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Capítulo 3 - O Destino Impiedoso

O salão da mansão Ashford, outrora repleto de brilho e elegância, agora parecia sufocado pelo peso do desespero. As tapeçarias ricas não conseguiam esconder o cheiro da ruína, e o silêncio dentro da casa era ensurdecedor.

Lilith Ashford estava sentada em uma poltrona de veludo desbotado, os dedos crispados no tecido do vestido simples que usava. Ela ouvira os cochichos dos criados, as conversas abafadas de seu pai com os advogados, e agora, a confirmação pairava sobre ela como uma sentença: os Ashford estavam falidos.

Ela olhou para seu pai, Henry Ashford, que andava de um lado para o outro com um olhar derrotado. Nunca o vira assim, tão envelhecido, tão vulnerável. A falência de seu banco não era apenas um golpe financeiro—era uma desonra que manchava toda a família. E para um homem orgulhoso como Henry, perder sua posição na sociedade era quase tão doloroso quanto perder a própria vida.

Mas o pior ainda estava por vir.

— Lilith — a voz dele soou firme, mas carregada de tensão. — Precisamos conversar.

Ela ergueu os olhos prateados, os mesmos que escondia do mundo com lentes castanhas. O coração acelerou em seu peito, um pressentimento sombrio se espalhando por sua pele.

— Sim, papai?

Ele parou diante dela, o rosto marcado pela preocupação.

— Você sabe que sua irmã… Evangeline… fugiu.

Lilith apertou os lábios. Como poderia não saber? Desde o amanhecer, os criados murmuravam sobre o desaparecimento da filha mais velha, a bela Evangeline, a joia da família. O choque de sua fuga, somado à tragédia de sua morte inesperada em um acidente de carruagem, pairava sobre a casa como um espectro.

— Sei — respondeu em um fio de voz.

Henry suspirou e pegou uma carta sobre a mesa, entregando-a a ela.

— Esta é a proposta do Visconde Devereux. Ele estava prestes a firmar um noivado com Eleanor Huntington, mas, ao saber de nossa situação, ofereceu um acordo. Ele concordou em casar com uma de minhas filhas para estabilizar nossa posição.

Lilith sentiu o estômago se revirar.

— Ele… queria Evangeline.

— Sim — Henry confirmou, desviando o olhar.

Ela apertou a carta entre os dedos, seu corpo inteiro tomado pelo frio do choque. Então Raphael Devereux não queria uma esposa, ele queria sua irmã.

E agora teria que se contentar com ela.

— Mas… e se ele não me aceitar? — perguntou, quase esperando que seu pai reconsiderasse.

Ele olhou para ela com um cansaço profundo.

— Ele já aceitou.

Lilith sentiu o chão desaparecer sob seus pés.

— O quê? Mas ele nem sequer me viu!

— Ele não se importa. Raphael Devereux não busca amor, apenas conveniência. Ele quer uma esposa, e nós precisamos dessa aliança.

Lilith sentiu uma risada amarga subir por sua garganta. É claro que um homem como ele não se importaria com quem estava se casando, desde que fosse útil para seus propósitos. O Visconde Arrogante não via mulheres como pessoas, apenas como peças em seu tabuleiro de poder.

Mas então, uma verdade cruel se instalou em sua mente: ela não tinha escolha.

Se recusasse, sua família mergulharia na miséria. Seu pai, que dedicara a vida inteira a construir um império financeiro, perderia tudo. Os criados, que dependiam deles, seriam despedidos.

Ela inspirou fundo, fechando os olhos por um instante.

Então, quando os abriu novamente, havia uma determinação fria ali.

Se Raphael Devereux queria uma esposa, ele teria uma. Mas não Evangeline.

Ele teria Lilith.

E ela não seria tão fácil de dobrar.

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