Sete no Limite
Uma manhã de sol intenso nos Arredores do Fujikawa High.
O sol já despontava por trás das montanhas, tingindo o céu com tons alaranjados e dourados. O vento frio da manhã varria as ruas silenciosas, fazendo os galhos das cerejeiras sem folhas dançarem suavemente. O inverno no Japão tinha um ar melancólico, mas também trazia uma sensação de renovação. Na quadra o som dos ténis arrastando no chão. O eco da bola batendo na parede. O cheiro forte de suor e “spray” para cabelo misturado no ar. No vestiário feminino do Colégio Fujikawa, sete garotas se preparam para o primeiro jogo do campeonato regional.
A tensão é palpável.
Sofia Takahashi, a capitã, senta-se no banco central, enfaixando o joelho. Seus dedos estão firmes, mas seu olhar entrega algo. Preocupação.
Do outro lado, Rina Saito e Yui Tanaka discutem como sempre.
— Eu já falei! — Rina gesticula exageradamente. — Se eu receber a bola perto da linha, vou arremessar direto. Não precisa desse passe extra!
— E eu já falei que isso é suicídio! — Yui rebate, cruzando os braços. — Você não pensa que pode errar?
— Eu nunca erro.
— Hah? Jura? — Yui se inclina, desafiadora. — E aquele jogo contra Senzaki? Você jogou a bola direto na cara da goleira!
— Isso foi só um… erro de cálculo! — Rina resmunga, cruzando os braços.
Mei Nakamura, sentada ao lado delas, solta um suspiro.
— Se vocês duas gastassem essa energia discutindo para treinar finalizações, talvez a gente tivesse uma chance real hoje.
— Ei, isso foi rude! — Rina coloca a mão no peito, fingindo estar ofendida.
— Foi realista. — Mei ajusta as ataduras nas mãos. — E, sinceramente, se a gente perder por um erro bobo, eu não vou perdoar ninguém.
Um silêncio tenso paira no ar. Nao Miyamoto, a mais nova do time, se encolhe um pouco no canto.
— N-Não vamos perder, certo…?
Todos os olhares caem sobre ela. Akari Fujiwara, que até então estava absorta no celular, levanta uma sobrancelha.
— Ah, isso depende. Você vai congelar na frente do gol de novo?
O rosto de Nao cora instantaneamente.
— N-Não vou!
— Hmmm, não sei não… — Akari provoca, fingindo dúvida.
— Ela não vai. — A voz firme de Ayumi Kuroda corta a conversa. Ela está encostada no armário, braços cruzados, expressão inabalável. — Nao já melhorou muito nos treinos. Se alguém aqui ainda acha que vamos perder, pode sair agora.
Ninguém responde. Mas a tensão não some.
Sofia finalmente se levanta.
— Já chega. — Sua voz é calma, mas carrega autoridade. — Eu sei que vocês estão nervosas. Eu também estou. Mas se ficarmos duvidando umas das outras, já perdemos antes mesmo de entrar na quadra.
Ela olha para cada uma delas.
— Nós treinamos para isso. Sabemos que não vai ser fácil. Mas se jogarmos como um time, não há ninguém que possa nos parar.
Um silêncio. Então, lentamente, Rina sorri.
— Hah… sempre com esses discursos, capitã.
— Mas ela tem razão. — Mei concorda.
Yui dá de ombros.
— Tanto faz, desde que a gente ganhe.
Sofia assente.
— Então vamos lá.
As sete se levantam, pegam suas garrafas d’água, ajustam as faixas, respiram fundo.
O momento chegou.
EXT. QUADRA PRINCIPAL – TARDE
O ginásio do colégio está lotado. O time adversário, Kisaragi High, já está em quadra, fazendo arremessos de aquecimento. Elas são altas, ágeis, experientes.
Nao engole em seco.
— Elas são… grandes.
— São só garotas como a gente. — Ayumi responde, impassível.
Rina ri.
— Fala sério, olha o tamanho daquela pivô! Ela poderia esmagar a gente com uma mão!
— Melhor não deixar isso acontecer então. — Akari brinca, fazendo um alongamento exagerado.
O árbitro apita.
Está na hora.
As sete se reúnem no centro da quadra. As mãos se juntam.
Sofia olha para todas elas.
— Juntas até o fim.
— Juntas até o fim. — Elas respondem em uníssono.
O apito final soa.
O jogo começa.
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Atualizado até capítulo 42
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