Cap. 12

Enquanto seguia ao lado de Lucca, Giuliana não conseguia evitar que seu olhar escapasse na direção de Alessandro.

Mas dessa vez, ele não estava mais sozinho. Uma mulher exuberante havia se aproximado dele, seus longos cabelos loiros, caíam em ondas perfeitas sobre os ombros, e o vestido justo abraçava suas curvas de forma provocante. Ela sorria, tocando o braço de Alessandro de maneira íntima, como se já se conhecessem há tempos.

O estômago de Giuliana se revirou diante daquela cena. Um sensação ruim a pegou de surpresa, queimando sob sua pele de forma incômoda. Ela tentou desviar o olhar, tentou se convencer de que não tinha o direito de sentir nada em relação a Alessandro, ele não era dela, nunca havia prometido nada além de ajuda,  mas a imagem daquela mulher tão perto dele parecia uma provocação direta. Sua mente se encheu de dúvidas cruéis, e Giuliana começou a se questionar se toque dele, aquele que a fez estremecer minutos atrás, era o mesmo que ele oferecia àquela mulher, e se seus  olhos intensos, que pareciam enxergar sua alma, brilhavam para ela do mesmo jeito.

_ Está prestando atenção, Giuliana?  A voz de Lucca a arrancou de seus devaneios.

_Sim, claro. Respondeu automaticamente, sem sequer saber do que ele falava.

Lucca a encarou mais do que o necessário, seus olhos a avaliaram com desconfiança, mas ele não insistiu. Atento, o olhar dele se voltou para onde Alessandro estava e, por um breve momento, pareceu entender o que havia capturado a atenção de Giuliana. Seu rosto se fechou, e ele a puxou com mais força, quase machucando.

_ Venha comigo. Ordenou entre dentes, arrastando-a para longe de Alessandro.

Enquanto era levada, Giuliana arriscou um último olhar para Alessandro, e a mulher ainda estava lá, falando animadamente, rindo enquanto tentava manter o contato físico, os dedos roçando o braço dele com insistência.

Como se sentisse o peso do olhar de Giuliana, Alessandro a seguiu com olhar e por um instante, seus olhares se cruzaram. Ele deu um passo sutil para trás, quebrando o toque da mulher com um movimento quase impaciente, dispensando-a com um aceno curto de cabeça. Ela ficou visivelmente frustrada, os lábios se franzindo em desaprovação, mas Alessandro não pareceu se importar e se afastou

Ao ver Matteo, Alessandro atravessou o salão até alcançar o seu braço direito, que estava próximo à entrada, observando a movimentação ao redor. Matteo imediatamente endireitou a postura ao ver o chefe se aproximando, o rosto assumindo uma expressão séria.

_Mattei, preciso que você descubra todas informações sobre a família de Giuliana, a noiva do Lucca. Ordenou Alessandro em voz baixa, mas firme. _Tudo o que puder encontrar sobre eles, preciso saber quem eles são, como vivem, ligações com o Lucca...

Matteo prontamente pegou o celular para anotar os detalhes do pedido de Alessandro.

_ Certo, o pai pelo que sei é um banqueiro, e os irmãos dela, são dois fanfarrões. Eles estão sempre se metendo em problemas. Ouvi dizer que o mais velho, Marco, tem uma dívida com uns caras perigosos no porto, e o outro, Paolo, não fica atrás. Ele gosta de se exibir em cassinos clandestinos e acaba arrumando confusão com quem não deveria.   Comentou Matteo, relembrando alguns rumores que já havia escutado. _Mas vou aprofundar as informações e passar tudo para você o mais rápido possível.

_Faça isso.  Alessandro finalizou, seus olhos ainda fixos em Giuliana.

Ele sabia que para ajudar Giuliana precisaria entender melhor o ambiente ao seu redor. Conhecer os inimigos e as fraquezas. Se os irmãos dela fossem um problema, talvez também pudessem ser uma solução. Sua mente já trabalhava em possibilidades e estratégias, cada peça do quebra-cabeça começando a se encaixar.

Enquanto isso, Giuliana seguia ao lado de Lucca, com o coração apertado e a mente perdida em uma tempestade de emoções. Se perguntava se corresse ate Alessandro naquele momento ele a ajudaria como disse, mas não teve forca para sair das garras de Lucca.

Mesmo distante, Alessandro podia ver a tensão em seus ombros, a forma como ela mantinha a cabeça erguida apesar do esforço que isso parecia custar. Ele sentiu um aperto no peito, algo que o fazia cerrar os punhos nos bolsos. Precisava ajudá-la, mas para isso, precisava entender o tabuleiro em que ela estava presa.

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