Capítulo 17: Silêncios e Revelações

🍃🌪️O vento frio zunia lá fora, uivando como um lobo solitário, fazendo com que a casa parecesse ainda mais silenciosa e vazia. ❄️🏡 A neve acumulada no jardim refletia a luz prateada da lua, iluminando o castelo que as meninas haviam construído com tanto carinho. 🏰✨

Melissa segurou a xícara de chocolate☕ quente entre as mãos, sentindo o calor do líquido contra seus dedos gelados. Mas não era apenas o frio que a incomodava naquela noite. Algo dentro dela pesava, uma sensação que não conseguia nomear, mas que se instalava no peito como uma nuvem carregada antes da tempestade.

As meninas esperaram por Colin.

Olharam para a porta todas as vezes que um barulho ecoava em casa, cheias de esperança. Mas ele nunca chegou.

E, quando perceberam que não viriam, o brilho nos olhinhos delas se apagou. 💔

Melissa viu a decepção nos rostos pequenos e tentou distraí-las com histórias e promessas de que amanhã seria diferente. Mas, no fundo, ela temia que amanhã fosse igual.

Ela suspirou, encarando os álbuns de fotos sobre a mesa de centro. Fotos de uma família que parecia incompleta.

Fotos cheias de rostos sorridentes, mas onde Colin simplesmente não existia.

Por quê?

Ela folheava as páginas lentamente, os dedos deslizando sobre as fotografias amareladas pelo tempo, tentando encontrar alguma pista, alguma explicação.

Então, ouviu passos.

Antes que pudesse se virar, Colin entrou na sala.

Seu perfume amadeirado misturava-se ao cheiro forte do conhaque que ele segurava em uma taça. Estava exausto. Seus ombros caídos e o olhar perdido diziam mais do que qualquer palavra.

— Olá. — Sua voz soou baixa, arrastada pelo cansaço.

Melissa ergueu os olhos para ele.👀👁️

Colin era um mistério, um enigma que ela ainda não havia decifrado.

E, no fundo, ela não sabia se queria.

Ela segurou o olhar por um instante antes de falar:

— Você não está em nenhuma dessas fotos.

As palavras saíram antes que pudesse evitá-las. E, assim que as pronunciou, o ar na sala ficou pesado.

A tensão entre os dois era palpável.

Colin parou no meio do cômodo, como se aquelas palavras tivessem o atingido como um soco.

Por um momento, ele pareceu vulnerável.

Mas, em segundos, ele vestiu a máscara que conhecia tão bem: a indiferença.

— Eu não me lembro de ter dado permissão para você vasculhar minhas lembranças. — Sua voz saiu cortante, defensiva.

Melissa sentiu um nó na garganta, mas não recuou.

— Me desculpe. Eu não achei que você se importasse.

Ela fechou o álbum e se levantou, pronta para sair. Mas, para sua surpresa, Colin segurou seu braço.

— Espera.

O toque dele era quente contra sua pele fria, e Melissa sentiu um arrepio percorrer seu corpo.

Ela piscou, surpresa com a própria reação.

Colin suspirou, soltando-a.

— Eu sinto muito. — Finalmente admitiu. Sua voz soou mais suave dessa vez. — Eu não queria gritar. Foi um dia difícil.

Melissa não respondeu de imediato. Ela apenas o observou.

Os olhos dela brilhavam com algo difícil de decifrar – tristeza, compaixão, talvez até raiva.

— Elas esperaram até as nove horas.

Aquela frase foi um golpe para Colin.

Elas?

Suas filhas?

Ele piscou algumas vezes, tentando processar aquela informação.

Por que elas esperariam por ele?

Na maior parte do tempo, elas pareciam viver em um mundo à parte dele.

Ele não se lembrava de tê-las ensinado a esperar.

Ele nunca esteve presente o suficiente para isso.

Ele engoliu em seco, jogando a cabeça para trás e terminando seu conhaque em um só gole.

— O que elas queriam?

Melissa cruzou os braços, encarando-o de um jeito que o fez sentir-se menor.

— Elas queriam o pai.

Aquelas palavras o atravessaram como uma lâmina.

— Nós construímos um castelo de neve hoje, e elas queriam que você dissesse que eram crianças inteligentes.

Colin sentiu o peso da culpa se instalar em seu peito.

Um castelo de neve.

Ele não notou.

Ele passou pelo jardim e não viu.

E o pior: não viu as meninas olhando para ele com expectativa.

O cansaço o dominou, e ele se jogou na cadeira, sentindo um peso esmagador sobre os ombros.

— Amanhã eu direi…

Melissa balançou a cabeça lentamente.

— Não adianta mais.

A frustração estava estampada em seu rosto.

Ela estava decepcionada com ele.

E, pela primeira vez, ele se importou.

Melissa murmurou um "boa noite" e saiu da sala, pisando firme no chão de madeira.

Colin não tentou impedi-la dessa vez.

Seus olhos caíram sobre os álbuns novamente. Ele passou a mão sobre a capa rasgada do primeiro e se perguntou:

Por que sua avó deixou aquilo para ele?

Por que aquelas fotos o incomodavam tanto?

Por que ele não estava nelas?

Ele sabia a resposta, mas não queria admiti-la.

Seu passado, seu relacionamento com sua família, era uma bagunça.

E agora, ele estava fazendo a mesma coisa com suas filhas.

O que ele estava fazendo?

Colin fechou os olhos, deixando-se afundar na poltrona como se todo o peso do mundo estivesse sobre seus ombros. A sala estava mergulhada em um silêncio pesado, cortado apenas pelo leve estalar da lareira, mas dentro dele havia uma tempestade. 🌪️💔

Aquela noite havia sido diferente. Mel não apenas o confrontou com a verdade, mas a verdade estava nos olhos de suas filhas, no castelo de neve que ele não viu, na esperança frustrada de quem esperou por ele até tarde. Elas queriam o pai. Mas... será que ele sabia como ser um?

As lembranças da infância voltaram como um soco no estômago. Ele sabia o que era esperar alguém que nunca vinha. Ele prometeu a si mesmo que nunca repetiria os erros do passado... mas será que já os estava cometendo?

Seu olhar caiu sobre os álbuns de fotos. Ele não estava neles. Assim como não estava na vida de suas filhas. E se continuasse assim, logo seria apenas uma sombra para elas, um nome distante, um homem que nunca aprendeu a ficar.

E, pela primeira vez em muito tempo, permitiu-se perguntar: ainda havia tempo para consertar tudo?

✨ Continua... ✨ 💖

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