Capítulo 5 - Encontro fora do bistrô

Era um sábado de sol forte, e a cidade parecia mais tranquila do que o habitual. As ruas estavam menos movimentadas, e o comércio parecia mais calmo. Clara estava de folga, algo que ela não sabia como lidar. Ela se acostumara tanto com o ritmo constante do bistrô, com a rotina das semanas que passavam rapidamente, que ficar em casa sem nada para fazer a fazia se sentir desconectada do mundo.

Ela pensou em ir até o mercado, talvez comprar algo para testar uma nova receita, mas não estava inspirada. Então, sem ter muito o que fazer, decidiu sair para caminhar. A cidade tinha um charme peculiar aos sábados, quando as pessoas estavam mais relaxadas e o barulho habitual da semana se dissipava.

Ela se perdeu nos próprios pensamentos, caminhando sem pressa pelas ruas tranquilas. A sensação de liberdade era algo raro para ela, e ela não sabia bem como lidar com isso. Ainda estava pensando sobre o encontro da última quarta-feira, sobre o olhar de Miguel e a maneira como ele a fazia sentir algo, mesmo sem dizer muito.

E foi então que ela o viu. Miguel estava parado do outro lado da rua, aparentemente à espera de algo ou alguém, com a expressão séria de sempre. Ele parecia um pouco fora de lugar, talvez porque nunca o tivesse visto tão longe do bistrô. Clara hesitou por um momento, pensando se deveria se aproximar ou não. Eles nunca haviam conversado fora daquele ambiente, e ela não sabia o que dizer.

Mas, antes que pudesse tomar uma decisão, Miguel a viu. Ele fez um leve gesto com a cabeça, reconhecendo-a, e começou a atravessar a rua com aquele passo calmo e tranquilo que ela já conhecia.

— Clara? — ele perguntou, a voz suave, mas com um toque de surpresa. — Não sabia que você estava por aqui.

Clara sorriu, meio sem jeito, tentando esconder a surpresa de vê-lo fora do bistrô.

— Eu... estava só passeando. — Ela deu de ombros, sem saber como explicar sua presença ali. — Estava de folga hoje.

Miguel fez uma leve careta, como se refletisse por um momento. Ele parecia um pouco mais relaxado fora do ambiente habitual, sem o peso da seriedade que ela associava ao bistrô.

— Folga, hein? — ele comentou, com uma ponta de humor na voz. — Isso deve ser bom.

Clara apenas concordou, sem saber muito o que falar depois disso. O silêncio se arrastou por um momento, mas foi quebrado quando Miguel falou de novo.

— Eu ia dar uma volta, aliás. — Ele indicou a praça ao longe, como se convidasse ela a caminhar com ele. — Não está tão quente hoje, acho que é um bom dia para estar fora de casa.

Clara hesitou por um momento. Ela não costumava sair com alguém que conhecia tão pouco, mas havia algo no jeito dele que a fazia se sentir à vontade. Algo gentil, sem pressa. Sem pressões. E ela não sabia, mas a curiosidade estava começando a crescer dentro dela.

— Talvez eu vá também, então. — Ela disse, com um sorriso tímido. — Só por um tempo, nada muito longo.

Eles caminharam juntos, sem pressa, apenas aproveitando o ar fresco da cidade. A conversa foi leve no começo, como se ambos estivessem testando os limites do que poderiam falar. Clara não sabia muito sobre Miguel, mas ele parecia genuíno, mais do que o homem que a observava silenciosamente todas as quartas-feiras.

Miguel falava sobre suas atividades diárias, algumas coisas triviais, e Clara notava que ele tinha um jeito mais relaxado agora, sem a rigidez que ela via no bistrô. Ele parecia mais... normal, por assim dizer. Um homem simples, com um estilo de vida simples, que não fazia questão de impressionar.

Eles passaram pela praça, onde algumas famílias aproveitavam o dia de descanso, e a conversa foi ficando mais confortável. Clara começou a falar um pouco mais sobre si mesma, sobre o que a fazia feliz, e sobre o sonho de ser uma grande cozinheira. Ela falou sobre as dificuldades que encontrava, as frustrações de ver seu trabalho invisível para muitos, enquanto os outros apenas desfrutavam da comida que ela preparava.

Miguel ouviu atentamente, e ela percebeu que ele não estava apenas ouvindo por educação. Ele estava interessado, fazendo perguntas, parecendo genuinamente curioso.

— Eu entendo isso. — Miguel disse, com um sorriso tranquilo. — É fácil esquecer o trabalho de quem está por trás das coisas que consumimos. Acho que muita gente não percebe o esforço que envolve preparar algo bem-feito.

Clara sorriu de volta, sentindo uma leve sensação de reconhecimento. Ela não costumava falar tanto sobre seus sentimentos com outras pessoas, mas havia algo na maneira como ele a escutava que a fazia se sentir confortável.

Quando chegaram ao final da praça, Clara olhou para o relógio. Ela sabia que o dia estava passando rapidamente, e já começava a se perguntar se ela deveria voltar para casa. Miguel, como se percebesse seus pensamentos, virou-se para ela com um leve sorriso.

— Então, o que acha de irmos pegar algo para beber? — ele sugeriu. — Algo refrescante para terminar o dia.

Clara pensou por um momento. Ela não queria encerrar a conversa tão cedo. Além disso, já estava começando a se sentir à vontade com ele, mais do que imaginava.

— Pode ser. — Ela aceitou, sorrindo. — Mas depois eu preciso ir. Não sei se posso ficar muito mais tempo.

Miguel apenas assentiu, e eles seguiram para um pequeno café no canto da praça. O local tinha uma atmosfera tranquila, e era o tipo de lugar onde as pessoas pareciam querer relaxar por horas, sem pressa.

Enquanto tomavam suas bebidas, a conversa continuou. E foi então que Clara percebeu algo. Algo que ela não tinha percebido até aquele momento. Miguel estava, na verdade, muito mais interessante do que ela pensava. Ele não era apenas o homem sério e reservado que vinha todas as quartas-feiras ao bistrô. Ele tinha uma profundidade, uma história, e ela queria saber mais.

Quando o sol começou a se pôr, Clara se levantou, sentindo que já era hora de voltar para casa.

— Acho que vou indo agora... — ela disse, com um sorriso gentil. — Não sei se vou conseguir ficar mais tempo hoje.

Miguel a olhou, como se refletisse por um momento. Então, com um sorriso sutil, ele falou:

— Que pena... Mas, quem sabe, posso começar a vir mais vezes. No bistrô, claro.

Clara o olhou, surpresa. Ela não esperava ouvir aquilo.

— Talvez seja uma boa ideia — disse ela, com um sorriso tímido. — Vai ser bom te ver por lá novamente.

Eles se despediram com um aceno, e Clara se afastou, com o coração um pouco mais leve do que quando havia saído de casa. Ela sabia que aquele dia seria uma lembrança boa — um pequeno passo para algo mais. Algo que ela não sabia o que era ainda, mas estava começando a gostar da ideia.

Quando se afastou, ainda podia sentir a presença de Miguel ao seu lado, mesmo que ele já estivesse longe. A sensação de que algo estava começando a mudar, de que talvez aquele encontro fosse apenas o início de algo mais profundo, mais real.

E talvez, só talvez, ela estava começando a perceber o que esse "algo mais" poderia ser.

Capítulos
1 capítulo 1 Silêncio do primeiro dia
2 Capítulo 2 – Marcas Invisíveis
3 Capítulo 3 — Ecos de Silêncio
4 Capítulo 4 - "Entre as Sombras e a Luz"
5 Capítulo 5 - Encontro fora do bistrô
6 Capítulo 6 – A Noite em que Ele Voltou
7 Capítulo 7 – Entre Confissões e Silêncios
8 Capítulo 8 — Sussurros do que ficou para trás
9 Capítulo 9 "A Voz da Janela Esquecida".
10 Capítulo 10 – Entre Pesadelos e Recomeços
11 Capítulo 11 – Silêncio em Forma de Sabor
12 Capítulo 12 – Quando o Silêncio Fica Cheio
13 Capítulo 13 – Onde Termina a Rua
14 Capítulo 14 Receita Para Um Convite
15 capítulo 15 O Prato Que Não Se Serve Duas Vezes
16 capítulo 16 Aquilo Que Ainda Dói
17 Capítulo 17 — O Peso do Silêncio e o Sabor das Coisas Simples
18 capitulo 18 Meu silêncio estava cheio de voce
19 Capítulo 19 – As Coisas que o Corpo Guarda
20 Capítulo 20 – O Que Resta Quando Tudo Muda
21 Capítulo 21: Cheiro de Mudança
22 capítulo 22 Onde a dor repousa
23 Capítulo 23. Entre o Alecrim e o Vento
24 Capítulo 24 — Rastros de Alecrim
25 Capítulo 25 — Notas Silenciosas
26 Capítulo 26 — Entre risos e confissões silenciosas
27 Capítulo 27 – Entre o que não foi dito
28 capítulo 28 Depois do Beijo
29 Capítulo 29 – Esboços de Coragem
30 Capítulo 30 — O Gosto do Recomeço
31 capítulo 31 No Ritmo da Chuva
32 capítulo 32 Onde o Tempo Espera
33 Capítulo 33 Os Primeiros Dias de Nós Dois
34 capítulo 34 O Prato que Servia Três”
Capítulos

Atualizado até capítulo 34

1
capítulo 1 Silêncio do primeiro dia
2
Capítulo 2 – Marcas Invisíveis
3
Capítulo 3 — Ecos de Silêncio
4
Capítulo 4 - "Entre as Sombras e a Luz"
5
Capítulo 5 - Encontro fora do bistrô
6
Capítulo 6 – A Noite em que Ele Voltou
7
Capítulo 7 – Entre Confissões e Silêncios
8
Capítulo 8 — Sussurros do que ficou para trás
9
Capítulo 9 "A Voz da Janela Esquecida".
10
Capítulo 10 – Entre Pesadelos e Recomeços
11
Capítulo 11 – Silêncio em Forma de Sabor
12
Capítulo 12 – Quando o Silêncio Fica Cheio
13
Capítulo 13 – Onde Termina a Rua
14
Capítulo 14 Receita Para Um Convite
15
capítulo 15 O Prato Que Não Se Serve Duas Vezes
16
capítulo 16 Aquilo Que Ainda Dói
17
Capítulo 17 — O Peso do Silêncio e o Sabor das Coisas Simples
18
capitulo 18 Meu silêncio estava cheio de voce
19
Capítulo 19 – As Coisas que o Corpo Guarda
20
Capítulo 20 – O Que Resta Quando Tudo Muda
21
Capítulo 21: Cheiro de Mudança
22
capítulo 22 Onde a dor repousa
23
Capítulo 23. Entre o Alecrim e o Vento
24
Capítulo 24 — Rastros de Alecrim
25
Capítulo 25 — Notas Silenciosas
26
Capítulo 26 — Entre risos e confissões silenciosas
27
Capítulo 27 – Entre o que não foi dito
28
capítulo 28 Depois do Beijo
29
Capítulo 29 – Esboços de Coragem
30
Capítulo 30 — O Gosto do Recomeço
31
capítulo 31 No Ritmo da Chuva
32
capítulo 32 Onde o Tempo Espera
33
Capítulo 33 Os Primeiros Dias de Nós Dois
34
capítulo 34 O Prato que Servia Três”

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