Lily

Qual criança no mundo não deseja uma família feliz e que a ame, a mime e cuide com carinho? Posso não ter uma mãe, mas tenho os dois pais mais amorosos que uma criança poderia sonhar em ter.

Meu pai biológico, Irian, esteve ao lado da minha progenitora desde o momento em que ela disse que estava grávida. Meu pai nunca escondeu da minha mãe sua bissexualidade, eles se conheceram num show da banda de rock favorita deles.

Meu pai disse que foi paixão à primeira vista. Tudo entre eles fluía muito bem até que em uma noite de bebedeira e drogas eles não pensaram em se prevenir.

Ele ficou muito feliz com a gestação, mas Jéssica não. Ela ficou com tanta raiva que terminou com ele, prometeu não fazer um aborto se ele me assumisse e não a incluísse na minha criação.

Meu pai ficou muito decepcionado, até que no dia do meu nascimento conheceu meu pai Maximus. Ele era enfermeiro da obstetra que fez o parto da Jéssica, se amaram no primeiro olhar, a diferença de idade entre eles é de apenas cinco anos.

Seis meses depois que eu nasci meus pais se casaram e foram morar juntos. Meu pai cumpriu a promessa que fez a minha progenitora e nunca enviou uma mensagem sequer para ela sobre mim.

— Pai Max, meu pai volta hoje de viagem? — Pergunto enquanto me sento para tomar café.

— Filha, eu sei que ele disse que voltaria anteontem, mas seu pai não tem culpa que a galeria atrasou a venda dos quadros dele. Sei que hoje é seu aniversário de dezoito anos, seu pai jamais perderia esse dia tão importante nas nossas vidas. — Meu pai Max passa a mão no alto da minha cabeça me confortando.

— Ele teria que enfrentar um voo de quase três horas para chegar aqui a tempo… não fica preocupado comigo, tá tudo bem, pai.

Eu tenho um diário, meus pais me deram o primeiro de presente quando aprendi a escrever, eles sempre me dão um quando as folhas estão acabando. Disseram que é um bom jeito de lidar com os sentimentos e realmente funciona.

Meu pai Irian conseguiu chegar a tempo para a minha festa e me surpreendeu com um presente que eu não esperava: um carro. Não é novo, é usado, mas é lindo. Meu pai Max acabou convidando Donovan, nosso novo vizinho de vinte e três anos para o meu aniversário.

Me apaixonei por ele no momento em que entrou pela porta da frente com um sorriso que iluminou o ambiente. Tive o meu primeiro beijo naquela noite, depois fomos passear pelas ruas do bairro com o meu carro novo.

Tudo entre mim e Don aconteceu como uma combustão espontânea. Quando fiz vinte e um fomos morar juntos com o apoio dos meus pais. Eu ainda não tinha noção do que fazer da vida, mas estava feliz com o rumo da minha felicidade.

Dois meses depois que fomos morar juntos eu comecei a trabalhar na fábrica de brinquedos Love Toys e lá conheci a Alexia. Nossa conexão parecia coisa de vidas passadas.

Mesmo gosto para comida, música, livros, filmes e novelas. Mesma paixão por coisas Dark e seus mistérios. Senti como se a conhecesse desde a minha infância, desde o meu primeiro dia na fábrica não desgrudamos mais.

— Oi Alexia, mais uma vez você veio passar o final de semana na minha casa… será que você não pode esconder mais essa paixão secreta que tem pela minha mulher? Estou com ciúmes já. — Don fala para Alexia que responde com sarcasmo:

— Don, toma seu suco e depois apaga para nós duas podermos transar em cima de você a noite inteira, vai.

— Vocês estão nessa há quase quatro anos, poderiam parar, por favor? Tem Lily pra todos, sem brigas, ok?

Eles dão as costas um para o outro e cruzam os braços em protesto. Eu acabo dando risadas e eles também, sei que ambos estão brincando. Alexia mora sozinha e sempre que tem oportunidade vem passar o final de semana aqui em casa.

Ficamos na sala até tarde assistindo as coisas que gostamos e comendo porcaria. Quando vou para o quarto vejo que Don ainda está acordado e assistindo algo no celular.

— São quase quatro da manhã, por que está acordado, amor?

— Olha aqui, Lily, estou nesse perfil de apostas e olha quantas pessoas já ganharam sozinhas o prêmio máximo.

Ele me mostra e parece muito animado. Realmente tem muitas pessoas que ganharam o prêmio máximo, mas o valor mínimo de aposta por sequência de seis números são quinhentos dólares. Olho para Don e falo:

— Amor, nunca sobra quinhentos dólares do nosso dinheiro, eu sinto muito, mas isso está fora do que podemos bancar.

— Talvez se a sua melhor amiga não viesse para a nossa casa todos os finais de semana comendo feito o dragão do Shrek sobraria dinheiro para juntar e fazer essa aposta.

— Eu não acredito no que está dizendo. Primeiro que ela não vem todos os finais de semana, segundo que ela faz compras todas as vezes que vem pra cá. Não fale assim dela novamente.

— Amor, essa é a grande chance que nós precisamos para sair do aperto em que vivemos. Eu posso fazer essa grana triplicar, nós não precisaremos trabalhar nunca mais, vamos viver viajando e aproveitando a vida.

— Donovan, de onde iremos tirar esse dinheiro? Não temos, bom, pelo menos eu não tenho. Como andam as gorjetas no restaurante do Paolo?

— Amor, o que eu ganho lá dá mal para pagar o aluguel e as contas pequenas. Que tal pegar com os seus pais? Pagamos com o que ganharmos na aposta.

Eu olho para Donovan e vejo que ele realmente quer muito fazer isso e parece acreditar que vamos mesmo ganhar um dinheiro alto com isso.

— Não crie muita esperança, mas vou ver se eles têm. Sabe que depois que o meu pai Irian parou de pintar o dinheiro deles anda curto também. Mas se eu conseguir vai ter que pagar eles com mil dólares.

— O que você quiser, amor.

Don me beija e nos entregamos ao amor. Tento não pensar muito no que ele me pediu, mas não consigo. Espero que os meus pais tenham esse dinheiro para me emprestar.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***