Capítulo 2 – Ninguém Toca Sem Deixar Marca

[ Apartamento de Kael | Noite]

O relógio marcava 21h07 quando Ethan terminou de avaliar os movimentos de Kael. Cada teste era uma batalha.

— Levanta o braço até onde conseguir — pediu pela quarta vez.

Kael girou o ombro com dificuldade. O maxilar travado, a respiração controlada.

— Isso é tudo? — Ethan perguntou, anotando os dados.

— Isso é o que você vai consertar — respondeu Kael, seco.

Ethan se abaixou para guardar os materiais, mas manteve o tom calmo.

— Você sabe que não vai voltar a lutar com esse ombro nesse estado, né?

Silêncio.

Kael se levantou do sofá, o corpo imenso se movendo com raiva contida. Caminhou até a cozinha e abriu uma cerveja. Deu um gole longo.

— Então você veio aqui pra me desmotivar?

— Eu vim aqui porque ninguém mais quis. E porque você precisa de alguém que fale a verdade — Ethan respondeu, encarando-o. — Você pode se recuperar, sim. Mas vai doer. Vai exigir disciplina. E isso… não parece ser seu forte.

Kael sorriu de canto, irônico.

— E você parece gostar de provocar.

— Eu só faço meu trabalho.

— E eu só sou bom quando brigo. Então talvez a gente combine.

[Flashback de Ethan | No caminho de casa]

Enquanto dirigia de volta, Ethan se pegou pensando demais na última frase de Kael. “Talvez a gente combine.” A frase ficou ecoando. E incomodando.

Lembrou de como tudo desmoronou.

A paciente que o acusou. O boato espalhado. O olhar da equipe da clínica mudando de um dia pro outro. O diretor dizendo pra ele “ficar em silêncio e esperar passar”.

O silêncio nunca passou. Só ficou mais pesado.

No fundo, ele odiava admitir… mas algo no olhar de Kael era familiar.

Era o olhar de quem vive pronto pra ser atacado.

[Apartamento de Kael | Dois dias depois]

Na segunda sessão, Kael estava sem camisa, como antes. O ombro ainda inchado, mas com menos tensão.

— Deita no colchonete — disse Ethan. — Preciso soltar a escápula e trabalhar no trapézio. Vai doer.

— Que bom — respondeu Kael, sem hesitar. — A dor me distrai.

Ethan se ajoelhou ao lado dele e começou o trabalho manual. Os músculos de Kael estavam duros, tensos como cordas prestes a arrebentar.

Kael fechou os olhos por um momento.

— Você sempre foi assim? — perguntou, quebrando o silêncio.

— Assim como?

— Quieto. Frio.

Ethan hesitou, mantendo as mãos no trabalho.

— Não sou frio. Só aprendi a me proteger.

Kael virou a cabeça e olhou pra ele.

— Alguém te feriu?

— E você? — Ethan rebateu. — Já deixou alguém chegar perto o bastante pra te machucar?

Kael não respondeu. Mas o olhar dele disse tudo.

[Últimos minutos da sessão]

Ethan tirou as luvas, respirando fundo. As mãos doíam. Mas não era só físico.

Kael se sentou, os olhos fixos no nada.

— Vai voltar amanhã?

— Se você quiser.

Kael se levantou. Ficou frente a frente com Ethan.

— Você me olha diferente — disse, com a voz baixa, quase perigosa. — Não sei se é por pena… ou desejo.

Ethan o encarou, firme.

— Eu não sinto pena de você.

— E o desejo?

Silêncio.

Ethan respirou fundo. Pegou a maleta.

— A gente vê isso depois da reabilitação.

Kael sorriu. Pela primeira vez, de verdade.

— Covarde.

— Não. Profissional.

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Adoro essa história, não falha nos fãs, atualiza logo por favor.

2025-04-15

1

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Capítulos
1 Capítulo 1 – O Corpo Quebra, o Orgulho Não
2 Capítulo 2 – Ninguém Toca Sem Deixar Marca
3 Capítulo 3 – Rachaduras no Silêncio
4 Capítulo 4 – Se Eu Me Entregar, Você Me Derruba
5 Capítulo 5 – O Que Você Faz Com o Que Eu Sinto?
6 Capítulo 6 – Eu Não Queria Precisar de Você, Mas Preciso
7 Capítulo 7 – Se Você Me Tocar Agora, Eu Não Vou Fugir
8 Capítulo 8 – Me Deixa Ficar, Mesmo Que Eu Não Saiba Como
9 Capítulo 9 – Me Desarma Devagar, Mas Não Para
10 Capítulo 10 – E Se Você For Embora Quando Eu Já Tiver Ficado?
11 Capítulo 11 – Quando Vira Real, Vira Risco
12 Capítulo 12 – Eu Sobrevivi, Mas Nunca Escapei
13 Capítulo 13 – Quando Te Ver Vira Arma Pro Mundo
14 Capítulo 14 – Se For Pra Afundar, Que a Gente Respire Antes
15 Capítulo 15 – Se o Mundo Vai Invadir, Que Veja Tudo
16 Capítulo 16 – Vejo Você Mesmo Nos Dias Que Você Não Aguenta Se Olhar
17 Capítulo 17 – A Verdade é Bonita, Mas Machuca Quando Cai no Mundo
18 Capítulo 18 – O Tiro Veio de Dentro
19 Capítulo 19 – Que Eu Suba no Ringue Sem Esquecer Quem Me Levantou
20 Capítulo 20 – O Peso do Silêncio Antes do Primeiro Golpe
21 Capítulo 21 – Eu Quase Caí, Mas Lembrei Quem Me Esperava no Canto
22 Capítulo 22 – O Silêncio Depois da Tempestade
23 Capítulo 23 – O Amor Mora Onde Ninguém Filma
24 Capítulo 24 – Me Toca Como Quem Não Tem Medo de Ficar
25 Capítulo 25 – Quando o Mundo Encosta na Porta Mas a Gente Não Abre de Cara
26 Capítulo 26 – Quando o Mundo Bate Forte e Eu Só Quero Que Você Segure Minha Mão
27 Capítulo 27 – Se For Pra Mostrar, Que Seja de Mãos Dadas
28 Capítulo 28 – Às Vezes Não É o Passado Que Volta, É a Dor Que Nunca Foi Embora
29 Capítulo 29 – Quando as Palavras Saem da Nossa Boca e Entram na Boca do Mundo
30 Capítulo 30 – Eu Também Tenho Dias em Que Eu Não Sei Me Carregar
31 Capítulo 31 – Quando a Dor Vira Documento e a Voz Ganha Forma
32 Capítulo 32 – Se For Pra Falar, Que Seja Pela Nossa Voz
33 Capítulo 33 – Quando a Data Chega, E o Silêncio Também
34 Capítulo 34 – Quando o Corpo Vai Antes da Voz
35 Capítulo 35 – Quando Eu Falo, Eu Não Tô Voltando, Eu Estou Me Libertando.
36 Capítulo 36 – Depois da Tempestade, a Paz Não Faz Barulho
37 Capítulo 37 – Nem Toda Porta Precisa Ser Aberta
38 Capítulo 38 – A Voz Começa Onde o Grito Acabou
39 Capítulo 39 – A Dor Que Vem de Outro Corpo, Mas Que Já Morou no Seu
40 Capítulo 40 – Quando a História de Outro Parece Ter Saído do Seu Corpo
41 Capítulo 41 – Crescer Também é Ser Visto Por Quem Você Queria Esquecer
42 Capítulo 42 – Vozes que Escutam, Vozes que Sabem
43 Capítulo 43 – Quando o Silêncio Revida
44 Capítulo 44 – Voz que Quebra Correntes
45 Capítulo 45 – A Pele Começa a Queimar
Capítulos

Atualizado até capítulo 45

1
Capítulo 1 – O Corpo Quebra, o Orgulho Não
2
Capítulo 2 – Ninguém Toca Sem Deixar Marca
3
Capítulo 3 – Rachaduras no Silêncio
4
Capítulo 4 – Se Eu Me Entregar, Você Me Derruba
5
Capítulo 5 – O Que Você Faz Com o Que Eu Sinto?
6
Capítulo 6 – Eu Não Queria Precisar de Você, Mas Preciso
7
Capítulo 7 – Se Você Me Tocar Agora, Eu Não Vou Fugir
8
Capítulo 8 – Me Deixa Ficar, Mesmo Que Eu Não Saiba Como
9
Capítulo 9 – Me Desarma Devagar, Mas Não Para
10
Capítulo 10 – E Se Você For Embora Quando Eu Já Tiver Ficado?
11
Capítulo 11 – Quando Vira Real, Vira Risco
12
Capítulo 12 – Eu Sobrevivi, Mas Nunca Escapei
13
Capítulo 13 – Quando Te Ver Vira Arma Pro Mundo
14
Capítulo 14 – Se For Pra Afundar, Que a Gente Respire Antes
15
Capítulo 15 – Se o Mundo Vai Invadir, Que Veja Tudo
16
Capítulo 16 – Vejo Você Mesmo Nos Dias Que Você Não Aguenta Se Olhar
17
Capítulo 17 – A Verdade é Bonita, Mas Machuca Quando Cai no Mundo
18
Capítulo 18 – O Tiro Veio de Dentro
19
Capítulo 19 – Que Eu Suba no Ringue Sem Esquecer Quem Me Levantou
20
Capítulo 20 – O Peso do Silêncio Antes do Primeiro Golpe
21
Capítulo 21 – Eu Quase Caí, Mas Lembrei Quem Me Esperava no Canto
22
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23
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24
Capítulo 24 – Me Toca Como Quem Não Tem Medo de Ficar
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27
Capítulo 27 – Se For Pra Mostrar, Que Seja de Mãos Dadas
28
Capítulo 28 – Às Vezes Não É o Passado Que Volta, É a Dor Que Nunca Foi Embora
29
Capítulo 29 – Quando as Palavras Saem da Nossa Boca e Entram na Boca do Mundo
30
Capítulo 30 – Eu Também Tenho Dias em Que Eu Não Sei Me Carregar
31
Capítulo 31 – Quando a Dor Vira Documento e a Voz Ganha Forma
32
Capítulo 32 – Se For Pra Falar, Que Seja Pela Nossa Voz
33
Capítulo 33 – Quando a Data Chega, E o Silêncio Também
34
Capítulo 34 – Quando o Corpo Vai Antes da Voz
35
Capítulo 35 – Quando Eu Falo, Eu Não Tô Voltando, Eu Estou Me Libertando.
36
Capítulo 36 – Depois da Tempestade, a Paz Não Faz Barulho
37
Capítulo 37 – Nem Toda Porta Precisa Ser Aberta
38
Capítulo 38 – A Voz Começa Onde o Grito Acabou
39
Capítulo 39 – A Dor Que Vem de Outro Corpo, Mas Que Já Morou no Seu
40
Capítulo 40 – Quando a História de Outro Parece Ter Saído do Seu Corpo
41
Capítulo 41 – Crescer Também é Ser Visto Por Quem Você Queria Esquecer
42
Capítulo 42 – Vozes que Escutam, Vozes que Sabem
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