Enzo Jr.
Acordei com o sol entrando pelas cortinas, estava deitado e a ressaca pulsava em minha cabeça como um tambor implacável.
O cheiro de álcool ainda pairava no ar, misturado com o perfume de Suzana, a mulher com quem passei a noite ontem.
Espreguicei tentando afastar os vestígios da noite anterior, mas a realidade logo me atinge, preciso ir atrás de emprego e devo estar preparado para as várias entrevistas de emprego.
Com um esforço considerável, levantei da cama e fui até o banheiro. O meu reflexo no espelho revelava um rosto cansado, olheiras profundas e um semblante que carrega os sinais de uma vida com noites agitadas.
Fiz a minha higiene pessoal, tomei um banho rápido, tentando me revitalizar e esconder as marcas da noite anterior.
— É apenas uma entrevista! — murmuro para mim mesmo, tentando convencer-me de que tenho chances.
Se minha família pensa que irei me casar, estão muito enganados. Vou provar que sou muito capaz e tenho certeza de que logo vão se arrepender e poderei voltar a ocupar o meu cargo na empresa.
Visto um terno bem cortado, sem nenhum amassado, pois a aparência é fundamental para deixar uma boa impressão.
Desço até a sala de estar, cumprimento meus pais e Joice e tomo um café da manhã rápido.
Não conversamos, quero deixar claro que estou magoado com o que estão fazendo comigo.
Ao sair de casa, sinto uma ansiedade crescer no estômago, algo que jamais havia sentido antes. O caminho até a primeira entrevista é percorrido em silêncio, apenas com o som do motor cortante do meu carro possante.
Tentei me concentrar nas perguntas que posso enfrentar e nos pontos positivos que gostaria de destacar sobre a minha carreira, sei exatamente o que será perguntado, afinal, trabalho com isso.
Chegando ao local da primeira entrevista, sou recebido por uma recepcionista simpática e retribuo o seu sorriso, com um de canto sedutor.
Ao entrar na sala de entrevistas, sou saudado por um painel de entrevistadores que trocaram olhares significativos entre si. A conversa começa e tento projetar confiança, mas logo percebo que os olhares deles não são apenas profissionais, há uma crítica implícita em suas expressões.
— Você tem uma carreira impressionante! — começa um dos entrevistadores. — No entanto, temos algumas preocupações sobre sua reputação!
As palavras pesam como chumbo e sinto o meu coração afundar. Tento argumentar sobre as minhas habilidades e experiências anteriores, mas as respostas são evasivas e frias. A sensação de estar sendo julgado por minha vida pessoal torna tudo ainda mais difícil.
Após essa entrevista frustrante, passei por mais algumas durante o dia, cada uma delas trazendo à tona as mesmas preocupações: a minha fama de mulherengo e irresponsável sempre parece eclipsar as minhas conquistas profissionais. Em cada sala de entrevistas, as mesmas perguntas surgem: “Como você pode garantir que seu comportamento não afetará nossa equipe?” ou “Estamos preocupados com sua dedicação ao trabalho.”
A cada negativa recebida, seja por meio de olhares desaprovadores ou palavras diretas, confesso que a minha confiança diminui um pouco.
Nunca pensei passar por algo assim e, quando me dou conta, estou rodando pelas ruas depois das entrevistas, sentindo-me cada vez mais como um estranho entre os outros profissionais que parecem ter encontrado seu lugar no mundo corporativo.
Finalmente, exausto e derrotado, entro em um café e me sento numa das mesas.
Com a cabeça baixa, as mãos envolvidas em torno de uma xícara de café quente, reflito sobre a minha vida e no que farei. As mulheres e as festas podem ter trazido prazer momentâneo, mas agora parecem ser correntes que me prendem a uma imagem negativa.
… Talvez eu tenha ido longe demais! … Pensei enquanto observava as pessoas passarem apressadas ao meu redor.
Meu celular tocou, era um número desconhecido, mas ao atender, uma ponta de esperança surgiu, ao constar ser Suzana. No entanto, as minhas esperanças foram embora, quando a mesma disse o mesmo que todos os outros entrevistadores.
— Mas talvez possamos fazer algo diferente, que vai te ajudar!
— O que seria? — indago, com uma das sobrancelhas arqueada.
— Você sabe que sempre gostei de você, mesmo que tenha me trocado por conta… você sabe! A questão é que podemos continuar de onde paramos e assim tenho certeza de que meu pai te daria uma oportunidade e juntos podemos mudar essa fama…
Pensei por alguns segundos, mas não cheguei a nenhuma conclusão de que isso seria uma loucura.
— E então, o que me diz? — insiste na pergunta.
— Suzana, agradeço muito, mas preciso pensar!
— Pensei que depois da nossa noite…
— Não te fiz nenhuma promessa, Suzana, e não sei se quero um caminho assim, para resolver os meus problemas!
— Pense bem!
Me despeço, encerro a chamada e sigo para casa com um semblante derrotado.
Ao entrar, encontro com minha mãe.
— E então, filho? Alguma novidade?
— Nenhum! Todos bateram as portas na minha cara, devido à minha fama! — digo, jogando o meu corpo no sofá.
— Isso que dá ficar aprontando! — debocha Joice, entrando na sala.
— Cala a boca, sua engraçadinha!
Olho para a minha mãe e imploro para que ela interceda por mim, diante do meu pai.
— Desculpe, filho, mas já estamos conversados e, diante dos últimos acontecimentos, você precisa amadurecer! Sei que o que aconteceu te machucou, mas…
— Não quero falar sobre esse assunto, mãe!
— Acho melhor aceitar a proposta do nosso pai caladinho!
— Eu não vou me casar!
— Filho, nós queremos o seu bem, nada menos que isso! Só terá que ficar casado por um ano, nada mais que isso!
— Acho que ele está com medinho de se apaixonar!
— Ah, por favor… — reviro os olhos.
— Então, por que é tão difícil aceitar?
— Porque estão querendo tirar a minha liberdade! Querem que eu faça algo contra a minha vontade?
Nunca me senti tão acuado na vida.
Meu celular tocou e me surpreendi ao ver que se tratava do meu melhor amigo, Liam.
— Fala, cara! — atendo.
— Acabei de chegar na cidade, que tal um drink mais tarde?
— Que notícia maravilhosa! Claro que sim, te encontro no bar de sempre mais tarde?
— Sim!
Nos despedimos e encerro a chamada. Tenho certeza de que meu amigo poderá me ajudar, nossas conversas sempre me ajudam a clarear a cabeça.
— Vai sair de novo, Enzo? — pergunta mamãe, com um semblante em repreensão.
— Liam acabou de chegar no país, meu amigo voltou e me convidou para sair!
— Liam? Ele… ele voltou? — pergunta Joice com um sorriso tímido nos lábios.
— Sim! Só não sei se é definitivo!
Deixei um beijo na testa de cada uma delas e fui para o meu quarto.
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Atualizado até capítulo 122
Comments
Emely
Aiiiiii que dó... só que não!!! Está colhendo o que plantou
2025-02-23
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Elis Alves
O nível de falta de amor próprio da Suzana e menos que zero, tá oferecendo comprar o cara com um emprego pra poder namorar ele que decididamente não a quis no passado e nem agora, te valoriza, emocionada
2025-04-10
0
Vilma Alice
É Enzo.Você terá que amadurecer querendo ou não. É só aceitar a sua futura esposa e agir como um homem responsável e tudo se acertará.
2025-04-14
0