Capítulo 7 – A Primeira Noite

Sn entrou na boate com passos firmes, mas seu coração batia acelerado. As luzes neon coloriam o ambiente com tons vibrantes de vermelho e roxo, enquanto a música pulsava intensamente, fazendo o chão vibrar sob seus pés. O cheiro de perfume caro misturado com álcool e cigarro preenchia o ar.

Ela foi levada até um escritório nos fundos, onde os donos do local a receberam com expressões avaliativas. Um dos homens, de terno escuro e aparência imponente, abriu um sorriso profissional enquanto falava.

— Vamos direto ao ponto. Seu pagamento será feito semanalmente. Se você trabalhar todas as noites, receberá um bom valor, mas se decidir dançar nos finais de semana, receberá o dobro.

Ele mencionou um número alto, e Sn sentiu um alívio momentâneo. Aquele dinheiro poderia pagar parte do tratamento do avô e ajudá-la a manter as contas em dia.

— Você aceita as condições? — O homem perguntou, cruzando os braços.

Sn assentiu.

— Sim, eu aceito.

O homem sorriu satisfeito e lhe entregou um contrato.

— Ótimo. Você pode começar hoje. Vá até o vestiário e se prepare.

Sn pegou os papéis, respirou fundo e seguiu para o banheiro, onde as outras dançarinas se preparavam. Algumas se maquiavam em frente aos espelhos iluminados, enquanto outras ajustavam seus figurinos ousados.

Ela se olhou no espelho por alguns segundos antes de começar a se trocar. Vestiu uma lingerie preta sofisticada e colocou uma máscara preta rendada que cobria parte de seu rosto, escondendo parcialmente sua identidade. Seus longos cabelos caíram em ondas soltas sobre seus ombros, e ela finalizou sua aparência com batom vermelho intenso.

Seus dedos deslizaram pelo colar em seu pescoço por um breve momento.

Não pense no passado agora. Foque no presente.

Respirando fundo, saiu do banheiro e caminhou até o palco.

O som mudou para um ritmo sensual e intenso. As luzes diminuíram, e feixes de holofotes roxos e vermelhos iluminaram o pole dance no centro do palco.

Sn subiu com graça, sua postura firme e segura. Assim que a música começou, ela envolveu a barra metálica com os dedos, arqueou o corpo e iniciou sua dança.

Ela girou no pole, seus movimentos fluindo como seda, misturando sensualidade e elegância. Cada deslizar, cada flexão e giro hipnotizavam o público. Os olhares estavam nela, mas Sn havia aprendido a se desligar do mundo ao seu redor.

Ou pelo menos era isso que ela pensava.

Na entrada da boate

Kang Jiho entrou no local com seus seguranças, sua presença imediatamente chamando atenção. Ele trajava um terno preto impecável, seu olhar frio e impenetrável varrendo o ambiente.

Ele se sentou no bar, pegando um copo de whisky. Seu olhar percorreu o salão, desinteressado, até que algo o fez parar.

No palco, uma dançarina chamava sua atenção de um jeito inexplicável. Havia algo em seus movimentos, em sua silhueta… algo que parecia familiar.

Ele estreitou os olhos, girando o copo de whisky em sua mão enquanto a observava.

O segurança ao seu lado notou sua mudança de expressão.

— Algum problema, senhor Kang?

Jiho não respondeu imediatamente. Seus olhos fixaram-se na máscara preta que cobria parte do rosto da dançarina.

— Quero que investiguem essa mulher. Descubram seu nome verdadeiro e tragam qualquer informação que conseguirem.

O segurança assentiu rapidamente e saiu para cumprir a ordem.

Jiho levou o copo aos lábios, bebendo mais um gole de whisky. Seu olhar não deixava a dançarina no palco nem por um segundo.

Um pressentimento crescia dentro dele.

Algo lhe dizia que estava mais perto de Sn do que jamais esteve antes.

Capítulo 7 – A Primeira Noite (Continuação)

Kang Jiho girava o copo de whisky em sua mão, observando atentamente a mulher no palco. A maneira como ela se movia, a leveza com que deslizava no pole, a intensidade no olhar que se escondia sob a máscara... Algo naquela presença lhe causava um desconforto estranho, um aperto no peito que ele não conseguia ignorar.

Ele franziu a testa, bebendo mais um gole, enquanto sua mente trabalhava rapidamente.

Por que sinto que já a vi antes?

Seu segurança voltou apressado, parando ao seu lado.

— Senhor Kang, tentamos conseguir informações sobre ela, mas parece que é nova aqui. Nenhum dos funcionários sabe muito sobre ela ainda.

Jiho apertou os lábios, seu olhar permanecendo fixo na dançarina.

— Então descubram. Entrem no sistema da boate, vejam os registros, as câmeras, tudo. Quero saber quem ela é, onde mora e por que diabos me parece tão familiar.

O segurança assentiu rapidamente e saiu novamente.

Enquanto isso, Sn continuava sua dança, completamente alheia ao olhar penetrante que a acompanhava. Seus movimentos eram precisos, suas curvas desenhando um espetáculo hipnotizante.

Quando a música chegou ao fim, ela finalizou a apresentação com um giro elegante, descendo suavemente até tocar os pés no chão. O salão explodiu em aplausos e assobios, e Sn sentiu seu coração acelerado.

Ela não gostava daquele tipo de atenção, mas precisava do dinheiro.

Descendo do palco, ela se apressou para os bastidores, evitando olhares excessivos. Mas antes que pudesse desaparecer totalmente, sentiu um arrepio percorrer sua espinha.

Alguém está me observando.

Ela olhou discretamente para o salão.

Foi quando seus olhos encontraram os dele.

Kang Jiho.

Mesmo sob a máscara, ela sentiu o impacto do olhar dele. O homem no bar a fitava com uma intensidade que fazia seu sangue gelar. Havia algo nele que a fez prender a respiração, algo perigoso, predatório.

Sem entender por que, sentiu um frio na barriga.

Quem é esse homem…?

Mas antes que pudesse pensar mais sobre isso, uma das outras dançarinas puxou seu braço.

— Você foi incrível! Os donos ficaram impressionados. Acho que você conseguiu um lugar fixo aqui.

Sn forçou um sorriso, tentando ignorar a inquietação dentro de si.

— Ótimo...

Ela se virou e desapareceu pelos corredores dos bastidores.

Mas Kang Jiho não tirou os olhos dela nem por um segundo.

E naquele momento, ele soube.

Se aquela mulher for quem eu estou pensando... nada vai me impedir de tê-la de volta.

Sn saiu dos bastidores ainda sentindo o olhar penetrante daquele homem misterioso. Algo dentro dela dizia que deveria esquecer isso, mas a sensação estranha não desaparecia.

O dono da boate a chamou antes que ela pudesse ir embora.

— Você dançou muito bem para o seu primeiro dia aqui. — Ele sorriu satisfeito. — Seu pagamento está aqui.

Ele entregou um envelope recheado de notas de Won. Quando Sn abriu e viu o valor, sentiu um alívio imediato. Isso ajudaria bastante com os gastos do avô.

— Obrigada — disse, pegando o dinheiro com cuidado.

— Se continuar assim, pode ganhar ainda mais. Trabalhar nos fins de semana dobra esse valor, como eu disse antes.

Sn assentiu, mas não respondeu. Ela apenas guardou o envelope na bolsa e se retirou rapidamente da boate, sentindo a brisa fria da noite tocar sua pele.

Enquanto isso…

Kang Jiho permaneceu sentado no bar, observando Sn sair. Seus olhos escuros brilharam com uma mistura de curiosidade e determinação.

Ele se virou para um de seus seguranças e deu uma ordem direta.

— Sigam aquela garota. Descubram onde ela mora, com quem vive e tudo o que puderem sobre ela. Não a percam de vista.

— Sim, senhor. — O segurança assentiu e saiu discretamente pela mesma porta que Sn havia usado.

Jiho levou o copo de whisky aos lábios, mas não bebeu. Seus pensamentos estavam ocupados demais.

Quem é você? E por que sinto que já te conheço?

Do lado de fora…

Sn caminhou até o ponto de ônibus e se sentou no banco de madeira, soltando um suspiro cansado. Pegou o envelope novamente e contou o dinheiro com atenção.

— Isso já é um bom começo… — murmurou para si mesma.

Se conseguisse trabalhar ali por mais algumas semanas, poderia pagar parte do tratamento do avô.

Seu coração apertou ao pensar nele. Pegou o celular rapidamente e ligou para a vizinha.

A mulher atendeu no segundo toque.

— Alô?

— Oi, sou eu, Sn. Como está o vovô?

A vizinha sorriu do outro lado da linha.

— Ele tomou os remédios e agora está dormindo. Ficou perguntando por você antes de dormir.

Sn sentiu um aperto no peito e um leve sorriso apareceu em seus lábios.

— Ele perguntou de mim?

— Sim. Disse que sente sua falta e quer saber se você está bem.

Ela respirou fundo, segurando as lágrimas.