Capítulo 2 - O Visconde Arrogante
O nome Raphael Devereux era sinônimo de poder e mistério. Aos trinta anos, o visconde já havia conquistado respeito e temor na alta sociedade. Sua riqueza vinha de gerações de nobres comerciantes e banqueiros, mas não era apenas o dinheiro que o tornava temido—era sua frieza implacável, sua maneira de olhar para os outros como se fossem meros peões em seu jogo de xadrez.
Alto, de ombros largos e postura sempre impecável, Raphael era um homem de presença avassaladora. Seus olhos cinzentos, cortantes como navalhas, pareciam enxergar além das máscaras sociais. Não havia espaço para ilusões ou sentimentalismos em sua vida. Para ele, os casamentos eram meras transações financeiras e alianças políticas, não um assunto do coração.
E era por isso que seu noivado com Lady Eleanor Huntington, uma jovem aristocrata de linhagem impecável, era considerado um acerto perfeito. Eleanor era bela, refinada e, mais importante, trazia consigo uma fortuna considerável. Embora o visconde não sentisse amor por ela, tampouco se preocupava com isso. Ela servia ao propósito de fortalecer sua posição social, e isso era o suficiente.
Naquela tarde, Raphael estava em sua propriedade rural, um vasto domínio cercado por colinas verdejantes e estábulos luxuosos. Ele montava seu cavalo negro, relâmpago, galopando pelos campos enquanto o vento chicoteava seus cabelos escuros. O exercício ajudava a clarear sua mente e a se livrar do incômodo que sentia sempre que se encontrava com Eleanor.
A verdade era que, apesar de sua beleza, Eleanor era… entediante. Seu riso sempre calculado, suas palavras cuidadosamente escolhidas para não contrariá-lo, tudo nela era ensaiado demais. Onde estava a paixão? O fogo? A coragem? Raphael não se importava com amor, mas desejava pelo menos uma esposa que desafiasse sua mente, que tivesse uma centelha de vida própria.
Enquanto cavalgava, um de seus criados se aproximou apressado.
— Milorde, uma carta urgente chegou de Londres. É do seu advogado.
Raphael pegou o envelope e rasgou o lacre com um único movimento de suas mãos hábeis. Seus olhos percorreram as palavras rapidamente, e seu semblante se endureceu. O Banco Ashford está falindo.
Ele conhecia bem o nome Ashford. O banqueiro Henry Ashford era um homem respeitável, mas sua família não possuía títulos. Tinha apenas duas filhas, e a mais velha, Evangeline Ashford, era considerada uma das mulheres mais desejadas da temporada.
Raphael franziu o cenho. O que essa falência significava para ele? Nada. Mas então, ao virar a página, seus olhos se estreitaram.
"Lord Ashford busca um casamento para salvar a família. Ele fará qualquer acordo necessário para evitar a ruína completa."
O visconde riu baixo. Então o honrado Henry Ashford estava desesperado a ponto de vender uma de suas filhas para evitar o desastre?
Patético.
Mas então algo chamou sua atenção. Um adendo no rodapé da carta, escrito pelo advogado:
"Evangeline Ashford fugiu. Um casamento com a filha mais nova é a única alternativa."
Raphael bufou, dobrando o papel entre os dedos.
Ele conhecia vagamente a filha mais nova dos Ashford. Lilith. Nunca a vira de perto, mas os rumores não eram favoráveis. Ela não comparecia a bailes, raramente era vista em público, e sempre se dizia que possuía uma aparência… peculiar. Alguns sussurravam que era feia. Outros, que era estranha.
Seja como fosse, ele não tinha interesse em uma esposa que fosse um fardo social. Mas um pensamento lhe ocorreu.
Se os Ashford estavam dispostos a tudo para salvar sua fortuna, então ele poderia moldar esse casamento às suas próprias condições. Talvez, em vez de Eleanor, sua esposa devesse ser outra.
Com um sorriso calculista nos lábios, Raphael voltou a galopar, enquanto em sua mente, um novo jogo começava a ser traçado.
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