Capítulo 6

Depois de passarem um bom tempo na praça e se divertirem com os amigos, Camila teve uma ideia de fazer uma parada em um mercado para comprar bebidas alcoólicas. Elas estavam animadas e queriam continuar aproveitando a noite. Com algumas garrafas em mãos, elas retornaram para a casa. Sabrina, ainda um pouco hesitante, não queria que ninguém visse suas novas tatuagens. Ela se escondeu sob um casaco de manga longa, tentando disfarçar as marcas na pele, e logo se dirigiu para o quarto junto de Camila.

Quando chegaram, fecharam a porta atrás de si, e o quarto logo foi preenchido com risadas. Sabrina e Camila se jogaram na cama, com um sorriso largo no rosto. A energia da noite ainda estava presente, mas agora, as duas estavam mais relaxadas. As tatuagens eram um novo começo para Sabrina, e elas se entreolharam, admirando o trabalho feito.

Camila: Acho que você nunca vai olhar para o Hugo da mesma forma depois disso. O que achou da noite?

Sabrina: Foi... libertador, na verdade. Eu nunca pensei que fosse fazer algo assim, mas, cara, que adrenalina.

Ambas começaram a rir, lembrando das piadas, das conversas descontraídas com os amigos e do sentimento de estarem fazendo algo totalmente fora da rotina. Mas, logo, Sabrina se calou por um momento. Ela pegou o celular, e ao abrir as fotos, o sorriso se desfez. Era difícil de admitir, mas ela ainda sentia a presença de Hugo em sua vida, mesmo depois de toda a noite divertida. As imagens e as memórias com ele estavam gravadas, e tudo parecia muito recente.

Camila percebeu a mudança no semblante de Sabrina e, sem dizer uma palavra, apenas a olhou com compreensão.

Camila: Não dá mais pra ficar se prendendo a ele, Sabrina. É hora de deixar ele ir. Apaga tudo. As fotos, o número, tudo. Apaga ele do seu coração também.

Sabrina suspirou profundamente, sentindo um nó na garganta. Ela sabia que Camila estava certa, mas ainda assim, foi difícil começar a apagar aquelas imagens. Cada foto parecia contar uma história, cada sorriso parecia real, e cada momento parecia tão significativo na época. Ela deslizou o dedo sobre a tela, vendo cada detalhe, antes de finalmente confirmar a exclusão. A dor em seu peito aumentava a cada foto apagada.

Com um suspiro pesado, ela foi para a próxima etapa: apagou o número dele. Ela hesitou por um segundo, mas então, sem pensar duas vezes, pressionou "excluir". A sensação de um peso a mais saindo de seus ombros a invadiu. Ela largou o celular na cama ao seu lado, seus olhos começando a se encherem de lágrimas.

Camila, que estava observando com cuidado, se aproximou dela, abraçando-a com força. Sabrina, com a cabeça no ombro de Camila, sentiu a emoção explodir. As lágrimas não pararam de cair, e ela se permitiu sentir tudo o que estava engolindo até aquele momento. Camila a apertou mais, oferecendo todo o conforto que ela precisava.

Camila: Você vai passar por isso, Sabrina. Ele não merece mais espaço na sua vida. Você merece algo muito melhor.

Sabrina balançou a cabeça, ainda com o choro abafado. Ela sabia que Camila estava certa, mas o processo de deixar ir não era fácil. A dor ainda estava ali, mas ela sentia um alívio tímido se instalando. Uma sensação de que estava finalmente se libertando, mesmo que aos poucos.

Com o tempo, ela sabia que, com o apoio de Camila, ela conseguiria seguir em frente.

No dia seguinte, Sabrina acordou e viu que Camila já estava de olhos abertos, mexendo no celular. Quando notou que Sabrina ainda estava deitada, ela riu baixinho e a chamou de "dorminhoca".

Camila: Acorda aí, preguiçosa. Já são quase meio-dia.

Sabrina soltou um suspiro e se espreguiçou. Camila se levantou rapidamente e foi para o banheiro tomar um banho, deixando Sabrina ainda meio sonolenta. Sabrina pegou seu celular, distraída, e começou a responder algumas mensagens de Jenna, Anna e Melissa. As mensagens eram sobre o dia anterior e as tatuagens, todas cheias de entusiasmo e perguntas curiosas.

Logo, ela decidiu descer para beber um pouco de água e tentar acordar de vez. Quando ela desceu as escadas, notou que estava sem o casaco e, ao perceber isso, foi tarde demais. No momento em que entrou na sala de estar, Marcos estava ali, parado, com os olhos arregalados ao ver as tatuagens visíveis em seu braço e nas mãos. Ele a encarou com uma expressão de espanto.

Marcos: O que é isso na sua pele, Sabrina?

Sabrina permaneceu calma, mas sua voz estava fria, sem emoção.

Sabrina: Fiz umas tatuagens ontem.

Marcos parecia não acreditar.

Marcos: Você tá ficando louca, Sabrina? Que ideia foi essa?

Sabrina suspirou e olhou para ele com frieza.

Sabrina: Eu já estou grande o suficiente para fazer o que eu quiser. Vocês nunca se importaram comigo, então não vai ser agora que vão começar a me controlar.

A tensão aumentou, e Marcos parecia estar prestes a responder, quando Ana, Helena e Rodrigo entraram na sala, percebendo que algo estava acontecendo. Ana tentou acalmar a situação, e Helena apoiou Sabrina imediatamente.

Helena: Sabrina está certa, Marcos. Ela já tem idade para decidir por si mesma. Não é questão de permissão.

Marcos: Mas ela nem pediu permissão! Ao menos poderia ter avisado.

Ana: Sabrina já tem idade suficiente para tomar suas próprias decisões. Se ela quis fazer isso, é um direito dela.

A conversa continuou acalorada, mas ninguém parecia realmente disposto a mudar de ideia. Quando Camila desceu, com o cabelo ainda um pouco molhado do banho, ela viu o clima tenso e percebeu que Sabrina estava no centro da discussão.

Camila: Eu que incentivei a Sabrina a fazer as tatuagens. Não tem nada de errado nisso. Isso faz parte da espiritualidade dela, ela estava precisando disso.

Ela olhou para todos ao redor, com um olhar firme.

Camila: Sabrina está afastada espiritualmente da nossa cultura, e essas tatuagens têm um significado para ela. Ela precisava disso, e eu apoiei.

O olhar de Marcos e dos outros não era mais de julgamento, mas havia uma tensão no ar. Camila deu um passo à frente, mostrando apoio incondicional a Sabrina, que a observava com gratidão. Ela sabia que, independentemente das opiniões de todos, Camila estava ao seu lado.

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