Depois do almoço, Sabrina e Camila estavam jogadas na cama, sem fazer nada além de mexer no celular e conversar sobre assuntos aleatórios. O quarto estava fresco, com a cortina levemente balançando por causa da brisa que vinha de fora. O silêncio confortável entre elas era interrompido apenas pelo som distante da televisão ligada na sala e pelo leve barulho dos carros passando na rua.
Camila, impaciente por não estar fazendo nada, se virou para Sabrina com um sorriso travesso no rosto.
Camila: E se a gente fosse pra praia? Só nós duas.
Sabrina, que estava completamente relaxada, virou a cabeça para olhar para a prima com uma expressão de tédio.
Sabrina: Preguiça…
Camila bufou, revirando os olhos.
Camila: Ah, qual é! Vai ser bom pra você, sol, mar, um bom drink. Esquecer um pouco dessa sua cara de viúva de um cara que nem morreu.
Sabrina riu pelo nariz, mas logo voltou a se espreguiçar, ainda relutante.
Sabrina: Você ainda nem arrumou suas malas. A gente vai embora amanhã.
Camila cruzou os braços e levantou uma sobrancelha.
Camila: Faço isso à noite. Agora, levanta essa bunda daí e vamos!
Sabrina suspirou, sabendo que não ia conseguir fugir da insistência de Camila. No fundo, até queria ir, mas o cansaço emocional que carregava desde que chegou na cidade parecia não querer deixá-la animada para nada. Ainda assim, ela precisava começar a se esforçar para sair desse buraco.
Sabrina: Tá, tá… Mas se for chato, a culpa é sua.
Camila sorriu vitoriosa e bateu palmas animada antes de puxar Sabrina da cama. Pegaram tudo o que precisavam, avisaram aos pais e, minutos depois, já estavam caminhando em direção à praia.
O calor da tarde batia contra a pele, mas a brisa do mar tornava tudo mais agradável. O cheiro de sal no ar e o som das ondas quebrando ao longe traziam um certo conforto. A praia estava um pouco cheia, com famílias aproveitando o dia, crianças correndo na areia e grupos de amigos espalhados em cadeiras debaixo dos guarda-sóis.
As duas caminharam entre as pessoas até encontrarem uma mesa vazia e alugaram. Assim que se acomodaram, começaram a tirar as roupas, ficando apenas de biquíni. Sabrina ajeitou a alça do seu, tentando ignorar os olhares de alguns rapazes ao redor.
Camila se jogou na cadeira, esticando os braços e sorrindo satisfeita.
Camila: Isso sim é vida!
Ela chamou um garçom e, sem pensar duas vezes, fez o pedido.
Camila: Dois drinks bem caprichados, por favor!
Sabrina olhou para ela e riu, balançando a cabeça.
Sabrina: Você não perde tempo, né?
Camila piscou para ela.
Camila: A vida é curta demais pra ficar se lamentando, prima. Hoje a gente só vai curtir.
Sabrina respirou fundo e olhou para o mar, sentindo a brisa bagunçar seus cabelos. Talvez Camila tivesse razão. Talvez fosse hora de simplesmente aproveitar o momento.
Camila ajeitou os óculos de sol e deu uma boa olhada ao redor, analisando cada canto da praia. Seu olhar logo se fixou em um grupo de rapazes jogando futebol na areia, todos bronzeados, com corpos definidos e sorrisos provocantes. Ela abriu um sorriso malicioso e cutucou Sabrina com o cotovelo.
Camila: Olha só a quantidade de homens lindos por aqui. É só escolher!
Sabrina, sem muita empolgação, deu uma olhada rápida, observando os rapazes se divertindo, alguns passando com pranchas de surfe, outros chamando atenção apenas pela postura descontraída. Mas nenhum despertou seu interesse.
Sabrina: Meh… não faz meu tipo.
Camila arqueou a sobrancelha.
Camila: Como assim? Você nem olhou direito!
Sabrina sorriu de canto e se recostou na cadeira, jogando os cabelos para o lado.
Sabrina: Eu prefiro homens mais velhos… Tipo uns 30 anos.
Camila arregalou os olhos e soltou uma risada alta.
Camila: Eu juro que pensei que você já tinha superado essa fase de gostar de tiozão!
Sabrina revirou os olhos, rindo também.
Sabrina: Não são tiozões! Só acho que homens mais velhos são mais interessantes.
Camila pegou o drink que o garçom trouxe e tomou um gole antes de responder.
Camila: Interessantes ou problemáticos? Porque pelo histórico…
Sabrina bufou, pegando seu próprio copo e dando um gole para disfarçar o riso.
Sabrina: Cala a boca.
Camila apenas riu, balançando a cabeça.
Camila: Você realmente não aprende, né?
Sabrina deu de ombros, olhando para o mar.
Sabrina: Talvez eu só tenha um gosto peculiar.
Camila: Peculiar não… perigoso!
As duas riram juntas, brindando seus drinks, enquanto o sol brilhava no céu e a tarde prometia ser longa.
Camila pegou o celular e puxou Sabrina pelo braço.
Camila: Vamos tirar uma foto.
Sabrina: Tá bom, mas não posta agora. Não quero que ninguém saiba das tatuagens ainda.
Camila sorriu e balançou a cabeça.
Camila: Relaxa, não vou postar.
As duas posaram para algumas selfies, rindo e fazendo caretas. O sol dourado iluminava suas peles, e a brisa do mar deixava seus cabelos bagunçados de um jeito bonito. Depois de algumas fotos, Camila olhou ao redor, como se procurasse algo… ou alguém.
Camila: Vou dar uma volta.
Sabrina cruzou os braços, arqueando a sobrancelha.
Sabrina: Fala logo que vai caçar homem.
Camila riu, jogando os cabelos para trás.
Camila: E se eu for?
Sabrina: Eu já sabia. Vai lá, doida.
Camila piscou para ela e saiu andando pela areia, rebolando de propósito. Sabrina apenas riu e se recostou na cadeira, soltando um longo suspiro.
O som do mar misturado com as vozes ao redor criou uma melodia hipnotizante. Ela fechou os olhos, deixando-se levar pela sensação. Mas, ao invés de relaxar, sua mente a traiu.
As lembranças vieram como ondas. A casa de praia, os risos despreocupados, a sensação de segurança nos braços dele. Lembrou-se de quando Hugo a ensinou a nadar, da forma paciente como segurou sua cintura, guiando-a pela água. Depois, veio a lembrança mais intensa — os dois no mar, os beijos salgados, os toques ardentes. A forma como fizeram amor ali, escondidos pelo escuro da noite e pelo barulho das ondas.
Foi o melhor fim de semana da sua vida.
Ou pelo menos parecia ser.
Porque no final, tudo não passou de uma ilusão.
Sabrina abriu os olhos rapidamente, como se quisesse espantar as memórias. Seu peito doía, mas ela se forçou a respirar fundo e olhou para as tatuagens.
Cada uma tinha um significado.
A aranha no braço representava sua força, inspirada naquela velha música infantil: “A dona aranha subiu pela parede”. A chuva veio e a derrubou, mas agora, a chuva passou… e ela estava de volta.
As estrelas nas mãos simbolizavam seu brilho próprio, a promessa de que ela jamais deixaria alguém apagá-lo de novo.
A frase “caos & flor” representava ela e Hugo. Ele sempre foi delicado como uma flor, e ela… bem, ela trazia o caos.
A rosa na bunda? Não tinha um significado profundo. Ela só queria uma tatuagem ousada.
Mas a última… o coração órgão abaixo do seio. Esse era especial. Representava seu próprio coração, machucado, mas se recuperando.
E era isso que importava.
Ela estava se reconstruindo.
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Atualizado até capítulo 45
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