Ultimo suspiro

A van descia a rua silenciosa, os faróis apagados, os quatro homens lá dentro com máscaras no colo e luvas já calçadas. Cael olhava pela janela em silêncio, o coração martelando no peito.
— Escuta, Cael — disse Tenente, no banco da frente —
Tenente
Tenente
Você entra pelos fundos. Corta a cerca com esse alicate aqui, e desarma o sistema da cozinha. Fácil.
Cael
Cael
— Fácil o caralho — resmungou Cael, pegando o alicate com má vontade.
Cael
Cael
E se tiver câmera?
Tenente
Tenente
— Já disseram que é sistema antigo. Coisa burra. Você é o mais ágil, confio em ti. — E riu. Aquela risada idiota que Cael odiava.
Cael
Cael
— Quando isso aqui der merda, vou lembrar que fui burro de ouvir tua voz — disse, fechando a cara.
A mansão era um monstro de três andares, rodeada por árvores e silêncio. Bonita de um jeito quase cruel.
Dava pra sentir que ali dentro morava alguém perigoso. Mas a fome e o dinheiro fácil tinham falado mais alto.
Cael pulou o muro, se esgueirou pelos fundos, cortou a cerca como combinado. Até ali, tudo corria conforme o plano.
Entraram.
O interior era silencioso demais.
Quadros caros, estátuas, mármore no chão — coisa de outro mundo. Os olhos de todos brilharam, já pensando no quanto podiam vender.
Cael foi até a cozinha e tentou seguir o passo a passo que tinham ensinado. Mas algo estava errado. Muito errado.
BEEP... BEEP... BEEP.
Cael
Cael
— Porra.
O alarme disparou. Alto. Estridente. Um som que parecia cravar agulhas na pele.
— CAEL, O QUE VOCÊ FEZ? — gritou um dos caras da equipe, puxando a arma.
Cael
Cael
— EU SEG... —
Antes que Cael pudesse terminar, a primeira bala atravessou o crânio do ladrão mais próximo.
O segundo gritou, tentou atirar, mas uma sombra surgiu da escuridão. Alta, ameaçadora. E fria.
Um homem. Terno preto. Olhar de gelo. Movia-se como um predador treinado. Cada movimento dele era preciso, letal.
Outro disparo. Outro corpo no chão.
Tenente
Tenente
— Mata esse filho da puta! —
Gritou Tenente, mas foi o próximo a cair, com o pescoço torcido num estalo seco.
Cael estava paralisado.
O homem, agora a poucos metros, parou. Os olhos dele se cravaram nos de Cael.
Sem pensar, Cael virou as costas e correu.
Corredores. Escadas. Portas fechadas. Nada levava pra saída.
Ele entrou numa sala, pegou um abajur, esperou.
Quando a porta abriu, ele pulou em cima do homem. Gritou. Lutou com todas as forças. Mas era como lutar contra uma parede de pedra.
O soco veio rápido, brutal, direto no queixo. Tudo apagou.
Quando os olhos abriram de novo, Cael sentiu a boca seca, um gosto de sangue e ferro na língua.
Tinha algo tampando sua boca — uma fita. Estava amarrado a uma cadeira, os pulsos presos. A sala era escura, iluminada só por uma lâmpada pendurada balançando devagar.
Ele tentou se mexer. A dor respondeu primeiro. Depois veio o pânico.
Seu coração acelerou. Os olhos arregalados. O som da própria respiração abafada e o eco de passos distantes.
“Fodeu...” — pensou.
E ele sabia que tinha razão.
FIM DO CAPÍTULO.
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Comments

dona Coelha

dona Coelha

porra fui procurar uma obra mas acabei achando ouro isso aq tá foda demais vey

2025-04-30

9

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