Com o passar dos dias, as Vixens ensaiaram intensamente, dedicando-se a cada passo, cada expressão, cada detalhe da coreografia. O ritmo dos ensaios era intenso, mas Sabrina não se queixava. Pelo contrário, ela se sentia mais forte a cada dia, como se estivesse renascendo, deixando para trás qualquer fragilidade que ainda restava. Camila, por sua vez, aproveitou o tempo para explorar a cidade e se adaptar à nova rotina. Entre risadas, conversas e planos, as duas primas se tornaram ainda mais próximas.
Quando a tão aguardada segunda-feira finalmente chegou, Sabrina e Camila cruzaram os portões da escola usando o uniforme das Vixens, seguras e determinadas. O impacto foi imediato. Todos os olhares recaíram sobre elas, e os cochichos se espalharam como fogo em palha seca. Os alunos mais novos tentavam adivinhar quem era Camila, enquanto os veteranos observavam Sabrina com surpresa. Era impossível ignorar sua mudança — o cabelo platinado, as tatuagens, a postura altiva, o brilho nos olhos que misturava desafio e mistério.
Sabrina ergueu o queixo, observando o movimento ao redor. Até que, em meio à multidão, seu olhar encontrou Hugo. Ele estava cercado por alguns alunos, conversando, aparentemente alheio à sua presença. Mas, no momento em que seus olhos se cruzaram, Sabrina sentiu um frio cortante percorrer sua espinha. Seu coração deu um único e pesado baque no peito, mas ela se recusou a desviar o olhar.
Então, sentiu a mão de Camila pousar suavemente sobre suas costas.
Camila: Respira. Você já venceu.
Sabrina sorriu de canto e continuou andando, ignorando qualquer vestígio de fraqueza que tentasse se manifestar. Hugo continuava olhando para ela, e ela sabia que ele sentia sua energia. Dessa vez, não era a mesma Sabrina de antes.
Ao chegar à sala das Vixens, encontrou todas as meninas já reunidas, ansiosas pela apresentação. Era o momento de mostrar tudo o que ensaiaram. Alguns minutos depois, a escola inteira já estava reunida no campo, alunos e professores tomando seus lugares na arquibancada. O sol brilhava forte, mas a tensão no ar era ainda mais intensa.
A batida da música preencheu o estádio, e as Vixens entraram no campo como verdadeiras estrelas. Cada movimento era preciso, envolvente, dominador. Elas se jogavam no chão, giravam, se erguiam com leveza, mas cada passo tinha força e presença.
Então, no ápice da coreografia, alguns rapazes entraram carregando uma estrutura semelhante a uma cama, posicionando-a bem no centro do campo. A expectativa no público aumentou. Cochichos, risadas nervosas, olhares intrigados.
Sabrina, Camila e mais algumas meninas removeram a parte superior do uniforme, revelando roupas brancas por baixo — um cropped e um short curto, simples, mas que trazia um impacto visual forte. Sabrina subiu na cama e se deitou por alguns segundos, fechando os olhos e sentindo o calor do sol tocar sua pele. A sensação era libertadora.
Ao redor, Jenna, Anna, Melissa e as outras Vixens que permaneceram com o uniforme formaram um círculo em volta delas, tornando a cena ainda mais teatral.
Então, a dança ganhou intensidade. Sabrina se levantou da cama e começou a se mover com uma confiança feroz. Cada gesto era uma provocação silenciosa, um recado sem palavras. Sensualidade e força se misturavam, e o público parecia hipnotizado.
No momento final da apresentação, as meninas vestidas de branco pegaram potes de tinta vermelha escondidos estrategicamente e começaram a derramar sobre si mesmas. O líquido escorreu por seus corpos, tingindo suas roupas, seus cabelos, suas peles. Em seguida, correram até Sabrina e a envolveram em um abraço simbólico, espalhando a tinta por ela também.
A cena, vista de longe, parecia quase ritualística. O vermelho vibrante contra o branco puro, a cama no centro, os corpos se movendo em perfeita sincronia… Para alguns, era arte. Para outros, satanismo. E para alguns professores mais conservadores, parecia até algo proibido.
Na arquibancada, o público reagia de diferentes formas — uns estavam de boca aberta, outros aplaudiam freneticamente. Sussurros se espalhavam como um zunido pelo campo. Sabrina, ainda tingida de vermelho, ergueu o olhar e procurou Hugo entre a multidão. E lá estava ele.
Ele a encarava. Mas não com surpresa ou desaprovação. Sabrina sabia que isso ia o atingir, já que ele é católico.
Com fascínio.
Camila percebeu a troca de olhares e, sem tirar os olhos de Hugo, sussurrou:
Camila: Ele definitivamente não esperava por isso.
Sabrina manteve a expressão firme e desafiadora. Não desviou o olhar. Não recuou. Apenas virou-se com leveza e se juntou às outras Vixens para o encerramento da coreografia.
Quando a última batida da música soou e as meninas se posicionaram para receber os aplausos, Sabrina sentiu algo dentro dela se acender.
Ela não era mais a garota que foi abandonada.
Agora, era o fogo que queimava sem medo.
Assim que a música cessou e a apresentação das Vixens chegou ao fim, um burburinho tomou conta do campo. Alguns alunos ainda tentavam processar o que haviam acabado de assistir, enquanto outros aplaudiam com empolgação.
O diretor, segurando o microfone, esperou pacientemente até que os murmúrios diminuíssem.
Diretor: Agradeço às Vixens pela... *apresentação* — sua pausa sutil demonstrava que ele não estava completamente satisfeito — Jenna, depois precisamos conversar.
O clima ficou tenso por um segundo, mas o diretor rapidamente retomou sua postura profissional e começou seu discurso de boas-vindas. Ele falou sobre o novo semestre, incentivou os alunos a darem o melhor de si e, por fim, apresentou os novos funcionários da escola.
E foi então que um nome em especial fez os olhares se voltarem para o palco.
Diretor: E agora, gostaria de dar as boas-vindas ao nosso novo professor de História, que veio diretamente da Itália. Senhor Lorenzo De Luca.
O murmúrio no campo aumentou. Assim que o professor subiu ao palco, o impacto foi imediato. Ele era jovem, alto, tinha traços marcantes e uma presença magnética. Seu olhar era intenso, e o sotaque italiano deu um charme extra quando ele agradeceu a recepção em poucas palavras.
Sabrina não precisou olhar muito ao redor para perceber que todos estavam falando dele. As meninas na arquibancada trocavam sorrisos animados, e até algumas professoras pareciam impressionadas.
Mas o que realmente chamou sua atenção foi outra coisa.
Ao desviar o olhar para Hugo, ela o viu tenso, visivelmente desconfortável. A postura que ele sempre carregava — segura, quase arrogante — estava diferente. Ele mexia os dedos sobre a mesa ao lado, desviando o olhar de Lorenzo como se aquilo o incomodasse profundamente.
Camila, que estava ao lado de Sabrina, percebeu imediatamente e sussurrou, segurando o riso:
Camila: Parece que o trono de professor mais gato da escola foi destronado.
Sabrina sorriu, cruzando os braços. Hugo estava acostumado a ser o centro das atenções, mas agora havia um novo nome nos cochichos dos corredores.
Quando o discurso finalmente terminou, o diretor anunciou que todos deveriam retornar às aulas. Mas antes que as Vixens saíssem do campo, ele se aproximou do grupo, seu olhar fixo em Jenna.
Diretor: Preciso dizer que a apresentação foi completamente inadequada. A escola tem um padrão e o que vocês fizeram ali beirou o ocultismo e foi exageradamente sensualizado.
Jenna abaixou a cabeça, como se fosse aceitar a repreensão sem questionar.
Jenna: Eu... sinto muito, senhor.
Mas antes que o diretor continuasse, Sabrina deu um passo à frente, sua voz firme e controlada.
Sabrina: Com todo respeito, diretor, nós seguimos o que foi ensaiado e não houve nada de errado. A apresentação foi artística, expressiva. Se algumas pessoas interpretaram de outra forma, não é culpa nossa. A dança sempre teve o poder de provocar emoções. E se foi marcante o suficiente para gerar essa conversa, então fizemos nosso trabalho muito bem.
O diretor ficou em silêncio por um instante, claramente surpreso com a segurança de Sabrina. Ele abriu a boca para retrucar, mas percebeu que não tinha argumentos fortes o suficiente para rebater o que ela disse.
Após alguns segundos, ele respirou fundo e simplesmente disse:
Diretor: Apenas sejam mais moderadas nas próximas apresentações.
E então, virou-se e foi embora.
Assim que ele sumiu de vista, as Vixens trocaram olhares cúmplices antes de explodirem em risadas e comemorações.
Melissa: Sabrina, você acabou com ele!
Anna: Ele nem sabia o que responder!
Camila sorriu, orgulhosa. Sabrina apenas deu de ombros, mantendo sua expressão serena.
Sabrina: Ninguém vai nos dizer como brilhar.
E, com isso, elas seguiram para suas aulas, enquanto o impacto daquela apresentação ainda ecoava pelos corredores da escola.
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Atualizado até capítulo 45
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