capítulo 5

O Jogo da Máfia

A madrugada ainda estava envolta em sombras quando Dante entrou no quarto de Isadora. Ela estava deitada, o sono interrompido por uma sensação crescente de desconforto. A casa estava silenciosa, mas ele trouxe consigo uma presença ameaçadora que a fez se estremecer.

"Levante-se. Temos um compromisso", disse ele, sua voz baixa e fria, como sempre. Não era um pedido, mas uma ordem.

Isadora se sentou na cama, os olhos ainda borrados de sono. Ela estava tentando processar o que estava acontecendo, tentando entender por que ele a chamava, mas nada parecia fazer sentido. “O que... o que está acontecendo? Onde vamos?”, perguntou ela, ainda sem conseguir controlar a ansiedade que crescia dentro de si.

"Não há tempo para explicações", respondeu Dante, sem olhar para ela. "Vesti-se. Vamos sair."

Isadora não teve escolha. Ela se levantou e, em silêncio, escolheu um vestido simples, mas adequado. Quando se olhou no espelho, percebeu que não sabia exatamente o que esperar daquela noite. Mas sabia que algo importante estava prestes a acontecer. Algo que mudaria sua visão sobre Dante para sempre.

Ao descer as escadas, ela encontrou Dante esperando na entrada da mansão, com um casaco escuro que parecia absorver a luz. Ele não lhe ofereceu nenhuma explicação, apenas indicou que ela o seguisse. O silêncio era denso, opressor, e o caminho até o carro foi longo, como se ela estivesse indo em direção ao desconhecido.

O carro deslizou pela noite, as luzes da cidade passando rapidamente pela janela. Isadora, sentada ao lado dele, tentava entender o que estava por vir. Ela não sabia onde estavam indo, mas o rosto de Dante era impassível, como se nada mais importasse. Ela se sentia pequena diante dele, uma marionete, sem controle sobre os eventos que estavam se desenrolando.

O carro parou em frente a um clube noturno de fachada simples, mas com uma segurança pesada, visível apenas para quem sabia o que estava acontecendo ali. Isadora sentiu uma sensação de desconforto aumentar. Este não era o tipo de lugar que ela costumava frequentar.

"Entre", disse Dante, abrindo a porta do carro para ela. Isadora hesitou, mas não teve escolha. Ele caminhou à frente, e ela o seguiu, sentindo-se cada vez mais deslocada.

Quando entraram, Isadora ficou sem palavras. O ambiente era denso, pesado, com uma fumaça fina no ar e uma música baixa tocando ao fundo. Homens de terno, rostos fechados e olhos frios, conversavam de maneira discreta, mas nada escapava de seus olhares. O que parecia ser uma casa de jogos se transformava em um centro de operações da máfia. Os olhares das pessoas passavam rapidamente por ela, como se ela fosse apenas uma peça a mais no cenário.

Dante caminhou à frente, cumprimentando algumas pessoas com um aceno de cabeça. Ele parecia à vontade, como se aquele fosse o seu domínio. Isadora sentia a tensão crescendo, o ambiente era denso, carregado de um perigo silencioso que ela mal conseguia compreender. Ela se forçou a manter a calma, mas seu instinto a dizia para ficar alerta.

Finalmente, Dante parou diante de uma mesa. Um homem de expressão dura, com cicatrizes visíveis no rosto e olhos que pareciam ler cada movimento, levantou-se ao vê-lo. "Dante", disse o homem, em um tom de respeito, mas com uma sombra de medo. "Chefe."

Dante fez um gesto, indicando que Isadora ficasse ao seu lado. "Preciso de algumas atualizações. Vamos ver os números", ele disse, sua voz autoritária.

Isadora não sabia o que estava acontecendo, mas a cena diante dela começou a tomar forma. Ali, naquelas sombras, estava o verdadeiro império de Dante: um mundo de transações secretas, dinheiro sujo e pessoas que não hesitavam em fazer qualquer coisa para conseguir o que queriam. Ela percebeu que ele não estava apenas no controle da máfia, mas também se movia como um rei em seu trono, manipulando todos ao seu redor sem sequer levantar um dedo.

O homem à mesa abriu uma maleta e começou a mostrar relatórios. Dante observava cada um deles com atenção, mas sua postura nunca vacilava. Ele não parecia surpreso com nada, e sua indiferença para com tudo ao seu redor parecia assustadora. Ele estava acostumado a lidar com o perigo e a violência como quem lida com documentos burocráticos.

Isadora se sentiu como se estivesse em um filme de terror, mas sem poder sair da tela. Ela não entendia as palavras, não compreendia as transações, mas sentia o peso daquelas negociações pesando sobre ela. O submundo da máfia estava mais vivo do que nunca, e Dante era o maestro que orquestrava cada movimento.

“Esse dinheiro não será suficiente, não é?” perguntou um dos homens na mesa, com uma voz rouca. Dante olhou para ele com uma frieza imensa e, em um gesto rápido, pegou um cigarro e o acendeu. A fumaça subiu, dissolvendo-se no ar, enquanto ele respondia com calma:

“Isso é só o começo. Acontece o que tiver que acontecer. Mas ninguém me desobedece. Entendido?”

O homem na mesa engoliu em seco e assentiu. A tensão era palpável, e Isadora sentia o ar apertando em seus pulmões. Ela estava perdida naquele mundo. Cada palavra parecia carregar o peso de uma ameaça velada, e tudo ao seu redor era uma rocha fria e implacável. Não havia empatia. Não havia misericórdia. Tudo girava em torno de poder, controle e medo.

Dante, por sua vez, parecia imune a tudo isso. Para ele, era apenas mais uma noite. Mais um movimento no tabuleiro de xadrez que ele dominava.

Depois de algum tempo, ele se virou para Isadora, seus olhos finalmente focando nela. “Você viu como o jogo funciona, Isadora. Isso é o que você precisa entender. Nada é pessoal aqui. É tudo sobre o controle. E a única maneira de sobreviver nesse mundo é saber como manipular as peças.”

Isadora engoliu em seco, seu coração batendo forte. Ela olhou para ele, tentando entender o que ele queria dizer. Mas as palavras dele estavam ficando mais claras a cada momento. Ela não estava apenas casada com um homem. Ela estava ligada a uma máquina implacável e fria. E, embora tentasse negar, ela sabia que, de alguma forma, ela seria forçada a jogar esse jogo também.

Quando saíram do clube, a sensação de claustrofobia não a deixou. Ela se sentiu ainda mais distante de Dante, mas, ao mesmo tempo, mais próxima do inferno que ele comandava. Ela não sabia como, mas algo dentro dela sabia que, no final das contas, ela teria que se adaptar ou desaparecer.

Dante olhou para ela enquanto caminhavam para o carro, a expressão impassível. “Você entendeu o que é necessário, Isadora?”

Ela não teve coragem de responder de imediato. O medo, o desconforto e a incerteza preenchiam sua mente. Mas, ao olhar para ele, ela soube que sua vida estava agora entrelaçada a um mundo do qual ela jamais poderia escapar.

“Sim”, ela disse finalmente, a voz quase imperceptível. “Eu entendi.”

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