......................
No dia seguinte
......................
Amanheceu o dia com o cafetao chamando por mim dizendo q tava com fome e levantei ja com ódio.
pensa num cara folgado
me arrumei fiz o café e fui direto trabalha eu ia faltar na faculdade hj.
eu tinha planos melhores pra hj e envolvia o seboso do meu chefe.
chego e ja me posiciono na vitrine um tempo depois ele me chama no escritório
minha oportunidade perfeita pra por meu plano em ação
sai da vitrine sem expressao e entro na sua sala
ele tentou me pegar pela cintura
como se eu fosse dele
como se só porque ele quis, eu ia aceitar
tadinho
fiquei parada deixei encostar deixei achar que tava no controle porque o primeiro
o primeiro sempre acha que é o dono da situação
e é por isso que cai feio baixei o olhar, mordi o lábio, fiz doce
cara de sonsa, voz baixa
olhar perdido por dentro?
rindo e planejando
esperando o momento exato.
entreguei o copo
whisky puro
com veneno misturado na medida
sem cheiro, sem cor
mas um gosto que ele ia lembrar… nos últimos segundos de vida ele tomou com gosto
achando que tava me conquistando
achando que ia me levar pra cama
bobo demais minutos depois
a garganta dele travou
a pele foi ficando vermelha, depois roxa
tossia tentando respirar
e eu ali, sentada, olhando sem emoção
sem um pingo de pena filmei
tudo cada expressão, cada gemido, cada piscada de desespero
ele foi caindo devagar
igual bicho morrendo no canto do quarto
mandei o vídeo esposa amantes sócios até uns inimigos dele que eu conhecia de nome
todo mundo recebeu sem legenda
só com um recado no final
"a mulher que você não conseguiu controlar."
saí do lugar sem pressa
porta aberta
corpo largado no chão
e o silêncio me aplaudindo horas depois, ele chegou
terno bem passado, sapato brilhando
cheiro de dinheiro
olhar de quem já matou antes olhou pro corpo
pro copo
pro vídeo no celular e sorriu não disse nada só entendeu não quem eu sou ainda não
mas entendeu que começou, e esse jogo?
ah…
esse jogo é meu
Me aproximo do galã
— Bonitão assim, achei que só servia pra decorar sala de reunião — falei, cruzando os braços.
— E você… com essa cara de quem não sente nada, achei que só servia pra quebrar corações.
Ele nem piscou.
— Quebrar corações? Não. Eu arranco. Ainda batendo.
— Hm… direto do peito?
— Ou da cueca. Depende da intenção.
Ele riu.
Com gosto. Sem medo.
— E eu achando que você era só mais uma vadia vingativa.
— E eu achando que você era só mais um homem burro o suficiente pra falar isso na minha frente.
Silêncio.
Longo.
Ele se aproximou, devagar. Bem devagar. Olhar fixo. Sem piscar.
— O problema é que eu gosto de mulher assim.
— O problema… é que eu mato homem assim.
Ele sorriu de novo.
Mas dessa vez… com cuidado.
— Já matou muitos? — ele perguntou, como se estivesse perguntando a cor do esmalte.
— Só os que tentam me domar.
— E os que te entendem?
Cheguei mais perto. Tão perto que dava pra ouvir o batimento cardíaco dele tentando fingir que tava calmo.
— Não existem.
— Então você se acha tão incompreensível assim?
— Não me acho. Eu sou.
Ele me analisava como se procurasse uma rachadura. Uma falha. Alguma coisa que provasse que eu era só pose. Mas eu sou mais que isso. Sou o espelho quebrado que corta quem tenta limpar.
— Você é perigosa — ele disse, sem ironia.
— Obrigada. Isso soa melhor que “bonita”.
— É os dois.
— Cuidado. Quem chama de bonita, às vezes acorda morto.
Ele deu uma risada baixa. Aquela risada que homem faz quando tá excitado… ou assustado… ou os dois.
— Então eu deveria fugir?
— Deveria correr. Pra bem longe.
— E se eu quiser ficar?
— Aí você morre bonito.
Silêncio. Ele me olhou como quem tava prestes a fazer uma aposta alta demais. E eu? Eu só estava aproveitando o jogo.
— Seu nome…? — ele arriscou.
— Pra quê? Vai colocar numa lápide?
— Talvez num contrato. Talvez num sussurro.
— Sonha, gato.
Virei as costas como quem encerra um número de dança.
Mas ele... ele veio atrás.
Do tipo que gosta do desafio.
Do tipo que ainda não aprendeu que não se segura uma tempestade com conversa fiada.
— Você não me conhece — ele tentou.
— Melhor assim. Quem me conhece, morre.
— Quer ajuda com o corpo? — ele perguntou, do nada. Calmo. Como se tivesse me visto jogando lixo fora e não... um cadáver.
Virei devagar. Sem pressa.
Olhei pra ele de cima a baixo. Terno alinhado, sapato engraxado, cara de “sou melhor que todo mundo”.
Dei uma risada seca. Daquelas que nem chegam nos olhos.
— Tá querendo ponto comigo, é? — dei um passo na direção dele — Porque se for, entra na fila... lá no fim.
Ele nem piscou. Nem se mexeu.
— Só achei que seria cansativo arrastar um homem desse tamanho sozinha.
— E quem disse que eu arrasto? — sorri de canto — Ele vem por conta própria, nem que seja aos pedaços.
Silêncio. Só o som do relógio de parede marcando cada segundo como se estivesse medindo quem ia recuar primeiro.
— Você é engraçada.
— E você é metido. — rebati.
Ele cruzou os braços.
— Eu sou o dono do submundo. Todo mundo responde pra mim. Até quem acha que não existe.
Parei. Um segundo. Só um.
Aquele nome...
Era impossível.
Mas era ele.
O nome dele saiu da minha boca antes que eu pensasse.
— Victor Eduardo...
Ele sorriu, de canto.
Mas não foi só ele que reconheceu. Ele também me olhou diferente. A sobrancelha levantou só um pouco, e aí ele disse, como quem encontrou um segredo antigo:
— Você é ela. A que ninguém conhece, mas todo mundo teme.
— A anônima. — completei.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 38
Comments