O avião aterrissou em solo brasileiro sob um céu dourado de fim de tarde. Quando os pneus tocaram a pista, Natália sentiu algo em seu peito que há muito não experimentava: liberdade. Ao seu lado, Olivia sorriu, percebendo o olhar distante da amiga pela janelinha.
— Bem-vinda de volta à sua origem — sussurrou.
Natália fechou os olhos e inspirou fundo. O cheiro de terra quente e o burburinho do aeroporto já diziam tudo: o recomeço estava começando.
Elas foram recebidas por Júlia, prima de Natália, que abriu os braços assim que as viu.
— Finalmente! A mulher sumida resolveu aparecer!
— Não me julga, Ju — respondeu Natália, com um abraço apertado. — Tô aqui pra me reencontrar.
— Então veio pro lugar certo. Vamos colocar essa mulher no mapa outra vez — brincou Júlia, piscando para Olivia.
Foram direto para o apartamento moderno de Júlia no centro de Florianópolis, com vista para o mar. O lugar era leve, arejado e cheio de personalidade — bem diferente da casa fria e silenciosa nos EUA. Ali, Natália já sentia que poderia ser quem quisesse.
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Do luto à luz
Nos dias seguintes, Olivia e Júlia se uniram com uma missão clara: reconstruir Natália por dentro e por fora. Começaram com o visual. A primeira parada foi o salão de beleza.
— Hora de enterrar o coque frouxo da depressão — disse Olivia, enquanto Natália se sentava na cadeira.
O cabeleireiro, um artista chamado Rafa, olhou para os cabelos longos e escuros de Natália com admiração.
— Menina, esse cabelo tem história. Vamos ressuscitar a diva aqui?
Duas horas depois, Natália se via no espelho com ondas soltas, brilho intenso e uma franja leve que realçava seus olhos cor de mel. O toque final foi uma maquiagem suave, que valorizava sua pele parda e os lábios naturalmente rosados.
Ela piscou para o espelho. Pela primeira vez, viu ali uma mulher inteira. E bonita. Muito bonita.
— Eu sou essa?
— Sempre foi. A diferença é que agora você tá vendo — disse Olivia, emocionada.
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Roupas, atitude e liberdade
O trio seguiu para um shopping da cidade. Entre risos, sacolas e provadores, Natália provou vestidos que antes teria considerado “ousados demais”, calças que marcavam o quadril, blusas decotadas, saltos vertiginosos. Aos poucos, a mulher que se escondia sob moletom e medo ia dando lugar a uma versão deslumbrante.
Na noite de sábado, Júlia sugeriu uma ida à balada mais badalada da cidade. Natália hesitou.
— Gente... faz anos que não vou a um lugar desses.
— E é por isso mesmo que a gente vai. Hoje, você não é esposa, não é sombra. Você é você, e só isso — disse Olivia, segurando suas mãos.
Vestida com um vestido vinho justo, maquiagem impecável e cabelos soltos, Natália entrou na casa noturna como se o mundo estivesse prestes a conhecê-la — e estava.
Cada passo que dava, olhares se viravam. Ela se sentia poderosa. Pela primeira vez, não por Felipe, não para provar nada a ninguém — mas por si mesma.
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Enquanto isso, nos EUA…
Felipe passava o dedo pelos contatos do celular, olhando para as últimas mensagens de Natália. Desde que ela dissera que viajaria para “respirar”, ele sentia um buraco que não sabia nomear. Tentou ignorar nos primeiros dias. Tentou preencher com trabalho, com outras mulheres, com o ego inflado. Mas nada funcionava.
Naquela noite, ele abriu o Instagram de Olivia. Vídeos dos stories começaram a carregar: música alta, sorrisos, drinks e, de repente… ela.
Natália. Dançando. Rindo. Girando no vestido vinho enquanto todos a observavam.
Seu coração parou.
Era como olhar para uma mulher que nunca tinha conhecido. Tão linda, tão viva, tão… fora do alcance dele.
Um homem aparece no vídeo e puxa Natália pela mão. Ela ri. Aquele sorriso que antes era só dele.
Felipe jogou o celular no sofá e passou as mãos no cabelo. Uma onda de arrependimento o atingiu como um soco no estômago. Aquela mulher que ele ignorava, humilhava e tratava como posse... agora era desejada pelo mundo.
E ele? Ele só podia assistir.
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De volta ao Brasil…
Natália se afastou do rapaz com educação, agradecendo o convite para dançar. Olivia a encontrou minutos depois no bar, com os olhos brilhando.
— E aí, como está se sentindo?
— Incrível. Como se tivesse saído de uma prisão.
— Você saiu. E nunca mais volta.
Natália olhou ao redor. Pela primeira vez, não se sentia culpada por ser desejada. Nem por brilhar.
Ela ergueu o copo e brindou com Olivia.
— A mim. E à mulher que eu quase perdi — disse.
E no fundo, soube: aquela noite era o marco. Não havia mais volta. A metamorfose estava completa. E agora, a borboleta voava livre.
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Atualizado até capítulo 50
Comments
Ilma Matias da Cruz
etaaaa uhuuuuuu 👏🏿
2025-06-10
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