O segredo dos Martineli's.

Outra vez essa mesma sensação, sinto o seu olhar nojento sobre mim e sentir isso é como uma faca na minha garganta. Olho em volta do quarto, as janelas estão trancadas e a porta também, mas sinto que ele está me observando.

Meu peito subia e descia, não consigo controlar a minha respiração, me inclino e pego a faca que deixei no criado mudo, ouço passos em direção a porta, olho por debaixo e vejo que tem alguém do outro lado dela, engulo a seco, seguro firme a faca e saio da cama sorrateiramente.

Escondo a faca atrás das costas e com a outra mão, seguro a maçaneta com receio. Assim que eu abrir a porta, irei por um fim a essa sensação angustiante, a todas as noites que fico acordada com medo dele. Nesse momento a minha mão treme como vara verde e o meu coração parece que vai explodir a qualquer momento. Assim que tomo coragem, eu abro a porta.

- Alana, já está acordada? Ainda são 5:50 da manhã.

Diz a irmã Fátima, uma freira que cuida de mim desde os meus 15 anos.

Dou um sorriso forçado e continuo com a faca atrás das costas, Jesus! Quase matei a única pessoa que se importa comigo.

- Alana?

Saio dos meus pensamentos com ela me chamando.

-An? Quê?

-Minha menina, você anda tão distraída.

Diz tocando em meu rosto.

- Desculpa, irmã Fátima, não queria acordar você, eu tive um pesadelo e não consegui voltar a dormir.

Minto e ela continua acariciando o meu rosto.

-Minha menina, se você quiser eu posso ficar aqui com você, ainda está muito cedo.

-Eu quero sim, você é um anjo na minha vida, irmã Fátima.

Digo e ela me abraça, por um descuido a faca cai no chão, mas rapidamente eu a chuto para debaixo da cama.

-Que barulho foi esse?

Pergunta se afastando do abraço e olhando para o chão.

-Alguma coisa deve ter caído, mas não deve ser nada importante. Agora, podemos deitar? Estou com sono.

Ela dá um sorriso.

-Você tem toda razão, não deve ser nada. Claro, meu amor, vamos deitar.

Nós andamos até a cama, nos deitamos e ela sorri.

- Lembro de quando você tinha 17 anos, sempre tinha pesadelos e acordava gritando, então eu deitava com você e só assim você conseguia dormir tranquilamente.

Irmã Fátima não sabe, mas foi exatamente nesse período que aquele monstro começou a me "visitar" enquanto eu dormia, eu sempre fingia que estava dormindo, mas quando ele começava a tocar em mim, eu gritava e quando abria o olho, não havia ninguém, Fátima sempre corria para cá e eu dizia que era pesadelo, mas a janela do quarto sempre estava aberta, o que era estranho, já que quando eu dormia, eu sempre a fechava.

Como eu não tenho provas, eu apenas finjo que tenho pesadelos, mas o cheiro nojento do seu perfume exala enquanto finjo dormir.

-Obrigado por ser a única pessoa que se importa comigo, irmã Fátima.

Digo e ela me olha com pena.

-Não diga isso, o seu pai e seus irmãos se importam com você, menina.

-Claro, eles se importam tanto que me largaram nesse fim de mundo.

Digo puxando a coberta para mim.

-Querida...

-Vamos dormir, por favor.

Digo fechando os olhos, ela suspira e eu acabo adormecendo.

Acordo com a claridade incomodando os meus olhos, olho para a parede e vejo que já são oito horas, me levantando, tomo banho e faço a minha higiene pessoal, coloco um vestido florido e desço, assim que chego na cozinha sinto um cheiro delicioso.

-Bom dia, irmã Fátima, que cheiro maravilhoso é esse?

Pergunto sorrindo.

- Bom dia, minha querida. Fiz um café da manhã especial hoje.

Diz contente.

-Por que especial?

-Esqueceu que hoje é o dia que os seus irmãos vêm visita-la?

Verdade, eu havia me esquecido completamente! Eles são os únicos que ainda vêm me ver.

Sem me dar tempo de responder a Fátima, ouço uma voz familiar.

-Olá, irmãzinha!

Olho rapidamente e vejo Leon todo elegante com um sorriso, corro para ele e o abraço.

-Irmão! Eu estava com tantas saudades.

Ele retribui o abraço e afega o meu cabelo.

-Eu também, maninha.

Eu me afasto sorrindo e olho para os lados.

-Onde o Guxta está? Estou com saudades dele também.

Pergunto e Leon passa a mão nos cabelos.

-Guxta não pôde vir, ele teve que ficar cuidando de um assunto, mas mandou abraços e dizer que ele está com saudades de você.

Eu cruzo os braços.

- Imagino esse "assunto ", continuam matando pessoas, isso é crime e pecado!

Digo e Leon rir.

- Você convive tanto com a Fátima que está começando a virar freira.

-Deve ser isso mesmo, já que ela é o que mais próximo eu tenho de uma "família " já que você, Guxta e os nossos pais me largaram aqui.

Digo e ele suspira.

- Alana, eu já deixei claro que é para o seu bem. Eu não quero discutir sobre isso com você.

-Seu irmão está certo, é melhor vocês sentarem e tomarem esse café que eu acabei de passar.

Diz irmã Fátima e é exatamente o que nós fazemos. A manhã passou bem rápido, eu e Leon nos divertimos muito, passeamos na pequena cidade e fizemos compras que dará para o próximo mês.

Eu estava com receio, mas preciso falar para alguém o que acontece quando a noite chega, eu e Leon andávamos na frente dos seguranças que seguravam as sacolas.

-Leon?

-Sim.

- Er...eu tenho uma sensação estranha enquanto durmo, como se alguém me observasse e as vezes até me tocasse, eu-

- Deve ser alucinações.

Diz sem se importar.

-Não é! Será que você poderia reforçar a segurança da casa?

Pergunto e ele passa a mão no rosto.

-Já tem homens o bastante, deve ser apenas impressão sua.

-Mas-

-Chega desse assunto, Alana.

Mesmo com raiva, eu resolvo me calar, sia viagemeus olhos arderem com as lágrimas prestes a rolarem, mas apenas engulo o choro.

Ele almoçou com nós e depois foi embora, disse que iria numa festa e como a viajem é longa, ele precisou ir logo. Eu fui para a pequena varanda do quarto, peguei um quadro, os meus pincéis, as tintas e comecei a desenhar a paisagem, esse é o meu principal passa tempo, já que só posso sair se for para a igreja com a Fátima.

Jesus! É tão sufocante ser o "segredo" da família, tentei por anos arrancar da Fátima o motivo de terem me mandado para cá, mas ela nunca responde, sempre muda de assunto. E como se não bastasse isso, Leon não acreditou em nada do que eu disse, mas tenho certeza que Guxta teria acreditado em mim.

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Alana Rossi Martineli.

22 anos, uma menina doce, simpática e muito alegre.

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ana

ana

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2025-06-11

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