Com o passar das horas, o sinal do intervalo finalmente tocou, e Sabrina e Camila seguiram juntas para a cantina. O pátio estava lotado, os alunos espalhados entre as mesas, bancos e corredores, aproveitando a pausa entre as aulas.
Assim que entraram na fila para comprar algo, avistaram Jenna, Anna e Melissa sentadas perto da janela. As amigas acenaram animadas, chamando-as para se juntarem a elas.
Jenna: Finalmente! Achei que iam demorar.
Camila riu, pegando um suco da bandeja.
Camila: Você sabe como a fila daqui é uma batalha, né?
Melissa: Pior que é verdade. A gente devia ter uma entrada VIP na cantina.
Sabrina sorriu, pegando um lanche antes de se sentar ao lado das amigas. Por um momento, a conversa girou em torno de coisas leves — provas, professores e até mesmo fofocas sobre quem estava saindo com quem.
Anna: Mas e vocês? Como está sendo estudar com o professor gato?
Ela piscou para Sabrina e Camila, que trocaram olhares.
Camila: Ah, o Lorenzo? Ele é legal.
Melissa: Só legal? Sei…
Sabrina riu, revirando os olhos.
Sabrina: Gente, é só nosso professor e vizinho. Não tem nada demais.
Jenna: Hmm… sei. Mas não custa nada admirar, né?
Elas riram juntas, e o intervalo passou rápido entre brincadeiras e risadas.
Quando o sinal tocou novamente, Sabrina se despediu das amigas e seguiu para seu armário antes de voltar para a sala. Ela precisava pegar um livro para a próxima aula, mas, ao abrir a porta do armário, seu corpo ficou tenso.
Lá dentro, cuidadosamente colocado, estava um buquê de flores impecável. Eram flores frescas, bonitas, e junto delas havia um pequeno papel dobrado.
Com um aperto no peito, Sabrina pegou o bilhete e abriu, já sabendo de quem era.
“Me desculpa.”
Sem assinatura. Mas não precisava. Ela sabia exatamente quem havia deixado aquilo ali.
Por um momento, ficou encarando as flores, sentindo uma mistura de emoções difíceis de nomear. Não era surpresa — Hugo sempre teve essa mania de tentar consertar as coisas com gestos grandiosos, quando as palavras já não faziam mais efeito.
Respirando fundo, ela fechou o armário com força, segurou o buquê firmemente e começou a andar. Seus passos eram decididos, sem hesitação.
Ao chegar à sala de Hugo, encontrou a porta entreaberta. Ele estava sozinho, sentado à mesa, concentrado no notebook, os dedos digitando rápido no teclado.
Sem bater, Sabrina empurrou a porta e entrou. Hugo ergueu a cabeça, surpreso com a interrupção. Seus olhos logo caíram no buquê em suas mãos, e um breve brilho de esperança passou por seu rosto.
Hugo: Sabrina…
Mas ele não teve tempo de dizer mais nada. Sabrina caminhou direto até a lixeira ao lado da mesa dele e, sem um segundo de hesitação, soltou as flores dentro.
O som abafado do buquê caindo contra o fundo metálico ecoou pela sala.
Hugo ficou imóvel, o sorriso que ameaçava se formar desaparecendo no mesmo instante.
Ele abriu a boca para falar algo, mas Sabrina simplesmente se virou e saiu da sala sem dizer uma única palavra.
Camila estava do lado de fora, encostada na parede, esperando. Quando viu a expressão de Sabrina, não precisou perguntar nada.
Camila: Eu vi você entrando com um buquê de flores, foi ele que te deu, né?
Sabrina suspirou, sentindo o peso da conversa ainda em seus ombros.
Sabrina: Sim, ele colocou dentro do meu armário. Ele nunca entende. Mas, pelo menos, eu já disse tudo o que precisava.
Camila: Você deveria trocar o cadeado.
Sabrina: Eu vou.
E juntas, seguiram para a próxima aula, deixando Hugo e as flores para trás.
O sol já começava a se pôr no horizonte, tingindo o céu com tons alaranjados e rosados, enquanto Sabrina e Camila estavam sentadas nas arquibancadas do campo, sem compromisso, apenas matando o tempo e observando os jogadores terminarem o treino. O vento fresco da tarde balançava os cabelos das duas, e a conversa fluía leve, entre risadas e comentários sobre o dia.
Foi então que Lucas, um dos jogadores e amigo de Sabrina, se aproximou, com um sorriso divertido no rosto.
Lucas: E aí, como vocês estão?
Sabrina olhou para Camila de canto de olho, percebendo a tensão sutil que ela tentava disfarçar. Lucas começou a demonstrar interesse por sua prima, e Camila, apesar de nunca admitir, também não era indiferente a ele.
Sabrina: Estamos bem.
Camila: É, tudo certo.
Lucas: Que bom. Achei que vocês tinham sumido. Faz tempo que não aparecem por aqui.
Sabrina riu de leve, e então, com um sorriso malicioso, se levantou de repente.
Sabrina: Bom, acho que vou no banheiro.
Ela lançou um olhar sugestivo para Camila antes de sair, deixando-a sozinha com Lucas. Camila a fuzilou com os olhos, mas Sabrina apenas riu e seguiu seu caminho de volta para dentro da escola.
Os corredores estavam mais vazios agora, a maioria dos alunos já tinha ido embora ou estava nos últimos momentos do treino e das atividades extracurriculares. Enquanto caminhava distraída, avistou Lorenzo no fim do corredor, fechando a sala dele. Ele segurava alguns livros e uma pasta junto com as chaves, claramente tendo dificuldade para trancar a porta.
Sem pensar muito, Sabrina se aproximou.
Sabrina: Precisa de ajuda?
Lorenzo levantou a cabeça e sorriu ao vê-la.
Lorenzo: Seria ótimo. Obrigado.
Ele entregou a bolsa para Sabrina, liberando uma das mãos para finalmente conseguir girar a chave e trancar a porta. Quando terminou, estendeu a mão para pegar de volta, mas Sabrina segurou firme, sorrindo divertida.
Sabrina: Eu te ajudo até o carro.
Lorenzo riu, balançando a cabeça.
Lorenzo: Você realmente não perde a chance de ajudar, né?
Sabrina deu de ombros.
Sabrina: Digamos que estou de bom humor.
Eles começaram a caminhar juntos pelo corredor, conversando sobre coisas aleatórias. Mas logo adiante, viram Hugo trancando a própria sala.
Lorenzo diminuiu o passo, e quando se aproximaram, parou para cumprimentá-lo.
Lorenzo: Hugo.
Hugo levantou os olhos para ele e assentiu, mas não parecia tão interessado na conversa. Seu olhar passou direto por Lorenzo e se fixou em Sabrina, que apenas manteve sua expressão serena, como se a presença dele não a afetasse.
Hugo: Professor.
A voz de Hugo saiu contida, e Lorenzo, sem perceber a tensão no ar, continuou falando algo sobre o dia. Mas Hugo sequer prestava atenção. Sua mandíbula estava travada, os olhos escuros analisando cada detalhe da proximidade entre Sabrina e Lorenzo.
Sabrina percebeu isso, e uma ideia cruzou sua mente num impulso.
Com um sorriso sutil, ela inclinou levemente a cabeça, encostando-a no braço de Lorenzo, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Lorenzo, pego de surpresa, olhou para ela rapidamente, mas não afastou o braço, apenas riu baixinho, sem entender muito bem o motivo daquilo.
Hugo sentiu algo dentro dele explodir. Um ódio crescente, misturado com ciúmes, tomou conta de seu peito. Seus dedos se apertaram em punhos ao lado do corpo, e sua respiração ficou pesada.
Mas Sabrina não lhe deu o gostinho de perceber qualquer reação.
Lorenzo e Sabrina se despediram de Hugo, e ele ficou parado ali, os olhos fixos nos dois enquanto eles seguiam pelo estacionamento. Cada passo que Sabrina dava ao lado do professor só aumentava a irritação dentro dele.
Quando chegaram ao carro de Lorenzo, ele abriu a porta e se virou para Sabrina.
Lorenzo: Quer uma carona?
Sabrina sorriu e negou com a cabeça.
Sabrina: Não, obrigada. Tenho que voltar com Camila.
Lorenzo assentiu, respeitando a decisão.
Lorenzo: Tudo bem. Mas obrigado pela ajuda.
Sabrina: Sempre que precisar.
Ela piscou brincalhona, e Lorenzo riu, entrando no carro e partindo.
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Atualizado até capítulo 45
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