Capítulo 9

Sabrina estava distraída olhando o mar quando, de repente, seus olhos captaram uma cena ao longe. Camila, com aquele jeito atrevido de sempre, estava aos beijos com um dos caras que jogavam futebol na areia.

Ela não se segurou e soltou uma risada.

Pouco tempo depois, Camila voltou, ajeitando o cabelo com um sorrisinho satisfeito.

Sabrina: Eu vi tudo.

Camila riu, sem nem tentar negar.

Camila: E eu consegui o número dele.

Sabrina: E pra quê? Você vai embora amanhã.

Camila deu de ombros, ainda sorrindo.

Camila: Eu sei, mas vai que dá certo.

Sabrina cruzou os braços, debochada.

Sabrina: Vocês nem conversaram por cinco minutos.

Camila: O suficiente para saber que ele beija bem.

As duas riram juntas. Sabrina adorava esse jeito impulsivo da prima. Camila não tinha medo de viver, e talvez fosse isso que Sabrina mais admirava nela.

Depois de um dia perfeito na praia, Sabrina e Camila decidiram voltar para casa. O sol já se punha no horizonte, tingindo o céu de tons alaranjados e rosados. Antes de seguirem para casa, passaram em uma pizzaria e depois em uma sorveteria para comprar açaí. Queriam terminar a noite com chave de ouro—apenas as duas, sem preocupações, sem pressa.

Enquanto aguardavam o pedido, Sabrina pegou o celular e ligou para Marcos.

Sabrina: Pai, a gente vai comprar pizza e açaí. Vocês querem alguma coisa?

Marcos: Não, filha. Já providenciamos o jantar aqui. Aproveitem.

Ela desligou e olhou para Camila com um sorriso satisfeito.

Ao chegarem em casa, foram direto para o quarto de Camila. O ambiente estava aconchegante, e a ideia de passarem a noite juntas fazia tudo parecer ainda mais especial. Primeiro, tomaram banho, deixando a água quente relaxar seus corpos cansados do sol e da diversão. Depois, vestiram camisolas confortáveis e se jogaram na cama. Abriram a caixa de pizza entre elas e pegaram os copos de açaí.

Camila pegou um pedaço e suspirou exageradamente.

Camila: Isso sim é vida!

Sabrina riu, pegando sua própria fatia.

Sabrina: E sem ninguém pra julgar a gente por devorar tudo.

Camila ergueu o copo de açaí como se brindasse com Sabrina, e as duas bateram os copos em um gesto cúmplice antes de tomarem um gole.

A conversa fluiu naturalmente, como sempre acontecia entre elas. Camila logo tocou no assunto do cara que beijou na praia, os olhos brilhando de animação.

Camila: Eu sei que você viu!

Sabrina: Vi tudo! Mas, sério, vocês nem conversaram antes de se beijarem.

Camila: E precisava? Ele me chamou, eu fui. Direta ao ponto.

Sabrina riu, balançando a cabeça.

Sabrina: E agora? Vocês nem vão morar na mesma cidade…

Camila deu de ombros, pegando mais um pedaço de pizza.

Camila: Vamos trocar mensagens. Sem expectativas, mas vai que dá certo.

Sabrina arqueou uma sobrancelha.

Sabrina: Nossa, a Camila romântica atacando novamente.

Camila: Que romântica, o quê! Eu só não sou idiota de dispensar um cara gato.

As duas caíram na gargalhada, sentindo aquela felicidade genuína que só amigas de verdade compartilham.

Depois que terminaram de comer, Camila suspirou e olhou para a mala aberta no canto do quarto.

Camila: Acho que está na hora…

Sabrina: Infelizmente.

Sem reclamar, Sabrina se levantou e começou a ajudá-la. A mala estava uma bagunça, roupas jogadas para todos os lados, biquínis embolados, sapatos misturados. Enquanto arrumavam, foram relembrando momentos de cada peça—o vestido que Camila usou para sair com os amigos, a blusa que pegou emprestada de Sabrina e nunca devolveu, o biquíni que quase perdeu no mar.

Mas, diferente de outras vezes, essa arrumação tinha um peso diferente. Camila não estava apenas se despedindo da casa dos pais. Dessa vez, ela estava partindo com Sabrina, Marcos e Ana para San Diego. As duas finalmente iriam morar juntas.

Camila fechou a mala e olhou para Sabrina com um sorriso animado.

Camila: Pronto. Agora é oficial.

Sabrina: Sim… mal posso esperar.

Camila segurou a mão da prima e sorriu.

Camila: Vai ser incrível.

Sabrina sorriu de volta, sabendo que essa nova fase seria cheia de desafios, mas, acima de tudo, cheia de momentos inesquecíveis ao lado de sua prima/melhor amiga.

Sabrina e Camila se jogaram na cama, ainda sentindo a energia do dia, mas agora um pouco mais quietas. O som das notificações nos celulares de ambas preenchia o ambiente, mas logo o silêncio tomou conta, enquanto cada uma refletia em seus próprios pensamentos.

Foi Sabrina quem quebrou o silêncio, com a voz baixa e pensativa, como se estivesse ponderando algo que vinha rondando sua mente há um tempo. Ela olhou para a tela do celular sem realmente ver nada ali, perdida em suas palavras.

Sabrina: E se... e se o Hugo estiver fazendo tudo isso para me proteger? E se a Martha, a esposa dele, tivesse descoberto sobre a gente? Talvez ele tenha se afastado para me poupar, sabe? Para não me colocar em risco...

Camila levantou a cabeça do celular e olhou para Sabrina com atenção. Ela demorou um momento para refletir sobre o que Sabrina dissera, ponderando cada palavra antes de responder.

Camila: Sabrina, eu entendo o que você quer dizer, mas... não justifica. Ele não mandou nem uma mensagem sequer. Nada. Se ele realmente tivesse um motivo tão grande assim, ele não poderia simplesmente te deixar na incerteza. Se ele te amasse, não faria isso. Não iria te deixar sem respostas.

Sabrina mordeu o lábio inferior, sentindo uma onda de tristeza. Camila estava certa, mas ainda assim, ela queria acreditar em algo mais, em uma razão que explicasse todo o sofrimento que estava vivendo. Ela se recostou na cama, fechando os olhos por um momento, tentando afastar os pensamentos tumultuados.

Sabrina: Eu sei... eu sei que você tem razão, mas… é difícil. Eu não consigo simplesmente apagar o que a gente teve, os momentos que passamos juntos. Isso tudo está tão confuso. Ele desapareceu, sem mais nem menos, e eu fico me perguntando o que aconteceu.

Camila suspirou, sem saber o que mais dizer para aliviar a dor da amiga. Ela se aproximou, colocando uma mão sobre o ombro de Sabrina, um gesto simples, mas cheio de apoio.

Camila: Eu sei, amiga. É difícil. Mas, olha, a vida vai seguir. Logo as aulas vão voltar, e tudo vai vir à tona, não vai ter como escapar disso.

Sabrina fechou os olhos por um momento, tentando afastar os pensamentos de uma situação que ainda parecia uma grande incerteza. De repente, ela abriu os olhos novamente e falou com mais firmeza, como se tentando encontrar uma explicação.

Sabrina: E se ele tiver saído da escola também? Se ele tiver feito isso para… não me envolver mais nisso?

Camila ficou em silêncio por um momento, sem resposta. Sabrina, então, assentiu lentamente, como se essa possibilidade, embora pequena, fosse uma tentativa de aliviar a dor de não ter uma explicação.

Sabrina: Eu só queria saber o que aconteceu… o que realmente aconteceu. Se ele está bem, se está tudo bem. Se ele realmente me ama ou se tudo não passou de uma mentira.

Camila permaneceu em silêncio, apenas observando a amiga. Sabrina estava certa. O que ela precisava agora era de respostas, mas as respostas não estavam ao alcance dela. E, por mais que tentasse se convencer de que havia uma razão, a dor da incerteza só parecia aumentar a cada dia.

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