Cap. 10

_O que você está fazendo?! Sussurrou Giuliana, tentando se afastar, mas a pressão da mão dele, quente e firme, em seu braço a manteve ali enviando uma onda de calor inesperada por sua pele. Ela lutou para manter a voz firme, mas havia um tremor que traía o que ela sentia.

Para Alessandro, o simples ato de encará-la já era suficiente para fazer seu coração acelerar. Havia algo nela, na forma como seus olhos brilhavam diante dele, que o puxava como um ímã. Ele tentou se convencer de que era apenas gratidão por ela ter salvado sua vida, mas a verdade era mais profunda, mais perigosa.

_ Como você pode estar aqui hoje depois da conversa que escutei... Respondeu Alessandro, e seus lábios se curvaram num leve sorriso, quase imperceptível, mas o suficiente para fazer o coração dela disparar ainda mais. Ele estava feliz por vê-la.

O coração de Giuliana martelava dentro do peito, cada batida ecoando em seus ouvidos. Estar tão perto dele a deixava desorientada, e a proximidade fazia sua respiração acelerar de um jeito que ela tentava, em vão, ignorar. O cheiro dele, invadiu seus sentidos, envolvendo-a como uma carícia invisível como ela nunca havia sentido antes.

_Me solte, por favor… Pediu, tentando soar firme, mas Alessandro se aproximou mais, deixando os seus olhos percorrendo cada detalhe do rosto dela com uma intensidade que a fez sentir-se exposta, como se ele pudesse enxergar além das muralhas que ela havia construído.

_ Sei que você não quer estar aqui, o que aconteceu?  Perguntou ele, com a voz mais suave, quase íntima. Seus dedos afrouxaram o aperto em seu braço, mas não a soltaram completamente, deslizando sutilmente pela pele de Giuliana num toque que acidental, mas que deixou um rastro de fogo.

Ela abriu a boca para responder, mas nada saiu. Giuliana se perguntou como Alessandro podia ver tão claramente o que ninguém mais via nela. Seus olhos encontraram os dele, e por um instante, o mundo ao redor desapareceu. O perfume dele, o calor de seu corpo tão perto do dela, a forma como ele a encarava, a deixou em êxtase.

_ Me solte… Pediu, mas dessa vez as palavras soaram frágeis, quase uma súplica.

Seus olhos brilharam com uma mistura de raiva e desespero ao lembrar da mãe, da pressão que a sufocava para estar ali.

 _Você não entende... Eu não tenho escolha.

Giuliana prendeu a respiração, sentindo a intensidade do momento.

No salão, as vozes dos convidados ecoavam como um lembrete cruel de onde ela deveria estar.

Giuliana tentava se agarrar à lógica, mas a proximidade de Alessandro fazia seu coração bater descompassado, uma mistura perigosa: medo e um sentimento novo,  que ela não sabia o que era. Alessandro inclinou-se ainda mais, o espaço entre eles diminuindo até que Giuliana pudesse sentir o calor de sua respiração contra a pele, e ele aroma gostoso que vinha dela.

_Lucca vai perceber que você  está tentando escapar. Alessandro comentou, analisando a.rwacao dela.

_Mas é isso que estou tentando fazer! Mas não sei como. Alessandro viu o leve tremor em seus lábios e sentiu um impulso quase irresistível de tocá-los, de descobrir se eram tão macios quanto pareciam. Ele se conteve, mas o brilho de admiração em seus olhos era impossível de esconder.

 Ele sabia que estava se aproximando demais, mas não conseguia parar. A presença dela o atraía como uma força que ele não podia combater.

Giuliana desviou o olhar, mordendo o lábio inferior nervosa tentando contar a emoção que fazia seu queixo tremer. O movimento chamou a atenção dele, e os olhos de Alessandro desceram por um instante até sua boca, antes de voltarem a encontrar os olhos dela.

_Por que está fazendo isso? Perguntou Giuliana com a voz quase falhando. _Você é primo de Lucca. Deveria estar do lado dele, não tentando... me ajudar como parece que está fazendo. E isso me deixa confusa.

Alessandro a soltou devagar, cruzando os braços, os músculos dos antebraços ficando tensos sob o tecido da camisa e Giuliana percebeu, sentindo o rosto esquentar, descobrindo que estava prestando atenção demais nele.

_ Responda!

Alessandro parecia ponderar suas palavras, o rosto sério, mas havia um brilho nos olhos que a desarmava.

_O fato do Lucca ser meu primo não me torna cego para o que ele é. E, além disso, você salvou minha vida naquele dia.

_ É eu salvei, mas agora já sei porque estava ferido…  é um mafioso… um Vitale, deve ter muitos inimigos.

Ele deu um passo à frente, diminuindo a distância entre eles..

_Tenho, não vou negar. E naquela noite, se você não tivesse aparecido... Eu não estaria aqui... E Giuliana, eu não quero nada de você, se é o que está pensando. Nada além de te dar uma chance de ser livre, retribuir um favor.

A sinceridade na voz dele a tocou de uma forma que ela não esperava. Pela primeira vez em meses, alguém olhava para ela sem esperar algo em troca.

_Eu não sei se posso confiar em você… o Lucca... ele é poderoso, logo ele vai ser o novo chefe da mafia…  Alessandro a encarou tentando entender de onde ela tirou aquela informação, sendo que era ele que seria o sucessor de Don Francesco.

_ Eu entendo porque penaa assim.  Não estou pedindo sua confiança agora. Apenas... Deixe-me provar que estou do seu lado… E não acredite em tudo que escuta sobre o Lucca.

Giuliana respirou fundo, seu peito subindo e descendo rapidamente enquanto o medo se misturava à esperança. Era arriscado e perigoso se envolver com Alessandro. Mas algo dentro dela,  talvez o mesmo instinto que a fez ajudá-lo naquela noite,  dizia que ele era diferente, que ele poderia ser a sua melhor chance de escapar.

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