Assim que o abraço terminou, Ana e Marcos trocaram sorrisos cúmplices e se retiraram do quarto, deixando Sabrina sozinha com sua empolgação renovada. Assim que a porta se fechou, ela pegou o celular e procurou o contato de Camila, seu coração batendo mais rápido com a ansiedade de ouvi-la depois de tanto tempo.
A ligação mal chamou duas vezes antes de ser atendida.
Camila: Olha só quem resolveu lembrar que eu existo!
Sabrina riu, sentindo um calor familiar no peito.
Sabrina: Exagerada! Eu soube agora há pouco que você vem, é claro que eu tinha que te ligar!
Camila: E por que ninguém me avisou antes? Eu podia ter começado a me preparar emocionalmente pra te aturar.
Sabrina: Engraçadinha. Vai ser você quem vai me aturar!
Camila gargalhou do outro lado da linha, e Sabrina se jogou na cama, sentindo pela primeira vez em semanas uma leveza na alma.
Sabrina: Estou tão animada, Cami!
Camila: Eu também! Vai ser incrível. Me conta as fofocas, o que anda acontecendo por aí?
Sabrina hesitou por um segundo, mordendo o lábio.
Sabrina: Hmm… muitas coisas. Mas algumas eu prefiro contar pessoalmente.
Camila percebeu o tom na voz dela e não insistiu.
Camila: Tá bom, tá bom. Mas se prepara, porque eu quero detalhes!
Sabrina riu e, enquanto conversavam sobre coisas aleatórias, ela começou a arrumar sua mala. Separou algumas roupas confortáveis, produtos de higiene, sapatos e até alguns acessórios. Tudo ao som da voz animada de Camila do outro lado da linha.
O tempo passou voando, e quando Sabrina percebeu, já estava tarde. Um cansaço gostoso tomou conta do seu corpo.
Sabrina: Cami, eu preciso dormir. Vamos acordar cedo pra viajar amanhã.
Camila: Beleza, beleza. Boa noite, Sabrininha.
Sabrina: Boa noite, mala sem alça.
As duas riram antes de desligar, e então Sabrina colocou o celular no carregador, ajeitou-se na cama e, pela primeira vez em muito tempo, sentiu-se em paz.
O sono veio rápido, e ela se entregou a ele sem resistência. Amanhã seria um novo começo.
O sol começava a despontar no horizonte, iluminando suavemente o quarto de Sabrina. O som do celular vibrando na mesa de cabeceira a fez abrir os olhos. Ainda com o corpo pesado pelo sono, ela pegou o aparelho e viu a mensagem de Camila: *"Se cuida, hein! Nos vemos em breve."* Um sorriso surgiu em seu rosto de forma automática. Aquela mensagem simples, vinda de sua prima, trouxe um calor ao seu peito. Era bom saber que em breve ela estaria ao lado de Camila, alguém em quem sempre confiou. Sua presença era como um abrigo seguro em tempos turbulentos. Mas, ao mesmo tempo, esse sorriso logo se desfez, como uma nuvem apagando a luz do sol.
Hugo, seus pensamentos voltaram a ele. O que acontecera com ele? Desde que aquela despedida na sala dele, no último dia de aula, ele desaparecera da sua vida. As mensagens, as ligações, todas sem resposta. O vazio deixado por ele era desconcertante. Sabrina olhou para a tela do celular, sentindo a angústia apertar seu peito. Não sabia mais o que pensar, mas, no fundo, ela acreditava que Hugo tinha motivos para desaparecer. Talvez estivesse tentando protegê-la, talvez tivesse sido influenciado por Martha, mas tudo aquilo ainda era uma incógnita.
Decidiu tentar não pensar demais nisso e focar no que estava ao seu alcance. Era um novo dia e ela tinha que seguir em frente. Ela se levantou da cama, o frio do chão despertando seus sentidos. Foi até o banheiro, ligou o chuveiro e se deixou envolver pelo calor da água. Por alguns minutos, a sensação da água quente caindo sobre sua pele pareceu trazer um alívio, como se temporariamente as dúvidas e os medos ficassem para trás. Ao sair do banho, vestiu uma roupa confortável: jeans e uma camiseta simples. Ela não queria se preocupar com mais nada no momento, queria apenas sair da rotina e se distrair um pouco.
Pegou sua mala, que já estava parcialmente arrumada, e desceu as escadas. Marcos e Ana estavam na sala, prontos para a viagem. Seu pai, sempre calmo e sereno, sorria de leve. Sua mãe estava terminando de preparar uma xícara de café, o cheiro espalhando-se pela casa. Sabrina observou-os por um instante, sentindo uma mistura de carinho e distância. Ela sabia que seus pais estavam ali por ela, mas, em algum lugar dentro de si, sentia que sua mente estava longe, onde as questões que mais a afetavam ainda precisavam ser resolvidas.
Em poucos minutos, estavam todos no carro, prontos para seguir viagem. A estrada à frente se estendia tranquila e silenciosa. Sabrina tentou se distrair, olhando pela janela. A paisagem começava a mudar à medida que avançavam, mas seus pensamentos continuavam a ir e vir, sempre retornando a Hugo. Ela pensava em como as coisas haviam mudado entre eles, como ele simplesmente havia sumido de sua vida. O que estaria acontecendo? Por que ele não havia lhe dado nenhuma explicação?
O carro seguiu e, sem querer, Sabrina olhou pela janela e viu a casa de Hugo. Seus olhos se fixaram nela, instintivamente. As cortinas estavam fechadas, como haviam estado nos últimos dias, e não havia nenhum carro estacionado na frente. Ela sentiu um aperto no peito e um frio na barriga. Algo nela dizia que algo estava errado, mas ao mesmo tempo, ela não sabia o que fazer com aquele sentimento. Era difícil ignorar o vazio que Hugo deixara em sua vida.
Aquela sensação foi como uma lâmina fria, atravessando suas certezas. A casa de Hugo parecia ali, imóvel, mas ela sentia que algo a prendia naquele lugar, mesmo que ele estivesse ausente. Sabrina forçou a vista a se afastar da casa, focando novamente na estrada. Porém, o vazio que sentia parecia se expandir, ocupando cada pensamento que surgia em sua mente. Não conseguia mais afastar a sensação de desconforto, mas sabia que precisava seguir em frente, pelo menos por enquanto. Ela olhou para o lado, vendo seus pais ainda em silêncio, alheios ao turbilhão interno que Sabrina tentava controlar.
Ela não queria que ninguém soubesse o quanto aquilo a afetava. Apenas deixou-se perder na estrada, como se pudesse se perder também nas paisagens que passavam rápidas pela janela. Mas dentro dela, algo ainda se mantinha, como um peso, uma inquietação. E, no fundo, ela sabia que nada disso iria desaparecer enquanto não tivesse uma resposta, enquanto não encontrasse as respostas que buscava.
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Atualizado até capítulo 45
Comments
Jessica Batista Neri DA Silva
mais por favor
2025-03-06
1
Dulce Gama
parabéns AUTORA sua história está maravilhosa não li o livro 1 mas tô entendendo ❤️❤️❤️❤️❤️🎁🎁🎁🎁🎁🌹🌹🌹🌹🌹👍👍👍👍👍
2025-03-05
1