Depois de alguns dias fora da cadeia, só tenho a agradecer a Deus. Nunca vi um lugar como aquele; parece uma cena de horror.
Lembro-me perfeitamente das surras que tomei. Eu estava dormindo no chão gelado e perguntei à dona da cela se podia dormir na cama. Ela negou e eu deixei para lá, mas estava com muito frio e acabei pegando um lençol. Quando ela viu, veio com tudo para cima de mim. Não tive reação, simplesmente deixei acontecer, não me defendi. Talvez eu merecesse aquilo e seria bom se fosse o meu fim.
Passei a noite na enfermaria sendo tratado dos ferimentos. Como eu tenho diabetes, os cuidados precisam ser redobrados.
Quando meu pai foi me buscar, eu fiquei muito feliz e prometi a mim mesmo que nunca mais pisaria naquele lugar. Estou cuidando de mim, da minha saúde mental, e me priorizando. Tenho sonhos e desejo tirá-los do papel.
Estava no meu quarto fazendo alguns dos meus rabiscos quando meu pai me ligou chamando para almoçar fora. Eu não queria, pois meu rosto ainda tem algumas marcas das surras e confesso que estou com vergonha.
📲
Roberto: Blenda, se arrume, e estou passando aí em meia hora.
Blenda: Pai, eu não quero.
Roberto: Vai ser bom você sair um pouco.
Acabei concordando, levantei e tomei um banho, pois estava muito quente ultimamente. Coloquei uma roupa fresca, porém arrumada, e logo estava pronta, só esperando meu pai. Coloquei óculos e fiquei na sala esperando por ele.
Roberto: Você está tão bonita, filha.
Blenda: Obrigada, pai.
Eu o segui até o carro e me sentei na parte de trás, ao lado de Patrícia, que ele faz questão de apresentar apenas como sua secretária.
Quando chegamos ao restaurante, fizemos nosso pedido e, antes que a nossa comida chegasse, pedi ao meu pai que me ajudasse a medir minha glicemia. Logo em seguida, apliquei minha insulina e percebi que havia olhares voltados para mim. Olhei em volta, mas não consegui identificar de onde vinha.
Tivemos uma conversa descontraída na mesa sobre assuntos variados e, logo em seguida, nos despedimos. Meu pai voltou ao trabalho e eu fui para a mansão, onde acabei passando o tempo sem fazer muito.
Decidi tomar outro banho, coloquei uma roupa leve e, embora não quisesse, resolvi enviar currículos. Queria provar ao meu pai que não sou mais a mesma de antes e que posso me virar sozinha.
Enviei currículos para diversas vagas, especialmente em empresas do setor de moda.
Uma semana já havia se passado e em todas as entrevistas de emprego que eu fiz, não fui contratada apenas porque não tenho experiência. Mas como posso adquirir experiência se ninguém me dá a oportunidade?
Eu estava na sala, olhando para o vazio e fazendo carinho na Chanel, quando meu pai chegou com um rosto muito sério. Comecei a pensar nas mil coisas que poderia ter feito de errado para ele estar tão sério assim.
Roberto: Senta aqui, precisamos ter uma conversa séria.
Sentei ao lado dele e ele me entregou um papel. Meu olhar se fixou na parte que dizia 'Contrato de casamento'.
Blenda: O que isso significa, pai?
Roberto: Você vai se casar e sair daqui. Precisa tomar juízo, pois você nem me escuta e está sempre fazendo o que quer.
Blenda: Mas papai, eu mudei! Não estou mais fazendo nada de errado; estou agindo da maneira certa.
Ele me olhou de um jeito que eu nunca tinha visto antes.
Roberto: Você vai e acabou. Não estou brincando com você, Blenda. Comece a arrumar suas malas, porque amanhã você já está indo.
Blenda: Pai, por favor, não faça isso. Eu prometo que não vou aprontar.
Ele saiu da sala dizendo que era para eu me arrumar rapidamente, pois amanhã cedo eu teria que ir.
Corri para o meu quarto, me tranquei e gritei bastante até perder a voz. Depois de tanto chorar, deitei na cama e acabei adormecendo.
Acordei já passando das 21 horas, tentei me comportar e fazer tudo certo, mas não sei se adiantou muito. Levantei, tomei banho, fiz uma bela maquiagem e fui em direção à sala. Ao chegar lá, encontrei meu pai e a Patrícia se beijando. Fingi que não vi e estava prestes a sair quando ele me chamou.
Blenda: Pois não?
Roberto: Para onde você vai com essa roupa?
Estava usando um vestido tomara que caia preto, com algumas pedrinhas de enfeite ao redor do bojo. Não é um dos meus melhores looks, mas a ocasião pedia.
Blenda: Minha despedida de solteira. Sinto muito, mas vocês sabem, né? Pais não são convidados para esse tipo de coisa.
Saí sem dar chance dele falar, caminhei em direção ao meu carro e logo dei partida.
Na sala, Roberto estava em pé, ainda olhando em direção à porta, chocado com o que Blenda havia falado. Ele olhou para Patrícia, que estava se acabando de rir no sofá.
Roberto: Você viu aquilo?
Patrícia: Ela tinha razão. Ela estava fazendo tudo certo, até estava procurando um trabalho, mas você nem deu uma chance para ela conquistar sua confiança novamente e a meteu em um casamento por contrato.
Roberto: Meu bem, eu sei que ela não vai mudar. Isso é só um disfarce.
Patrícia: Tudo bem, ela é sua filha. Você a conhece melhor que ninguém.
Roberto: Acho que não precisamos contar a ela, mas que estamos juntos, ela já viu.
Patrícia: Mesmo assim, é bom falar com ela.
Roberto apenas concordou e foram para o quarto aproveitar a noite.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 25
Comments
lauriani CRISTINA
nossa que capítulo foi esse babado em mais capítulo não demora pra atualizar não pq está viciante demais essa história
2025-03-19
4