Capítulo 20

Aurora…

Hoje de manhã tomei café sozinha, Enzo deve estar de ressaca, depois da noitada de ontem.

Lutei para não me preocupar, mas Néia disse para eu levar um remédio para ele tomar. Em seguida, recebi a ligação de Cecília para almoçarmos com eles hoje e confesso que fiquei muito animada.

Montei uma bandeja com café, bolo, suco natural, salada de frutas, o remédio e fui até o quarto dele.

Bati algumas vezes e nada dele responder, então entrei e ainda estava dormindo.

Abri as cortinas e, ao olhar para a cama, fiquei em choque…

É uma verdadeira visão cativante, seu corpo escultural parece esculpido com precisão, como se cada detalhe tivesse sido cuidadosamente moldado. A luz que entra pela janela ilumina suas formas bem definidas, criando sombras que acentuam ainda mais sua musculatura impressionante.

Os músculos de seus braços são robustos e tonificados, com veias discretas que revelam a força e a vitalidade que ele possui. Quando ele respira profundamente, o peito se eleva, revelando um peitoral amplo e definido, que se destaca sob a pele suave. Cada movimento é uma dança sutil de músculos em ação, refletindo um equilíbrio perfeito entre força e suavidade.

A linha de seu abdômen é admirável, um conjunto de gomos bem definidos que parecem ter sido esculpidos por um artista talentoso. Os músculos abdominais se destacam com clareza, mostrando o resultado de dedicação e esforço na academia. A cintura é estreita, conferindo uma silhueta harmoniosa que atrai o olhar de maneira irresistível.

Esse homem dormindo é uma verdadeira obra-prima da natureza, cada detalhe do seu corpo escultural fala de dedicação e beleza, criando uma imagem que é, ao mesmo tempo, poderosa e delicada. É impossível não se perder na contemplação desse monumento.

Engulo em seco e mordo o meu lábio inferior involuntariamente, pela primeira vez na vida meu corpo todo queimou de maneira estranha.

Voltei à realidade, ao ver as marcas roxas em seu pescoço. 

… Sou uma idiota mesmo!…

— Apaga essa luz! — diz ele, ainda de olhos fechados, cobrindo o rosto com um travesseiro. 

— Desculpe, entrar no seu quarto…

Ao ouvir a minha voz, pareceu se assustar, tirou o travesseiro do rosto e levantou a cabeça.

— O que faz no meu quarto? — pergunta grosseiramente.

— Trouxe seu café da manhã e remédio para a ressaca! — digo, colocando a bandeja no criado mudo. — Só entrei aqui, porque sua mãe quer que almocemos em sua casa hoje!

— Droga! 

Ele se levanta, coloco a bandeja em seu colo, em seguida, pego a jarra e despejo água no copo e entrego para ele.

Enzo pareceu se espantar com a minha atitude, enquanto a tensão entre nós era estranhamente forte. Estar tão perto me arrepiou dos pés à cabeça, nossa pele tão próxima uma da outra parecia sentir o calor que emanava um do outro. Não sou boba, percebo que ele sentiu o mesmo e engoliu em seco.

— Com licença!

Saio apressadamente daquele quarto e solto todo o ar que prendia meus pulmões. 

Vou até o quarto, tomo um banho de água fria para voltar à realidade e me arrumo para esse almoço.

Opto por um vestido elegante rosa bebê com decote redondo, sem mangas e costas vazadas acima do joelho, uma sandália rasteirinha e deixo o meu cabelo solto.

Ao chegar na sala, Enzo está sentado no sofá usando uma roupa casual e o seu cheiro amadeirado paira por todo o cômodo. Ele me olha de cima a baixo, parecia fazer um raio-x de tanto que olhava.

— Vamos! — digo apertando a bolsa de mão, nervosa com a sua presença. 

Ele apenas assentiu com a cabeça, pegou a carteira e as chaves e saímos do apartamento. Fomos até o estacionamento em silêncio, apenas ouvia as batidas do meu coração.

Chegamos à mansão e assim que estacionou, os dois saíram rapidamente do carro, eu soltei o ar que nem sabia que segurava. Já ele, não sei… acho que a minha presença o incomoda.

Fomos muito bem recebidos e conheci alguns de seus irmãos e seus respectivos parceiros: Noah, Maya, Lucca e Luna e os sobrinhos de Enzo, os quais são um mais lindo que o outro. Em questão de beleza, essa família com certeza ganha o Oscar.

Todos me trataram muito bem e me senti em casa… estranho isso!

A mesa está repleta de pratos deliciosos. 

Enzo e Cecília sentam-se na ponta principal da mesa e seus olhos brilham vendo todos reunidos. Os filhos estão distribuídos ao redor da mesa, cada um trazendo sua própria energia para a celebração. 

Alguns dos netos correm ao redor da mesa, rindo e brincando entre si. Eles são provavelmente a alegria pulsante do almoço, com suas risadas infantis ecoando pelo espaço. Alguns deles auxiliam na preparação da sobremesa, enquanto outros se empoleiram nas cadeiras para ouvir as histórias contadas pelos avós. Os irmãos compartilham piadas entre si e planejam para atividades futuras. A atmosfera é leve e cheia de amor, como se o tempo tivesse parado para permitir que todos desfrutem desse momento especial juntos. Enzo se mostra um homem diferente diante de sua família.

Enquanto o almoço prossegue, os olhares se cruzam e sorrisos são trocados entre todos. E me sinto parte dessa família calorosa desde o primeiro instante, envolvida em conversas animadas e compartilhando risadas. Joice ficou o tempo todo grudada em mim, notei seu olhar triste, mas ela tentava disfarçar.

À medida que as horas passam, a refeição se transforma em um banquete de histórias e memórias compartilhadas. O amor familiar está presente em cada detalhe: desde os gestos carinhosos até as risadas espontâneas. É um momento mágico, momento que nunca havia vivido antes.

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