas eu ainda estava cega de ódio. Soltei o filho dele no chão, ofegante.
Eles começaram a falar várias línguas que eu não entendia, até que o senhor Ferraz finalmente se dirigiu a mim:
— O que eu estou tentando entender aqui é: por que você agrediu meu filho?
Respirei fundo e respondi:
— O senhor deveria perguntar isso ao seu filho. Mas parece que a criatura perdeu a fala...
Insisti para que verificassem as câmeras de segurança do pátio e tirassem suas próprias conclusões.
A mãe do garoto, como toda boa mãe, tentou defendê-lo:
— As imagens não mostram nada que justifique tamanha violência...
Respondi, com firmeza:
— Pena que as imagens não captam tudo. Mas eu posso falar o que o filho de vocês fez. Primeiro, ele me assediou, me chamou de prostituta, como se eu fosse garota de programa. Quando rejeitei a proposta absurda dele, ele me xingou e tentou me agredir. O que eu fiz foi me defender.
Juliana tentou justificar:
— Ele não é do Brasil, não sabe se comportar...
Olhei nos olhos dela e disse:
— Educação vem de casa. Saber tratar uma mulher vem do caráter, e não do país de origem.
Ela não gostou, mas vi um leve sorriso escondido no canto dos lábios do senhor Ferraz.
Ele então encerrou:
— Isso termina aqui. Se quiser fazer um boletim de ocorrência, está em seu direito.
A mãe do garoto ainda tentou me oferecer dinheiro, como se pudesse apagar o que aconteceu. Mas fui direta:
— Meu caráter não está à venda.
Virei as costas e saí dali com a cabeça erguida.
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Atualizado até capítulo 62
Comments
Ester
bem deficiente os diálogos creio que um pouco mais de atenção na escrita ficaria top autora kisses
2025-06-05
0
Mavia Dantas
que tapa bem dado na mãe dele/Chuckle/
2025-06-04
0
Jessica Carmo
arrasou menina /Smile/
2025-06-04
1