Maxim

Me distrai por um minuto com um conhecido que implora uma parceria comigo até que olho para o lado e não vejo minha Yulia. Onde ela está? Como se atreve a se afastar de mim sem ao menos pedir permissão?

Deixo o homem falando sozinho e saio a procura da minha esposa. Rodei por todo o ambiente até seguir para os banheiros, sair daqui sem mim seria algo impossível para ela.

Chegando próximo ao banheiro feminino vejo algo que me faz sentir um gosto ruim na boca. Dmitry está perto demais da minha Yulia, mesmo ela derrubando ele, o que me deixou brevemente surpreso ao julgar a diferença de peso e altura.

Caminho até ela a passos largos e apressados, pegando-a no colo e saindo do evento com ela nos meus braços. Chegando no meu carro ela me olha irritada ao falar:

— Tenho certeza que ainda posso andar. Me coloca no chão, Maxim.

— Por que se afastou de mim sem ao menos me comunicar? Pensa que é livre para ir e vir?

— Qual é o seu problema? Só fui ao banheiro, preciso pedir permissão para isso?

— Não tem noção que encarou a morte de frente e ainda bateu nela? — a coloco no chão e empurro para dentro do carro — Não temos tempo para isso, quem não deveria te ver acabou vendo e até mais que isso… Ele te beijou?

Pergunto ao bater a porta ao entrar no carro. Ela não responde, mas nega com a cabeça. Soco o volante com força algumas vezes fazendo ela se encolher no banco do passageiro.

Apenas ligo o carro e saio de lá em alta velocidade. Ela percebe que estou dirigindo muito rápido e não estamos indo para a mansão.

— Para onde estamos indo? Pode, por favor, parar de imitar o Velozes e Furiosos? Eu nem gosto do Toretto.

— É seu ex também? Me passa o endereço.

— Claro que não! Vai matar o Vin Diesel?

Merda, estou tão preocupado e irritado que não percebi que ela estava falando de um filme e de um ator. Apenas acelero mais e ela fala:

— Daqui a pouco esse carro vai levantar voo. Não vai mesmo falar porque está tentando nos matar?

— Precisamos chegar num refúgio meu, ficaremos lá até ele ir embora da cidade e ficar seguro para levar você de volta para casa.

Ela não pergunta mais nada, apenas se segura no banco e olha para fora. Quando chegamos em uma trilha depois da rodovia ela pergunta:

— Por um acaso esse é o momento em que você me solta na floresta e me caça com uma arma e um facão na mão? Porque se for estou usando o sapato errado para correr.

Acabo rindo, por que ela pensa que farei algo tão primitivo com ela? Será mais alguma referência a um filme?

— Não! Vou esconder meu carro um pouco mais a frente e depois iremos caminhar por meia hora. Mas posso te levar no colo, você é bem leve, a propósito.

— Nossa… É, obrigada, eu acho. Mas não precisa me carregar, Deus me deu pernas para usar.

— Vai conseguir caminhar por um chão repleto de pedras e cascalhos com esse salto? Suponho que não seja uma boa ideia.

— Desiste, você já me tocou demais por um dia.

Se é assim que ela quer, vamos ver se vai aguentar caminhar com esse salto por esse chão. Escondo meu carro em lugar estrategicamente preparado para ele. E começamos a caminhar na noite apenas com a lanterna do celular na minha mão.

Ela tropeça algumas vezes e até segura meu braço, mas se recusa a aceitar minha gentileza até que pisa em algo torcendo o pé me fazendo parar e pegá-la no colo.

— Não precisa disso, posso tirar o salto e andar devagar.

— Você torceu o seu pé, não vai conseguir pisar e se não olhou para o céu logo começará a chover forte. Não temos tempo, e se não notou estamos quase no meio de uma floresta, não somos os únicos aqui.

Assim que falo isso um uivo corta a noite e ela segura firme no meu pescoço colocando seu rosto ali. Sigo com ela até avistar minha cabana, fiquei aqui por um tempo quando… Enfim.

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