Maxim

A chuva começa a cair forte a poucos passos da cabana, aumento meu ritmo, mas acabamos muito molhados. Coloco ela de pé na varanda estreita e observo que tem dificuldade ao colocar o pé no chão.

— O tempo aqui é bipolar por acaso? — ela pergunta — Onde estávamos não tinha nuvens no céu, agora olhe para isso, parece que vai cair o mundo diretamente do céu.

Apenas dou um sorriso para ela e digito minha senha na fechadura eletrônica. Gosto do jeito rústico da cabana, mas ela tem suas modernidades.

Pego ela novamente no colo e entramos, a deixo sentada no sofá e bato palmas fazendo as luzes iluminarem o lugar. Ela me olha e eu pergunto:

— Algo errado?

— A ideia de ter uma cabana no meio de uma floresta fechada não é se livrar de coisas assim para aproveitar a natureza e viver no simples?

— Não a minha! Quero aproveitar a natureza e o conforto da modernidade. Vamos para o quarto, terá que usar roupas minhas aqui, não contava com uma presença feminina tão cedo.

Levo ela para o quarto e enquanto deixo a banheira enchendo vou até o pequeno closet pegar uma blusa minha e uma peça íntima para que possa dormir confortável. Enquanto isso ela está olhando para a cama, sentada nela.

— Maxim, temos um problema.

— Qual seria?

— Essa cama é só uma metade da que dormimos na sua mansão. Não vou dormir com você aqui.

— Sim, você vai. Seu banho está pronto, vou ajudá-la a chegar na banheira, depois de pronta é só me chamar que vou dar um jeito no seu tornozelo.

Ela faz bico e eu acho fofo. Enquanto ela está no banho vou até a cozinha, sempre vem um dos meus fiéis funcionários aqui ver se precisa jogar algo fora da validade no lixo e repor coisas na geladeira ou despensa.

Preparo alguns sanduíches para mim e para minha Yulia, tem refrigerante para ela e vinho para mim. Tudo certo. Ela me chama quando termina, pego ela e a deixo na sala à minha espera.

Ignoro o tesão por vê-la usando minha roupa, como eu disse para ela antes não precisa de muito para o meu corpo aquecer quando a vejo, não importa o que estiver vestindo.

Depois de pronto me sento para comer com ela. A mesma me olha incrédula e pergunta:

— Tenho cara de menor de idade?

— Não! Por que a pergunta?

— Por que eu tomo refrigerante e você vinho?

Acabo sorrindo e jogando a cabeça para trás, tudo bem, ela quer vinho. Vou até a cozinha e pego uma taça para ela. Depois de duas taças ela pergunta:

— Vai me dizer por que estamos escondidos do mundo com essa tempestade caindo lá fora? Quem é aquele homem e por que estamos nos escondendo dele?

— Ele… — sinto uma dificuldade em falar — É o responsável pela sua morte… Pela morte dela.

Me sinto estranho ao ter flashes da última imagem do amor da minha vida. Minha respiração fica irregular e pesada, sinto meu corpo tremer, coloco as mãos na minha cabeça e a jogo para trás.

— Maxim? — ela se senta no meu colo me obrigando a olhar para ela — Tudo bem, não precisamos falar nisso, apenas olha nos meus olhos e tenta respirar com calma.

Faço o que ela diz e encaro seus lindos olhos castanhos, conforme minha respiração vai se acalmando aproximo meu rosto do dela enquanto minhas mãos estão apertando sua cintura. Passei muito tempo sem tocar uma mulher, sem desejar ter outra mulher.

Quando dou por mim estamos aos beijos no sofá da cabana enquanto lá fora a chuva faz uma confusão aqui dentro somos nós.

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