Capítulo 4

Camila levantou-se com um sorriso, convidando Sabrina para acompanhá-la até o jardim.

Camila: Vamos pegar umas ervas, vai te fazer bem.

Sabrina levantou uma sobrancelha, confusa.

Sabrina: Ervas? Pra quê?

Camila deu de ombros, explicando com um sorriso misterioso.

Camila: A vovó sempre dizia que um banho com as ervas certas ajuda a descarregar as energias negativas. E acho que você precisa disso agora, Sab.

Sabrina pensou por um momento, ainda com a mente um pouco confusa, mas sabia que Camila sempre tinha um jeito de acalmá-la. Ela concordou, mesmo sem entender muito bem o propósito, e seguiu a prima até o pequeno jardim de ervas que ficava nos fundos da casa. Camila pegou algumas folhas e flores, explicando cada uma delas enquanto as colocava cuidadosamente em uma cesta.

Camila: Lavanda, alecrim, camomila… cada uma tem sua função. A lavanda ajuda a relaxar, o alecrim traz clareza e a camomila… bom, ela é boa pra acalmar os nervos.

Sabrina apenas assentiu, impressionada com a sabedoria da avó das duas. Quando terminaram de pegar as ervas, as duas subiram para o quarto de Camila, onde prepararam tudo com calma. No banheiro, Camila encheu a banheira com água morna enquanto Sabrina soltava o cabelo e se preparava para entrar na água. Camila começou a adicionar as ervas à água, mexendo devagar para espalhá-las por todo o conteúdo da banheira.

Sabrina olhou para Camila, sem pudor algum. Elas sempre tiveram uma relação de muita intimidade, e Sabrina não se sentia desconfortável em se despir na frente da prima. Assim, ela se despiu tranquilamente, deixando sua roupa cair no chão e entrou na banheira.

Camila acendeu algumas velas perfumadas, criando um ambiente suave e acolhedor. A luz bruxuleante das velas iluminava o ambiente, enquanto uma música calma e suave começou a tocar ao fundo, criando um clima perfeito de tranquilidade. Sabrina se acomodou na água, sentindo o calor morno envolver seu corpo, e fechou os olhos, tentando relaxar.

Camila se sentou ao lado da banheira, começando a mexer as ervas na água e sussurrando palavras que Sabrina não conseguia entender, mas que pareciam ter um efeito calmante. Camila passou uma toalha sobre os ombros de Sabrina, dando um toque suave, e começou a massagear suas costas com movimentos lentos e cuidadosos.

Sabrina fechou os olhos e respirou fundo, tentando relaxar. O aroma das ervas, a suavidade da água morna e o toque da prima a faziam se sentir um pouco mais em paz, como se estivesse finalmente começando a aliviar a tensão acumulada nos últimos dias.

Camila: Vai se sentir bem depois disso, eu prometo.

Sabrina apenas murmurou uma resposta, mas não foi necessário dizer nada. Ela já sentia o alívio começando a tomar conta de seu corpo e, por um breve momento, se deixou levar pela sensação de calma que o banho e a presença de Camila proporcionavam.

Após o banho revigorante, Sabrina se sentiu mais leve. O calor da água, as ervas e o toque suave de Camila pareciam ter eliminado boa parte da tensão que a dominava. Ela se vestiu com calma, escolhendo uma roupa confortável e leve, enquanto Camila preparava o espaço no chão do seu quarto para a sessão de tarô. O ambiente estava tranquilo, com a luz suave das velas ainda iluminando o ambiente, criando uma atmosfera serena e acolhedora.

Camila se moveu com confiança, montando um pequeno altar no centro do quarto. Colocou as cartas de tarô cuidadosamente sobre um tapete e se sentou de pernas cruzadas, indicando que Sabrina se juntasse a ela. Sabrina, com a mente ainda cheia de perguntas, se acomodou ao lado de Camila, pronta para fazer as questões que estavam pesando em seu coração.

Camila: Vamos lá, Sab. O que você precisa saber?

Sabrina pensou por um momento, sentindo a ansiedade tomar conta de seu peito. Ela estava com tantas dúvidas sobre Hugo, sobre o que estava acontecendo, sobre o futuro e se deveria seguir em frente. Olhou para as cartas e, com a voz um pouco tremida, fez sua primeira pergunta.

Sabrina: O que eu faço em relação a Hugo? Devo seguir em frente ou esperar por ele?

Camila, com um olhar sério e focado, começou a embaralhar as cartas, sentindo a energia que se formava ao redor delas. Ela cortou o baralho com delicadeza e espalhou as cartas sobre o tapete. Sabrina observou, enquanto Camila escolhia com cuidado as cartas que representariam a resposta para sua pergunta.

Camila: Vamos ver…

Camila virou as cartas, uma a uma, com um semblante sério. A primeira carta que apareceu foi a "Morte", seguida pela "Roda da Fortuna" e, por fim, o "Dois de Espadas". Camila olhou para Sabrina, fazendo uma pequena pausa antes de falar.

Camila: As cartas estão dizendo para seguir em frente, Sabrina. A mudança é necessária. O ciclo com ele parece estar chegando ao fim, e o que está por vir será além do que você imagina. A "Roda da Fortuna" fala de ciclos, de mudanças, e o "Dois de Espadas" sugere que você precisa tomar uma decisão. Estar dividida entre esperar ou seguir em frente só vai te desgastar. A escolha é sua, mas as cartas sugerem que o melhor é deixar ele ir.

Sabrina respirou fundo, absorvendo as palavras de Camila. Ela sentiu um nó no peito, mas a sensação de que precisava seguir em frente parecia cada vez mais forte. A leitura estava começando a fazer sentido, embora ainda fosse difícil aceitar.

Sabrina: E… como ele se sente em relação a tudo isso? Como Hugo se sente?

Camila, com os olhos fechados por um instante, novamente embaralhou as cartas. Depois de um momento de concentração, ela escolheu três cartas para a pergunta de Sabrina. Virou-as devagar, uma por uma: "O Enforcado", "A Lua" e "O Diabo".

Camila: Ele se sente culpado, Sabrina. O "Enforcado" fala de alguém que está em um momento de reflexão, de dúvida, alguém que se encontra preso a uma situação e precisa ver as coisas de uma nova perspectiva. "A Lua" representa confusão, engano e segredos. E o "Diabo" mostra a prisão emocional, algo que ele ainda não conseguiu quebrar. Ele está preso em um turbilhão interno de sentimentos, e isso o afasta. A culpa está pesando muito sobre ele.

Sabrina ficou em silêncio por um momento, digerindo essa revelação. Hugo, ela pensou, provavelmente não estava tão seguro de suas ações quanto parecia. A culpa, o medo e a confusão estavam dominando seus pensamentos. Isso a fez sentir um pouco mais de compreensão, mas a dor de ser deixada para trás ainda estava presente.

Sabrina: E… o que eu posso esperar disso tudo? O que vai acontecer com a gente?

Camila respirou fundo e fez a última tiragem. As cartas que apareceram foram "A Torre", seguida de "O Sol" e "O Mundo".

Camila: Vai haver muitas revelações, Sabrina. "A Torre" fala de mudanças súbitas, de algo que será derrubado, algo que você não espera, mas que precisa acontecer para que você possa crescer. O "Sol" traz clareza, verdade, e finalmente, o "Mundo" simboliza o fim de um ciclo e o começo de algo novo. Prepare-se para surpresas. As respostas virão, mas você precisa estar pronta para enfrentá-las.

Sabrina ouviu cada palavra atentamente. Seu coração ainda estava agitado, mas as cartas mostravam que ela teria mais revelações pela frente. Ela sentia uma mistura de medo e curiosidade, mas também uma sensação de que, talvez, a verdade fosse libertadora.

Camila: O que as cartas dizem é para você seguir sua vida, Sabrina. As surpresas vão vir, e o que está por vir será maior do que você imagina. Só não se prenda no que não pode mais ser.

Sabrina assentiu lentamente, mais calma do que antes. O tarô, que sempre teve um significado tão profundo para sua família, parecia ter ajudado a dar um pouco de clareza à sua mente tumultuada. Ela ainda tinha muito a processar, mas agora sabia que precisava seguir em frente, por mais difícil que fosse.

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