Capítulo 12

Aurora…

Esses dias foram horríveis, uma luta travada em casa com minha madrasta e Fabiana, que tiraram para tirar a minha paz de vez. Trabalhei dobrado e ouvi várias palavras que me machucaram muito.

Hoje finalmente será o casamento, essa noite eu mal consegui pregar os olhos e só sabia pensar em tudo o que vem acontecendo em minha vida, e o medo de ser ainda mais maltratada me perturba muito.

Acordei com meu pai em meu quarto, trouxe um lindo vestido para usar hoje.

O dia passou que nem vi e, quando finalmente chegou a hora dessa história se desenrolar, tomei um banho, fiz um penteado e coloquei o vestido.

É um vestido de noiva curto e elegante com uma saia rodada e um corpete rendado. O corpete é feito de renda branca fina e apresenta um decote redondo. A saia é feita de cetim branco macio e possui um ajuste elegante e fluido. O vestido é apertado na cintura, mas é confortável e elegante. 

Fiquei um longo tempo me olhando no espelho, pensando em como sonhei um dia em me casar, mas não nessas circunstâncias. 

Ouço batidas na porta e era Joice.

A garota me olha admirada…

— Está linda, cunhada! Só falta a maquiagem…

— Eu não tenho maquiagem!

— Você não gosta?

— Acho bonito, mas nunca me deixaram usar e não tinha dinheiro para comprar!

— Aurora…

— Não pergunta nada, Joice! Só me ajuda a terminar de me arrumar!

— Está bem! Tenho maquiagem na minha bolsa de mão! Venha! — diz, segurando a minha mão e me senta numa cadeira.

Ela faz a maquiagem, dando dicas e diz que vai me dar um estojo de presente.

— Está pronta!

Ao olhar no espelho, fico paralisada. Não imaginei que pudesse ficar tão linda.

Prosseguimos para a sala, estava muito nervosa e Joice segurava a minha mão tentando me acalmar.

O meu coração dispara enquanto avanço, cada passo ecoa em minha mente como um tambor. A ideia de um casamento formal, um casamento por contrato sem amor, me deixava inquieta, mas, ao mesmo tempo, curiosa sobre o homem que está prestes a se tornar meu marido.

Ao chegar na escada, Joice aperta a minha mão e posso sentir que está tremendo, seu olhar está fixo na sala.

Meu olhar vai em direção à onde ela está olhando e lá vejo Enzo.

O rapaz, de olhos azuis penetrantes e cabelos bem cuidados, está parado à minha espera. Sua expressão séria no rosto logo se transforma em surpresa e admiração.

O impacto do nosso primeiro olhar é quase elétrico, um sentimento avassalador toma conta de mim.

O tempo pareceu desacelerar, enquanto trocamos olhares intensos. Sinto as minhas pernas tremerem levemente, como se houvesse uma força invisível puxando-me para ele. A boca seca e a sensação de suor frio em minha pele revelam a intensidade da emoção que invade o meu coração… uma mistura de nervosismo e algo mais profundo que não consigo identificar.

Nos aproximamos em frente à pequena mesa com o juiz e o advogado. Hora ou outra, nos olhávamos.

Os pais de Enzo estão presentes, testemunhando essa união que, embora arranjada, carrega um peso emocional que vai além do contrato.

O juiz começa a cerimônia com palavras simples e sinceras sobre o compromisso e a união. Ele fala sobre amor e parceria e tento entender o que tudo isso significa.

Quando chega o momento da troca de votos, ficamos um de frente para o outro e respiro fundo, tentando controlar a emoção estranha que me invade. Ele me olha com intensidade, parecia analisar cada detalhe, estava nervosa e mordia o meu lábio inferior.

Enquanto diz suas promessas de cuidar, respeitar, pega a minha mão para colocar a aliança e algo estranho acontece.

Quando nossas mãos se tocam, uma corrente elétrica percorre meu corpo. É como se todo o ambiente ao redor desaparecesse e fôssemos os únicos presentes naquele momento.

Uma onda de calor sobe por minha espinha, fazendo com que meu coração acelere ainda mais. Era como se aquele toque tivesse despertado algo profundo dentro de mim, uma sensação de conexão inexplicável. Acredito que ele também tenha sentido, pois não conseguia desviar o olhar dos meus, enquanto o toque parecia acender uma faísca entre nós.

A tensão no ar é palpável, ambos percebemos que aquele simples contato foi mais significativo do que qualquer palavra poderia expressar. Foi um momento em que todas as incertezas e dúvidas sobre o futuro pareciam dissipar-se por um breve instante.

Rapidamente nos afastamos e prosseguiram com a cerimônia. Trocamos as alianças, em seguida, assinamos o contrato e finalmente toda aquela farsa acabou.

Todos vieram nos cumprimentar e não demos uma só palavra. O jantar aconteceu e, hora ou outra, nos olhávamos.

Em determinado momento, o vi conversando com Fabiana e isso me incomodou.

… Idiota! Ele é Enzo Jr. Connor, o homem mais mulherengo do país!…

Saio para o lado de fora da casa, indo até o jardim.

Admiro o lindo céu estrelado e peço a Deus que me ajude nessa nova etapa da minha vida.

— Aurora! — chama uma voz conhecida de homem.

Ao olhar para trás, se trata de Flávio.

— O que faz aqui? — pergunta assustada, olhando para todos os lados, com medo de que alguém nos veja.

— Preciso falar com você…

Dou um passo para trás.

— Não temos nada para falar!

Quando tento me afastar, ele segura meu pulso.

— Sei que errei, me deixei levar pelo desejo, mas eu nunca amei a sua irmã, Aurora! — diz, emoldurando meu rosto com as mãos e me olha fixamente. 

Não dou tempo dele dizer nada e imediatamente empurro suas mãos e me afasto.

— Eu não sou idiota, Flávio! Fez a sua escolha e jamais voltaria com você, após ter me traído!

Volto para dentro em passos largos e rápidos, meu olhar encontra o de Enzo e vejo algo estranho, parecia raiva… não sei.

Afasto tais pensamentos e me junto a Cecília e Joice.

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