A cidade respirava silêncio, mas eu ouvia o grito abafado da injustiça se arrastando pelas ruas. Era tarde da noite quando subi no carro com Giovanni e Luca. O clima estava denso. Aquele tipo de missão que a gente não hesita. Abuso de menores. Algo que enojava qualquer um de nós.
Dante sempre foi claro: inaceitável. E agora com Enrico no comando, a política era mais direta — tortura lenta, cruel e merecida. Nada de tiros rápidos. Nada de misericórdia. Aqueles que tocam em inocentes viram exemplo.
— Pegamos o desgraçado — Giovanni disse, enquanto descia do carro em um beco escondido da periferia. — Tá escondido numa casa com a mulher. A menina tá lá.
Quando entramos, senti o gosto metálico da raiva na língua. O lugar era imundo, escuro, úmido. E no canto da sala, uma menina de olhos fundos e corpo miúdo, mais sombra do que carne. O sujeito se levantou, querendo bancar o corajoso. Um erro.
Luca foi o primeiro a agarrá-lo. Eu entrei logo depois, com Giovanni ao lado. A mulher da casa, a mãe da criança, choramingava num canto — mas não por remorso. Era medo. Segundo os informantes, ela permitia o que acontecia com a própria filha. Em troca de quê? Cigarro? Um teto? Um trocado?
Paola que estava conosco. Ela era médica, mas quando se tratava de crianças, ela era uma leoa. Pegou a menina no colo com uma doçura que contrastava com o ambiente frio. Aquela garotinha se agarrou nela com as últimas forças que restavam.
— Vou levá-la ao hospital e depois vamos garantir um orfanato seguro — Paola disse com os olhos úmidos e a voz firme.
E foi nesse momento que o verme, preso e algemado, gritou com ela. Chamou-a de nomes que não ouso repetir e avançou com o corpo inteiro contra ela, como se pudesse fazer algo.
Em um segundo, ele estava no chão, minha mão no pescoço dele, meu joelho no peito.
— Ninguém encosta na minha irmã seu idiota. — cuspi as palavras como um veneno. — Você não vale o que o vento sopra. Você é menos que rato. Menos que lama. E vai morrer como tal.
Ali não tinha mais sorriso, nem piada. Tinha só o peso da justiça sendo entregue com as próprias mãos.
E quando Giovanni e Luca me olharam, sabiam o que viria. Não haveria volta para aquele infeliz. E para a menina? Haveria chance.
Porque é isso que a gente faz.
Destrói monstros para dar uma vida nova aos inocentes.
A gente o levou para o galpão. Era madrugada. Chuva fina escorrendo pelo telhado, o som metálico das correntes sendo arrastadas. A luz era fraca, proposital. A escuridão deixava tudo mais tenso… mais certo.
Giovanni amarrou os braços dele no suporte de ferro, os pulsos suspensos. Luca estava em silêncio, o olhar duro. Eu peguei a caixa de aço no canto, a mesma que a gente só usava para esses casos. Dentro, cada ferramenta tinha uma história. E essa noite, cada uma delas teria uma função.
— Quer saber o que é dor? — sussurrei no ouvido dele. — Vai aprender.
Arranquei-lhe a camisa com um estilete. A pele arrepiou ao toque frio do metal.
Giovanni o segurava pela cabeça, forçando-o a olhar para mim. O cara já tremia. Pedia perdão. Dizia que não sabia o que fazia. Mas a gente sabia. Sabia de cada noite. De cada abuso. De cada vez que aquela menina chorou sem voz.
A primeira pancada veio com a barra de madeira. Não foi no rosto. Foi às costelas. Uma de cada vez. Ouvi o estalo. E depois, o grito.
Luca pegou o alicate. Um dedo quebrado. Outro arrancado. Cada gemido era uma nota a menos na dívida que ele tinha com o inferno.
— Isso aqui... — murmurei, girando a faca na palma da mão — é por cada noite em que ela rezou para alguém vir salvá-la. E ninguém apareceu.
A lâmina foi lenta. Sem pressa. Cortei palavras no peito dele. Monstro. Covarde. Escória. Cada letra feita com precisão cirúrgica.
Ele gritava. Se debatia. Mas Giovanni o segurava. E a cada movimento, um choque. Corrente baixa. Suficiente para que ele nunca esquecesse o nome da própria dor.
— Você nunca vai tocar em mais ninguém — Luca rosnou. — E nem vai poder gritar quando terminar.
E assim fizemos. Hora por hora, sem pressa. O tipo de tortura que não se faz por vingança. Se faz por justiça. A única justiça possível.
Quando ele desmaiou pela quarta vez, molhamos o rosto dele. Não por piedade. Mas, porque o fim ainda não havia chegado. Não enquanto os olhos daquela menina continuassem assombrando nossos pensamentos.
Quando tudo acabou, ele não era mais um homem. Era uma carcaça. Um lembrete do que acontece com quem toca em criança inocente sob o nosso teto.
Limpamos o lugar. Giovanni jogou querosene e riscou o fósforo. Não restaria nem osso. Só fumaça.
E eu, de pé na chuva que caía, com as mãos ainda manchadas de sangue, pensei em Paola. Em como ela segurou aquela garotinha com tanto cuidado. E pensei também em como é fácil esquecer que ainda existe gente boa nesse mundo. Porque monstros como esse... fazem parecer que não vale a pena lutar.
Mas vale.
Sempre vale.
— Vamos para casa, amanha tem a audiência cedo e quero ver como minha esposa está. — falou Enrico.
— Eu odeio casos que envolvem crianças que sofrem, como pode um pai ou mãe permitir tamanha barbaridade. — questionei puto.
— Dentro e fora da máfia existe isso, por isso nosso instinto sempre nos manda proteger elas, e nosso sangue grita por uma vítima, às vezes penso que somos mais heróis do que vilões. — respondeu Luca e todos concordamos.
Sai dali e liguei para minha irmã, ela atendeu no segundo toque:
— Oi. — falou ela.
— Como a menina está? — questionei.
— Dormindo, agora descansou, vou sair aqui do orfanato agora. — falou ela bocejando.
— Espera que te busco, não vai sozinha, — falei e ela concordou, desliguei e segui para lá, sempre colocando a saúde e bem-estar da minha família em primeiro lugar.
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Atualizado até capítulo 39
Comments
Andrea Freire
Capítulo top, essa sim é uma Máfia justa que protege os inocentes
2025-04-14
2
Leni Rocha
maravilhosa essa história 👏👏👏👏😍
2025-04-15
1
Jane Silva
tortura é pouco
2025-04-15
2