Marcas Do Passado!
Hoje o dia está cinzento, as nuvens pesadas no céu indicam que logo logo vai cair uma forte tempestade. Entro no banheiro e vou para de baixo do chuveiro tentar aliviar toda tensão e dor que queima em meu peito, a água escorre pela minha cabeça lavando meu corpo, fecho os olhos tentando conter as lágrimas que teimam em cair como uma cachoeira, mais é em vão nada pode apagar ou amenizar a dor que estou sentindo agora.
Depois de quase 10 minutos no banho saio do box e vou até meu closet, escolho um terno e visto, me olho no espelho e vejo o quanto estou acabado, meus olhos inchados, a barba por fazer, o cabelo grande, e as olheiras, respiro fundo enquanto arrumo a gravata em meu pescoço, afinal isso são apenas o reflexo dos piores dias da minha vida. Pego as chaves do carro que estavam em cima do criado mudo ao lado da cama e vou em direção as escadas, assim que desço percebo o silêncio ensurdecedor que paira dentro de casa, não tem mais o cheiro do café quentinho pela manhã com o bolo, ou as fatias de torradas, o cantarolar das suas músicas favoritas, novamente meu peito se aperta.
Crio coragem e vou em direção a porta, na garagem pego meu carro e saio de casa em direção ao local onde irei enterrar a mulher que me deu a vida. O caminho até lá parece longo, e eu só peço a cada minuto a Deus que demore ainda mais, não estou preparado para esse momento,ela sempre me disse que esse momento chegaria e que eu teria que ser forte para suportar essa dor, porém como se preparar para isso?! Estaciono em frente ao centro de velório onde minha mãe, dona Abgail O'connor está sendo velada, desço do carro ajustando meu paletó e coloco meus óculos escuros, nunca fui de demonstrar sentimentos ou fraquezas na frente de ninguém e não será agora que vai ser diferente.
Entro e logo os amigos e alguns sócios que vieram dar o último adeus a minha mãe se aproximam, as palavras de condolências e os pêsames são como facadas no meu peito, tento parecer o mais tranquilo possível por fora, pois por dentro estou em pedaços. Ela sempre dizia, "não demonstre fraqueza Asafe muitos irão usar isso contra você", e ela estava certa.
Me aproximo do caixão onde o corpo da minha mãe está, toco suas mãos frias e respiro fundo enquanto todos fazem silêncio, o padre chega para realização da missa e logo em seguida vamos todos ao túmulo onde minha mãe irá descansar.
Nada tira da minha cabeça os anos de sofrimento da minha mãe, suas noites de choro tentando entender o por que fomos abandonados, me fiz de forte a vida inteira apenas para dar suporte a ela, e foi somente por causa dela que me tornei esse homem, para que ela pudesse esquecer de vez o seu passado, ou aquele a quem ela dizia ser o meu pai.
Assim que chegamos no túmulo algumas pessoas jogam rosas em cima do seu caixão, meu melhor amigo Gunter está ao meu lado, ele é a única pessoa a quem considero família, o caixão desce e com ele minhas lágrimas silenciosas, a cada pá de terra jogada em cima dela é um pouco de mim sendo enterrado junto. No fim todos vão embora e eu fico ali de frente ao túmulo onde agora só tem uma foto sua sorrindo, o seu sorriso era minha única salvação no meio de todo o caos,e agora onde irei encontrar forças?
Gunter- Ase precisamos ir.
Ele toca meu ombro enquanto respiro fundo.
Asafe - Estou indo.
É tudo que digo a ele que apenas concorda com a cabeça e se afasta, me aproximo de sua foto e toco com carinho.
Asafe - Eu prometo mãe que vou encontrá-lo.
Falo baixinho como se só ela pudesse escutar,minhas mãos estão cerradas em punho, nesse momento só o ódio que eu já carregava em meu coração fala mais alto,me afasto e vou em direção ao carro onde Gunter me espera.
Gunter- Você está bem?
Asafe - Vou ficar.
Pego as chaves do carro e ele me encara.
Gunter- Irei passar na empresa para ver alguns papéis, mais se quiser vou na sua casa depois.
Asafe- Eu tô bem Gunter, fique tranquilo se eu precisar de você eu te chamo.
Entro e sigo em direção a minha casa,faz uma semana desde que minha mãe se internou que não consegui ir trabalhar na empresa. Chego em casa retiro meu paletó e vou direto para o escritório, abro os primeiros botões da camisa e tiro a gravata jogando em cima do sofá, pego um copo e me sirvo de whisky, observo na mesa os papéis com algumas informações sobre meu genitor e sua família, minha mãe me escondeu isso e so quando adoeceu é que me mostrou, sento em minha cadeira e pego alguns papéis apenas folheando, ainda não li tudo pois tem muita coisa, mais pelo pouco que vi o meu pai foi um grande canalha.
Seduziu minha mãe que era jovem e inexperiente, ficou com ela a levou para cama e quando descobriu que estava grávida simplesmente fugiu a deixando com uma mão na frente e outra atrás, minha mãe sofreu muito, por muitos anos sozinha criando um filho e tendo que dar duro para sustentar a nos dois. Bebo o líquido do copo de uma vez e sinto ele descendo rasgando minha garganta.
Quem sou eu? Vou me apresentar.
Me chamo Asafe O'connor, tenho 35 anos, filho de faxineira, minha mãe sempre foi a única pessoa que amei em toda minha vida, foi por ela que consegui ser o homem que sou hoje, ela deu a vida para cuidar de mim e me dar tudo que ela não teve, amor, carinho, estudos, e eu aproveitei cada uma dessas coisas, cresci tendo pouco e foi a partir daí que comecei a dar importância as simples coisas da vida, morávamos apenas nos dois, me dediquei aos estudos para tirar minha mãe da vida miserável que vivíamos, me formei em engenharia e hoje sou um dos principais e melhor engenheiro dos estados unidos. Pude realizar muitos dos sonhos da minha mãe e era isso que me mantinha vivo.
Nunca fui homem de relacionamento sério, eu sempre achei que o amor é um sentimento estúpido e doentio, vi com meus próprios olhos o que ele pode fazer com as pessoas. Atualmente estou sozinho minha vida não é um conto de fadas eu não sou um príncipe encantado, aqui não temos finais felizes, mais acreditem teremos uma boa vingança.
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Atualizado até capítulo 29
Comments
Florizete Alves da Silva
Eita já estou gostando do livro
2025-06-06
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