Os dias foram se passando e eu fui aprendendo a lidar com a falta que a Helô me fazia. Dizem que o primeiro amor agente nunca esquece, e hoje tenho certeza que é verdade, aquela morena era inesquecível.
Segui minha vida enfrente, enquanto fazia faculdade fui trabalhar como estagiário no escritório de advocacia do meu pai, que logo seria meu e da Sophia, minha irmã mais velha. Sophia era dois anos mais velha, linda, tímida mais se tornava uma fera quando se via diante de uma injustiça. Ela era minha melhor amiga e estava esperando seu primeiro filho fruto do seu casamento com Diego, seu colega de faculdade e melhor chefe de cozinha da atualidade.
— Murillo, já comprou o presente da vovó?. Pergunta Sophia entrando no meu escritório.
— Ainda não, eu iria pedir sua ajuda nisso.
— Brincos de esmeralda, já está separado na loja de jóias do terceiro andar do shopping é só pagar.
— Você é ótima e é por isso que te amo.
— Eu também te amo, mas você sabe o presente que a vovó realmente queria né?
— Eu sei, meu casamento, mas...
— Mas você não consegue esquecer seu primeiro amor. As vezes ela só estava destinada a seguir até aqui na sua vida, foi para ti mostrar um novo caminho.
— Você tem razão, prometo que quando outra mulher me chamar atenção, darei uma chance a ela. E assim aconteceu, dei uma chance para Virgínia, loira, elegante, de boa família e cursava arquitetura, ficamos conhecidos como o casal número do Campos e a levei para a festa da minha avó.
— Parabéns vovó, essa é Virgínia minha namorada.
— Esse é o melhor presente que você poderia me dar meu neto. Seja bem vinda a família minha neta.
— Muito obrigada, feliz aniversário vovó. Virgínia era simpática, mas Oque mais me atraiu nela era o fato dela não priorizar o casamento. Mas as coisas não saiu como o planejado e Virgínia engravidou e casamos naquele mesmo ano para que ela não ficasse mal falada.
Sophia deu a luz a um menino lindo no qual chamou de Arthur e 5 meses depois Virgínia deu a luz a nossa pequena Cecília, elas me completavam e aos poucos fui me esquecendo de Helô.
Me formei e me tornei um ótimo advogado, eu e Sophia elevamos o número de clientes para o escritório, isso se tornou possível porquê nossa relação nunca foi de rivalidade, mas de companheirismo mútuo.
— Querido, poderíamos levar a Ciça para conhecer a Disney nessas férias né?
— Pode ser querida, vou me organizar no escritório para podermos viajar.
— Podemos levar o Arthur para fazer companhia para Ciça, oque você acha?
— Acho ótimo.
As crianças já estavam com 5 anos, o tempo estava passando rápido demais.
Resolvi tudo no escritório e embarcamos rumo a Disney, Sophia ficou mais animada com a viagem doque Arthur, pois agora era teria um tempo sozinha com Diego.
Chegamos ao anoitecer nos Estados Unidos e fomos direto para o hotel descansar. Ao amanhecer fomos despertados pela euforia das crianças querendo ver o Mickey de perto.
—Pai, vamos logo.
— Calma filha, vamos tomar café primeiro está bem!
Após o café, fomos para o parque da Disney e pela felicidade daqueles dois tudo valeu a pena.
— Amor , olha como estão felizes.
— São lindos né?
— São sim, e daqui uns meses serão três para levarmos para passear. Diz Virgínia com lágrimas nos olhos.
— Como assim três? Não me diga que...
— Isso mesmo, eu estou grávida meu amor. Agarro ela feliz da vida e começo a gritar pelo parque.:— Eu serei pai de novo, eu serei pai de novo. Ganhei aplausos e assobios daqueles que compreenderam o motivo da minha felicidade. As crianças também amaram a novidade e assim que chegamos no hotel ligamos para os familiares para dar a notícia. A vovó quase desmaiou de felicidade. Minha mãe agora seria avó de três, e o papai era só felicidade. Sophia era a única que sabia, ela e Virgínia eram como irmãs e compartilhavam as felicidades e tristezas da maternidade. Uma era a fortaleza da outra.
No outro dia após bater pernas pela cidade, fomos jantar em um incrível restaurante 5 estrelas na Times Square, naquele noite teve show de uma cantora que cantou lindamente uma música do rei Roberto Carlos que me fez depois de muito tempo lembrar de Helô e meu coração doeu por ela.
"Ah! Eu vim aqui amor
Só pra me despedir
E as últimas palavras
Desse nosso amor
Você vai ter que ouvir
Me perdi de tanto amor
Ah! Eu enlouqueci
Ninguém podia amar assim
E eu amei e devo confessar
Aí foi que eu errei(...)"
— Essa música é uma obra de arte não é amor?
— Ela é sim.
— Deve ser muito triste se separar de quem amamos, ter que conviver com um vazio e uma saudade insuportável. Virgínia descreveu justamente oque eu estava sentindo naquele momento. Eu estava com saudades daquela que partiu deixando um vazio enorme dentro do meu peito que aos poucos foi sendo preenchido pela família que construí e que amava, mas ainda assim meu coração doía a lembrar daquela moça, ainda que já tenha se passado longos seis anos, mas com um novo filho a caminho eu tinha plena certeza que essa dor logo passaria. Um filho é o bem mais precioso que existe, faz com que sejamos moldados, nos tornando mais fortes e nos preenchendo com um amor puro e genuíno, foi assim que me senti quando Cecília nasceu, é é assim que me sentirei quando nosso bebê nascer. Mas o destino não segue regras e por muitas vezes é injusto e mal. Na véspera de natal, em uma noite de céu estrelado um caminhão desgovernado bate no carro em que Virgínia dirigia a caminho de nossa casa. Esse acidente levou minha esposa, meu filho, sim seria um menino, Lucas seria o nome dele, Cecília ficou muito machucada, mas felizmente sobreviveu, mas nunca mais foi a mesma depois do acidente, ninguém foi o mesmo depois dessa tragédia. O motorista havia ingerido bebida alcoólica e estava drogado. A tristeza que abalou nossa família aos poucos foi levando a vovó que faleceu cinco meses depois do acidente. Os anos passaram de vagar e todos os dias eram frios como no inverno.
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Atualizado até capítulo 27
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