Um Novo Amanhecer

O sol da manhã já brilhava com suavidade sobre o gramado do Central Park, filtrado pelas copas das árvores que balançavam ao ritmo de uma brisa leve e acolhedora. Elisa sentia o frescor no rosto enquanto caminhava ao lado de Ana Clara, os passos sincronizados após uma hora e meia de corrida. Riam e trocavam provocações leves, aliviando a alma ainda marcada pelas dores do passado.

Ana Clara, ainda ofegante, zombou:

— Só você, prima, pra me tirar da cama às sete da manhã num sábado!

Elisa riu, puxando uma garrafinha de água da bolsa presa à cintura.

— Você vai me agradecer quando a endorfina bater — respondeu, piscando.

As duas pararam no centro do gramado, próximo a um grupo de babás e crianças pequenas com carrinhos de bebê e brinquedos coloridos. Elisa bebeu um gole da água, respirando fundo. Foi quando sentiu uma mãozinha delicada puxar levemente sua calça. Baixou os olhos e se deparou com uma garotinha adorável de cachos dourados e olhos imensos, que a encarava com inocência.

— Moça, posso tomar um pouco da sua água? — perguntou a menina, com a voz doce e cansada.

Elisa olhou ao redor, procurando algum adulto por perto, mas ninguém parecia estar prestando atenção na criança.

— Onde está sua mamãe, pequena? — perguntou, ajoelhando-se à altura da menina.

— Minha mamãe virou uma estrelinha — respondeu a menina com simplicidade, apontando para o céu.

A resposta tocou Elisa fundo. Engoliu seco, mas manteve o sorriso gentil.

— E seu papai?

— Ele trabalha muito... — a menina suspirou. — Quem cuida de mim é a tia Judy, mas eu fugi dela pra brincar de pique-esconde. Fiquei cansada e tô com sede.

Elisa ofereceu a garrafa de água, observando a menina beber com gratidão.

— Qual o seu nome, princesinha?

— Amy.

— Amy, eu sou a Elisa. Vamos procurar sua tia Judy, tudo bem?

Antes que Amy respondesse, uma mulher de uniforme branco apareceu correndo entre os carrinhos, visivelmente aflita. Seus olhos se arregalaram ao ver a criança.

— Amy! Meu Deus, você não pode sair correndo assim! Se seu pai descobre isso, serei uma mulher morta!

Elisa se levantou, ainda segurando a mãozinha da menina, e sorriu para a babá.

— Ela está bem, só cansada e com sede.

Judy ofegava, mas aliviada por encontrar a criança em segurança. Seus olhos recaíram sobre Elisa com gratidão.

— Muito obrigada... e desculpe o incômodo. Amy tem o dom de nos deixar de cabelos em pé.

Elisa soltou uma risadinha e balançou a cabeça.

— Imagina. Eu me dou muito bem com crianças, tenho vários sobrinhos-netos.

Judy arqueou as sobrancelhas, surpresa.

— Uau, você não parece ter idade pra isso.

— Meus pais me tiveram quando já eram bem mais velhos — explicou Elisa, divertida. — Cresci entre sobrinhos, e alguns deles são mais velhos que eu. Tenho quatro sobrinhos-netos... e mais um a caminho.

Amy a olhou com os olhos brilhando de curiosidade.

— Eu posso conhecer eles?

Elisa sorriu com ternura e segurou as duas mãozinhas da menina.

— Eles moram muito longe, do outro lado do mundo, na Itália. Mas quem sabe um dia?

— Eu gostei de você, tia Elisa — declarou Amy com sinceridade. — Você vai vir aqui de novo?

— Eu venho correr aqui todos os dias, de manhã.

Amy abriu um sorriso largo.

— Então eu vou vir todos os dias pra te ver também!

Elisa riu e fez um gesto de promessa com o dedo mindinho, que Amy logo imitou.

— Combinado, princesa. Mas só se você prometer não fugir mais da tia Judy.

Amy assentiu, e Judy respirou aliviada.

— Obrigada mesmo, Elisa. Nem sei como agradecer.

— Só cuide bem dessa pequena. E se quiserem correr comigo de vez em quando, estão mais que convidadas.

Enquanto Judy e Amy se afastavam, Elisa ficou observando a menina por alguns segundos. Sentia o coração aquecido pela doçura inesperada daquele encontro. Talvez ali, naquela cidade estranha, sua nova história começasse mesmo entre passinhos infantis e sorrisos sinceros.

Ana Clara se aproximou, erguendo as sobrancelhas com humor:

— Já tem fã-clube, é? Foi só chegar e já ganhou seguidora fiel!

Elisa deu um leve empurrão na prima, rindo.

— Só uma alma pequena lembrando a gente de que a vida continua... mesmo quando tudo parece parado.

E as duas retomaram o caminho, sob a luz dourada do novo dia que nascia sobre Nova York.

O sol já subia alto quando Ana Clara e Elisa caminharam de volta para casa, ainda com os cabelos presos e os rostos levemente corados pela corrida e pelo calor da manhã. O Central Park ficava para trás, mas as risadas ecoavam entre elas como se ainda estivessem ali, sentadas no gramado ao lado da pequena Amy.

— Aquela menina é um furacão de fofura! — Ana Clara dizia, rindo alto. — Você viu a cara da babá? Coitada, parecia que ia desmaiar quando te viu com a criança!

— E eu lá sabia de quem era? — Elisa balançou a cabeça, divertida. — Só vi aquela carinha pedindo água, e pronto... já tava pronta pra adotar.

Ana Clara a cutucou com o cotovelo, maliciosa.

— Olha aí, hein! Começa com uma garrafinha de água e quando vê já tá com um berçário em casa!

Elisa gargalhou.

— Imagina! Amy ia dominar tudo! Você ouviu? "Vou vir todos os dias pra ver a tia Elisa." Já tenho fã número um em Nova York.

— Melhor do que um pretendente metido — comentou Ana Clara com um sorriso travesso.

— Nem me fala... — Elisa respondeu, ainda com um brilho nos olhos. — Mas confesso que aquela menina me fez bem. Nem parece que estou em outro país. Foi como se por alguns minutos eu estivesse em casa.

Ana Clara parou por um instante e segurou o braço da prima com carinho.

— Você está em casa, Elisa. E sempre vai estar, onde estivermos juntas.

Elisa sorriu, tocada pela frase.

— Obrigada, prima... Sério. Acho que eu precisava mesmo ouvir isso.

Elas retomaram o caminho, subindo os degraus da casa com passos leves e o coração um pouco mais aquecido. A lembrança de Amy ainda dançava nos pensamentos, e mesmo sem saber, aquela garotinha já tinha deixado uma marca doce no dia delas — e talvez na vida.

Elisa

Ana Clara

Amy

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Comments

Alessandra

Alessandra

Que linda a Amy, a Elisa vai se apaixonar pelo pai dela ou ele por ela

2025-04-25

4

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