Os dias se passaram lentamente desde a noite em que Sn aceitou seu destino. Cada momento era um lembrete sufocante de que sua vida não lhe pertencia mais. O silêncio na casa era pesado, e seu coração carregava uma tristeza profunda. Seu futuro já estava decidido, e não havia nada que pudesse fazer para mudar isso.
Enquanto Sn tentava processar sua nova realidade, sua mãe tomava um rumo diferente. Naquela manhã, vestida com elegância impecável, ela entrou na sede da empresa de seu marido. Seus saltos ecoavam pelos corredores luxuosos, e os funcionários abaixavam a cabeça respeitosamente enquanto ela passava.
Sem esperar permissão, abriu a porta do escritório de seu marido e entrou. Ele estava sentado atrás de uma mesa de mogno escuro, analisando documentos com um olhar sério.
— O que você está fazendo aqui? — Ele ergueu os olhos para a esposa, visivelmente irritado com a interrupção.
Ela fechou a porta atrás de si, certificando-se de que estavam completamente sozinhos.
— Ela aceitou. — Sua voz era firme, mas carregava um certo triunfo.
O homem franziu o cenho, inclinando-se para frente.
— Você está falando de Sn?
Ela assentiu lentamente, um sorriso quase imperceptível nos lábios.
— Sim. Nossa filha aceitou se casar com Jinwoo.
Por um momento, ele ficou em silêncio, processando aquela informação.
— E como você conseguiu convencê-la? — Sua voz estava cheia de suspeita. Ele conhecia Sn o suficiente para saber que ela nunca aceitaria isso de bom grado.
A mulher suspirou, caminhando até a mesa e colocando um envelope sobre ela.
— Eu… menti para ela.
O homem ergueu uma sobrancelha, pegando o envelope com curiosidade.
— Mentiu?
Ela assentiu, seus olhos carregando um brilho frio.
— Disse a ela que estava com câncer e que precisava do dinheiro do casamento para pagar o tratamento.
O homem abriu o envelope e puxou um exame médico. Seus olhos se estreitaram ao ler as palavras que estavam ali.
— Isso é… falso?
Ela deu de ombros, cruzando os braços.
— É claro que é. Mas Sn acreditou. Ela ficou desesperada… não podia perder a mãe. Então aceitou o casamento sem questionar.
O homem soltou um suspiro longo, esfregando as têmporas.
— Você foi longe demais…
— Fui? — Ela inclinou a cabeça, seus olhos brilhando com determinação. — Eu fiz o que era necessário. Você queria esse acordo fechado, não queria? Sn nunca teria aceitado de outra forma.
Ele ficou em silêncio por um momento, analisando a esposa. Então, lentamente, colocou o exame sobre a mesa.
— E o que vai acontecer quando ela descobrir a verdade?
A mulher sorriu, como se já tivesse pensado nisso.
— Ela não vai descobrir. E quando o casamento acabar, tudo isso não vai importar mais.
O homem suspirou, recostando-se na cadeira.
— Espero que esteja certa…
Ela se inclinou sobre a mesa, sua voz baixa e afiada como uma lâmina.
— Estou certa. E agora, nosso futuro está garantido.
O homem pegou o exame falso e o encarou por um longo momento antes de guardá-lo em uma gaveta.
Ele sabia que aquilo era errado. Mas já era tarde demais para voltar atrás.
O escritório ficou em silêncio por alguns instantes, apenas o som do relógio de parede marcando o tempo que parecia se arrastar lentamente. O homem encarava a esposa com um olhar carregado de dúvida e inquietação, enquanto ela permanecia firme, seu semblante inabalável.
Então, como se já tivesse tudo planejado, a mulher sorriu de forma calculista e disse:
— Claro que ela vai acreditar. Eu vou raspar minha cabeça.
O marido arregalou os olhos levemente, surpreso com a frieza da esposa.
— Você está falando sério?
Ela cruzou os braços, caminhando lentamente pelo escritório.
— Absolutamente. Sn já está emocionalmente frágil. Se me vir careca, doente, sofrendo os “efeitos da quimioterapia”, ela não terá dúvidas de que tudo o que disse é verdade.
O homem passou a mão pelo rosto, respirando fundo.
— Isso é manipulação no nível mais cruel…
— Isso é sobrevivência. — Ela rebateu rapidamente, seus olhos frios como gelo. — Você quer que esse casamento aconteça, não quer? Você quer garantir o futuro da empresa e evitar a ruína financeira da nossa família?
Ele ficou em silêncio.
Ela sorriu. Sabia que tinha vencido.
— Então me deixe cuidar disso. Sn nunca vai questionar. Vou fingir estar fraca, dizer que estou tendo dificuldades para me alimentar… vou até usar maquiagem para parecer pálida.
O homem se recostou na cadeira, sentindo um peso esmagador sobre os ombros.
— E quando tudo acabar? Quando os dois anos terminarem e Sn perceber que você não está doente?
A mulher deu de ombros, sem demonstrar remorso.
— Quando chegar esse momento, ela já terá se acostumado com a vida ao lado de Jinwoo. Talvez até tenha desenvolvido algum tipo de vínculo com ele. E, se descobrir a verdade… bem, ela pode me odiar, mas pelo menos terá um futuro seguro.
O homem encarou a esposa por um longo momento. A frieza com que ela tratava a própria filha era impressionante. Ele sabia que sua esposa sempre fora ambiciosa, mas agora via claramente que não havia limites para o que ela faria para alcançar seus objetivos.
Ele suspirou, exausto.
— Espero que saiba o que está fazendo.
A mulher pegou sua bolsa e se dirigiu à porta.
— Eu sei exatamente o que estou fazendo.
E então saiu do escritório, deixando o marido sozinho com sua consciência pesada.
Longe dali, Sn estava sentada na cama de seu quarto, abraçando as próprias pernas. Seu peito ainda doía com a decisão que havia tomado. Tudo dentro dela gritava que aquele casamento era um erro, mas o medo de perder sua mãe era maior.
Ela não sabia que estava prestes a cair na maior armadilha de sua vida.
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Atualizado até capítulo 107
Comments
Marlusse Jesus Jesus
essa mulher n merece ser chamada de mãe n
2025-03-16
2
Marlusse Jesus Jesus
espero que ela descubra
2025-03-16
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