O Último adeus

A ambulância chegou com sirenes cortando o silêncio da noite. Os paramédicos correram para prestar socorro. O mordomo, ajoelhado no asfalto, segurava o corpo sem vida da jovem em seus braços. Ele sentia uma dor aguda nas costas—só então percebeu que havia levado uma facada. Seu estado era estável, mas a dor era insignificante comparada ao vazio que se instalava em seu peito.

O rapaz inconsciente foi colocado na maca e levado às pressas para o pronto-socorro ele tinha perdido muito sangue. Seu estado era crítico. No caminho, mesmo mergulhado na escuridão, sua mente se recusava a deixá-la partir. Ele se lembrava de cada momento ao lado dela—seus sorrisos, suas risadas, os pequenos gestos de carinho que agora pareciam tão distantes.

Já no hospital, as luzes brancas e o cheiro de desinfetante o cercavam. Ele piscou, sentindo o peso da realidade esmagá-lo. Tentou falar, mas sua voz não saiu. O mundo parecia girar. Então, de repente, tudo ficou escuro.

O som monótono do monitor cardíaco ecoou pelo quarto da UTI. Os médicos correram, tentando reanimá-lo, mas os batimentos foram diminuindo... diminuindo...

Seus pais chegaram, assim como o sogro. O velho homem, com os olhos marejados, se aproximou da maca, sua voz embargada pela dor.

— Obrigado... por ter estado ao lado da minha filha até o último momento.

Os olhos do jovem se abriram uma última vez. Um sorriso fraco se formou em seus lábios trêmulos.

— Se existir reencarnação… ou outro mundo… eu quero estar ao lado dela Nem que seja pela última vez...

E então, sua respiração cessou.

O monitor cardíaco emitiu um som contínuo e fúnebre.

A noite do lado de fora continuava fria. Mas agora, para aqueles que ficaram, o mundo jamais voltaria a ser o mesmo.

O silêncio tomou conta do quarto da UTI. O som contínuo do monitor cardíaco era a prova do inevitável

—ele também se foi.

A mãe caiu de joelhos, levando as mãos ao rosto, incapaz de conter o choro sufocado. O pai apertou os punhos, o olhar perdido, tentando segurar as lágrimas que queimavam em seus olhos. O sogro, apesar de já ter enfrentado a pior dor ao perder a filha, sentiu o peito pesar ainda mais ao ver que o destino os separava de novo.

Os médicos suspiraram, alguns abaixando a cabeça em respeito. O enfermeiro desligou o monitor, e o quarto mergulhou em um silêncio pesado.

Lá fora, a noite parecia mais escura. A chuva começou a cair lentamente, como se o próprio céu chorasse por eles.

O dia do enterro chegou. O céu estava nublado, como se até mesmo o universo lamentasse a perda dos dois. O vento soprava suavemente, balançando as flores brancas que decoravam a cerimônia.

Os dois caixões estavam lado a lado, um branco e um preto envoltos por coroas de lírios e rosas brancas. Amigos, familiares e conhecidos se reuniram em silêncio, vestidos de preto, seus rostos marcados pelo luto. O mordomo, ainda em recuperação, estava de pé com dificuldade, recusando-se a deixar de prestar sua última homenagem.

O sogro, com os olhos pesados de lágrimas que já não podiam mais cair, caminhou até os caixões e depositou uma foto dos dois juntos. Na imagem, eles sorriam, despreocupados, como se o destino cruel jamais pudesse alcançá-los.

— Eles se amaram até o último momento — disse ele, sua voz trêmula. — E agora, nada mais pode separá-los.

A mãe do jovem se apoiava no marido, incapaz de conter os soluços. O pai manteve-se firme, mas seus olhos marejados revelavam a dor imensa em seu peito.

O padre começou a cerimônia, falando sobre amor, destino e a eternidade daqueles que partem juntos. Quando chegou a hora do adeus final, pétalas de flores foram lançadas sobre os caixões, que começaram a descer lentamente à terra.

O choro se espalhou entre os presentes. Era um adeus cruel, mas ao mesmo tempo belo—pois todos sabiam que, mesmo na morte, eles estavam juntos.

O mordomo respirou fundo e murmurou baixinho

Eu era um ex-militar das Forças Armadas, treinado para enfrentar qualquer tipo de situação. Mesmo após me aposentar, continuei servindo com a mesma dedicação, agora em uma nova função. O governador, meu antigo chefe e pai da garota, me confiou um emprego para proteger sua filha, e eu falhei.

— Se existir um lugar além desse mundo... espero que estejam felizes.

A chuva começou a cair suavemente, misturando-se às lágrimas dos que ficaram para trás.

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