Capítulo 17

Lorenzo sorriu, ainda com a toalha na mão, e disse, com um tom descontraído:

Lorenzo: Eu ofereceria algo para beber, mas só tenho água por enquanto. Não fiz compras ainda.

Sabrina e Camila trocaram um olhar e, com um sorriso, Sabrina respondeu:

Sabrina: Não queremos nada, obrigada.

Lorenzo, com um sorriso leve, brincou enquanto pegava a torta e a levava para a cozinha:

Lorenzo: Bem, essa torta chegou na hora certa, pelo menos eu tenho algo para oferecer!

As três riram e o clima descontraído envolvia a casa. Sabrina olhou ao redor, notando que a casa estava em processo de organização. Livros estavam espalhados por caixas abertas, e a sensação de que Lorenzo ainda estava se acomodando no lugar era evidente.

Enquanto Lorenzo foi deixar a torta na cozinha, Sabrina, movida pela curiosidade, se levantou e se aproximou de uma das caixas abertas. Ela começou a examinar os livros, seus olhos brilham ao avistar um título específico.

Sabrina: (em voz baixa, mais para si mesma) Eu estava louca para ler esse...

Quando Lorenzo voltou da cozinha, ele a viu próxima à caixa de livros. Percebendo o que ela estava olhando, ele sorriu.

Lorenzo: Esse livro? Eu também amo ele. Se você quiser, pode pegar emprestado.

Sabrina sorriu de volta, sentindo uma conexão inesperada naquele momento, e agradeceu com sinceridade:

Sabrina: Muito obrigada, eu vou adorar!

Camila, que estava quieta até então, olhou para Sabrina com um sorriso travesso, mas as duas logo se despediram de Lorenzo e saíram. O clima era leve, mas Sabrina sabia que algo estava começando a mudar.

Quando chegaram em casa, encontraram Marcos já em casa. Ele estava sentado no sofá, com um sorriso curioso no rosto ao vê-las chegarem.

Marcos: E aí, como foi o dia na escola, meninas? Alguma novidade?

Sabrina e Camila se olharam, antes de Sabrina responder com um sorriso tranquilo, tentando não revelar muito:

Sabrina: Foi bom, nada de mais. Só tivemos algumas aulas e... um novo professor e vizinho.

Marcos levantou uma sobrancelha, curioso, e perguntou:

Marcos: Novo vizinho? Quem é?

Camila, sempre animada, respondeu rapidamente, tentando deixar o clima leve:

Camila: O nome dele é Lorenzo, é nosso novo professor. Ele se mudou para a casa ao lado.

Marcos pareceu interessado, mas apenas sorriu e não fez mais perguntas. Sabrina, por sua vez, manteve a expressão séria, sabendo que as coisas estavam começando a tomar outro rumo, mas sem saber ao certo o que ainda estava por vir.

Depois do jantar, Sabrina e Camila se acomodaram no quarto, deitando na cama e conversando. Camila, curiosa, não demorou a perguntar:

Camila: O que você realmente acha do professor Lorenzo?

Sabrina suspirou, pensando por um momento, antes de responder.

Sabrina: Eu gostei dele, Camila. Mas não posso negar que fico com um pouco de receio, sabe? Não quero sentir a mesma coisa que senti por Hugo, não quero me envolver de novo dessa forma.

Camila riu suavemente, já vendo a tensão nos olhos de Sabrina.

Camila: Ah, mas ele é solteiro e não tem filhos. Não tem motivo para ficar tão preocupada!

Sabrina soltou uma risada nervosa, tentando relaxar.

Sabrina: É... mas ainda assim, é melhor deixar as coisas acontecerem naturalmente. Se acontecer, aconteceu. Não vou forçar nada.

Camila se virou para Sabrina com um sorriso travesso.

Camila: Relaxa, Sabrina, você não tem com o que se preocupar. Eu não tenho nenhum interesse nele. Aliás, professor não é mesmo meu tipo.

Sabrina deu uma risada, sentindo-se um pouco mais à vontade.

Sabrina: Você tem razão. Vamos ver como as coisas vão se desenrolar...

### **Despedidas não ditas**

Na manhã seguinte, o sol já iluminava a cidade quando Sabrina e Camila desceram as escadas para o café da manhã. Na mesa, Ana e Marcos já estavam sentados, conversando sobre trivialidades do dia. Sabrina se serviu de uma xícara de café, enquanto Camila pegava uma fatia de bolo. Entre risadas e brincadeiras matinais, o café transcorreu leve, sem menção aos sentimentos turbulentos que Sabrina carregava no peito.

Assim que terminaram, pegaram suas mochilas e saíram. Caminharam lado a lado até a calçada, apenas para darem de cara com Lorenzo, que saía de casa. Vestindo um terno impecável e segurando sua bolsa de couro, ele fechava a porta de casa com um jeito casual, mas sem perder a elegância natural.

Sabrina e Camila acenaram:

Sabrina: Bom dia, professor.

Camila: Dormiu bem?

Lorenzo sorriu, ajeitando a alça da bolsa no ombro.

Lorenzo: Bom dia, meninas. Dormi sim. E vocês?

Sabrina: Também.

Lorenzo olhou de um para o outro, então perguntou:

Lorenzo: Querem uma carona até a escola?

Sabrina e Camila trocaram um olhar cúmplice antes de responderem juntas:

Sabrina: A gente prefere caminhar.

Camila: Faz parte da rotina.

Lorenzo riu de leve e concordou.

Lorenzo: Justo. Caminhar de manhã é sempre bom.

E assim, cada um seguiu seu caminho. Quando Lorenzo passou de carro por elas, abaixou o vidro e buzinou, arrancando um riso das duas.

Na escola, o pátio estava movimentado. Sabrina e Camila encontraram Jenna, Anna e Melissa já sentadas conversando. O grupo se uniu em um papo descontraído, até o sino tocar, obrigando todos a seguirem para suas aulas.

O dia passou com as matérias de sempre, entre elas mais uma aula de Lorenzo. Mas, mesmo com o novo professor sendo assunto principal nos corredores, nada conseguia afastar o peso que Sabrina sentia no peito.

Quando a última aula terminou, Sabrina e Camila estavam prestes a sair quando um obstáculo inesperado apareceu no caminho: Hugo.

Ele parou bem na frente de Sabrina, impedindo sua passagem. Ela imediatamente sentiu o coração acelerar, mas não era um nervosismo bom. Era algo diferente, uma mistura de raiva e ressentimento. Sem paciência, tentou se esquivar, mas Hugo segurou suavemente sua mão.

Sabrina: O que você quer, Hugo?

Hugo: Eu só… queria conversar com você.

Sabrina respirou fundo e puxou a mão, sentindo a raiva subir ainda mais.

Sabrina: Ok, vamos acabar logo com isso.

Ela entrou na sala de Hugo com passos firmes. Camila cruzou os braços e ficou do lado de fora.

Camila: Não precisam de babá, né? Nem vão se pegar.

Hugo bufou, incomodado.

Hugo: Camila, por favor…

Camila riu.

Camila: Tô brincando. Fiquem à vontade.

Hugo fechou a porta e voltou o olhar para Sabrina, que se sentou na mesa dele, os braços cruzados, impaciente.

Sabrina: Fala logo.

Hugo passou a mão pelos cabelos, respirou fundo e se sentou de frente para ela, seus olhos evitando os dela.

Hugo: Eu queria pedir desculpas. De novo.

Sabrina riu com ironia.

Hugo: Fui um idiota, Sabrina. Eu não me importei com os seus sentimentos como deveria. E eu odeio a forma como as coisas ficaram entre nós. Eu não quero que a gente continue assim.

Sabrina se levantou devagar, se aproximando dele. Seus olhos brilharam com algo entre mágoa e frieza.

Sabrina: Você quer ser meu amigo, Hugo? Como eu posso ser amiga de alguém que um dia eu chamei de amor da minha vida?

Hugo abaixou a cabeça, suspirando.

Hugo: Não complica, Sabrina.

Sabrina estreitou os olhos.

Sabrina: Eu estou complicando?

Ela se afastou, sua voz carregada de amargura.

Sabrina: Antes das férias, eu amava um homem. Um homem de verdade. Ele me fazia sentir segura, me fazia rir nos meus piores dias. Ele me ensinou a nadar, me deu presentes, foi meu porto seguro. Eu me entreguei para ele de alma e corpo…

Ela parou, tentando segurar as lágrimas, mas sua voz falhou ao continuar:

Sabrina: E então eu descobri que esse homem era falso. Que ele nunca me amou.

Hugo levantou o rosto, seus olhos carregados de culpa.

Hugo: Eu amo você, Sabrina. Você vai ser a mulher da minha vida por muito tempo.

Sabrina: A verdade é que eu confiei em você, permiti que você fosse o primeiro homem a se deitar comigo e você quebrou meu coração.

Hugo: Não foi minha intenção, Sabrina, nunca foi.

Sabrina riu, mas dessa vez não foi irônica. Foi triste.

Hugo respirou fundo antes de dizer:

Hugo: Mas agora eu vou ser pai de novo. Martha está grávida.

O mundo parou. Sabrina sentiu o chão sumir sob seus pés.

Hugo: Isso muda tudo. Ela é minha família. Você precisa tentar entender meu lado, ninguém tem culpa nisso.

Sabrina piscou várias vezes, tentando conter as lágrimas que insistiam em se formar.

Sabrina: E o meu lado, Hugo? Você se importou com ele?

Silêncio.

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